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Fábio Luporini - Multi Chef 5m de leitura

Quentão com vinho ou cachaça?

É personagem importante nas mesas das festas juninas que se espalham pelo Brasil nessa época do ano

ATUALIZAÇÃO
16 de junho de 2022

Fábio Luporini MultiChef
AUTOR

Não me ofereça quentão! Educadamente, vou recusar. Os mais próximos sabem que não tomo vinho doce, ainda mais quente. Então, não tem jeito. Do ponto de vista da cultura e da tradição, o quentão não pode faltar, obviamente. É personagem importante nas mesas das festas juninas que se espalham pelo Brasil nessa época do ano. Mas, originalmente, ao que me parece, o quentão não era preparado com vinho, mas, com cachaça! Por que, então, nosso costume por aqui é toma-lo com vinho?

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Uns dizem que o quentão surgiu quando, no interior de Minas Gerais e de São Paulo, resolveram acrescentar algumas especiarias à cachaça, para aquecer o corpo no inverno das festividades juninas. Outros contam que o quentão surgiu com o ciclo da cana-de-açúcar no Brasil, desde que os portugueses colonizaram o Brasil, séculos atrás. Não há consenso sobre esses fatos. E o fato é que, hoje, a bebida tipicamente brasileira é fundamental para dar sabor aos festejos que homenageiam os santos católicos Antônio, Pedro e João.

Entre as especiarias adicionadas ao quentão, então gengibre, pimenta, canela, cravo-da-índia. Também já vi colocarem rodelas de limão ou de laranja, cítricos que podem acentuar o sabor da bebida. Aqui na região de Londrina, é imprescindível que se faça o quentão com o vinho Guaravera. Dos mais tradicionais, o garrafão de 5 litros é famoso entre a população e um dos mais vendidos e procurados nas prateleiras dos supermercados. Os ingredientes se completam com açúcar e água. E a mistura está pronta.

Mas, por que o vinho? Essa cultura é uma herança do Sul do Brasil. A imigração italiana no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná trouxe, consigo, o hábito de se tomar vinho. Muito vinho! Tanto que os gaúchos têm tradição, inclusive, na produção da bebida. E, assim, não haveria outra maneira de se fazer o quentão senão com o vinho produzido no Sul, que faz parte da cultura gastronômica italiana e está na mesa todos os dias.

Mas, perceba que o quentão é uma iguaria miscigenada, como tudo o que se tem no Brasil, inclusive a origem do chamado povo brasileiro. A cachaça é brasileira. O vinho, italiano. As especiarias, asiáticas. E a mistura está feita, tornando o quentão uma bebida democrática e acessível a todos. Agora, sabendo que a matéria-prima do quentão é a cachaça, talvez eu comece a pensar na possibilidade de degusta-lo. Ainda mais se for uma cachaça de boa qualidade, de alta procedência, vinda de Minas Gerais ou das destilarias daqui da região Norte do Paraná. Que tal experimentarmos também?

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina 

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