Roupas, lingeries e até fronhas para chamar a sorte em 2022

Na manhã desta sexta-feira (31), o movimento ainda era tímido no comércio de rua de Londrina, mas os últimos dias tiveram um bom fluxo de clientes, especialmente nas lojas de confecções. “A maior procura é por vestidos e as cores branca e amarela são as mais vendidas neste ano. A gente até tentou fazer a vitrine nesse perfil”, disse a subgerente da loja Mega Jeans, Amanda Macedo, indicando que a maioria dos desejos para 2022 serão de paz e prosperidade financeira.

| Foto: Simoni Saris

“Muita gente ainda está vindo trocar os presentes de Natal e, na troca, leva uma peça de roupa já na cor que vai usar no Ano Novo. A gente está com um movimento bom. Ontem (quinta-feira) à tarde, depois da chuva, o fluxo de clientes na loja foi maior do que a gente esperava. As lingeries têm bastante procura também, as peças brancas e vermelhas são as mais vendidas”, contou Macedo.

A aposentada Lídia Aparecida Petinati circulava pelas lojas do centro da cidade para dar conta dos últimos preparativos para a virada do ano e entre os itens da lista de compras, estavam fronhas novas para os travesseiros. “Lá em casa a gente até usa uma lingerie nova e uma roupa colorida, mas o que não deixa de fazer é trocar as fronhas na noite de 31 para o dia 1º. Neste ano, quero fronhas amarelas”, comentou. “É uma tradição que foi criada pela minha mãe e minhas tias que eu levei adiante e minhas filhas também adotaram.”

SUPERSTIÇÃO NA MESA

Na celebração da passagem de ano, a escolha dos itens da ceia leva em conta não só o sabor, mas o significado que cada alimento carrega. Muitas famílias acreditam que o que é servido na noite de Ano Novo pode servir como ajuda extra para garantir o sucesso do novo ciclo que se inicia. Na hora de ir às compras, cada um carrega na sacola sua superstição e a esperança de que o novo ano seja melhor do que o anterior.

| Foto: Simoni Saris

As lojas do Mercado Shangri-La, um dos mais tradicionais centros de compra de Londrina, abriram as portas nesta sexta-feira já com bastante movimento. Na casa de carnes Irmãos Furuta foram assadas duas toneladas de carnes para o Natal e, para o Ano Novo, serão mais 1,5 mil quilos. As aves, muito requisitadas nas celebrações do nascimento de Jesus Cristo, agora são deixadas de lado e no lugar entra o porco. Como o animal “fuça para a frente”, acredita-se que o consumo da carne suína traz a energia da abundância, ao contrário das aves, que ciscam para trás. “As aves dominam no Natal, mas no Réveillon é o porco. As pessoas têm essa superstição”, comentou o proprietário, Eduardo Kiyoshi Furuta, que comemora os bons resultados nas vendas, em volume semelhante ao ano passado.

Na Mercearia Shiroma, pêssegos e ameixas estão entre as frutas mais procuradas para complementar a ceia, mas ninguém deixa de levar uvas e romãs. Duas frutas obrigatórias para quem é adepto das simpatias de Ano Novo. Guardar as sementes na carteira, dizem, é garantia de dinheiro o ano todo. A proprietária da mercearia, Sandra de Souza Shiroma, chama a romã de “caixinha da fortuna” porque embora pequena guarda em seu interior uma infinidade de sementes. Vem daí a associação da fruta com a fartura e prosperidade.

Neste ano, problemas climáticos prejudicaram a produção de romãs, o que reduziu a oferta do produto e elevou o preço. A romã nacional é vendida a R$ 40 o quilo e a importada, R$ 40 a unidade. Mesmo assim, no meio da manhã desta sexta-feira, o estoque da fruta na mercearia já estava acabando. “Até as 15 horas não vai ter mais. O pessoal procura bastante”, disse Shiroma.

Na casa da advogada Márcia Regina Gonçalves Bianchi as uvas não podem faltar na noite do dia 31. Comer sete uvas e guardar as sementes na carteira pelos próximos 12 meses é uma tradição levada adiante por toda a família. Para se certificar de que não vai faltar uva para ninguém, ela levou para casa cinco quilos da fruta. “Além de ser uma delícia, traz muita sorte. É símbolo de prosperidade, que é o que todo mundo quer, em todos os sentidos.”

“Acho que toda família guarda suas superstições. Na minha, não é diferente. Comer lentilhas, uvas, romãs, pular sete ondas se estiver na praia, para começar 2022 com o pé direito. Mas neste ano, mais do que pedir, na minha casa nós vamos agradecer. Foi um ano difícil, desafiador, de muitas perdas. Se chegamos até aqui com saúde, temos que celebrar”, disse a aposentada Alice Yoshida.

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