Quando a gente escolhe um vinho na gôndola do supermercado ou numa compra on-line, muitas vezes, não tem ideia da história que há por trás daquela garrafa, daquele rótulo. Quase que impossível é visitar cada uma das vinícolas que produzem os vinhos que a gente degusta. Um pouco mais acessível, embora ainda muito restrito, é poder aprender quando convidado a degustações específicas. E foi esse aprendizado surpreendente que tive ao ouvir o didático José Ferrazzo, embaixador do Grupo Bacalhôa, uma marca portuguesa de vinhos. A degustação dos rótulos foi a convite da Rede Angeloni.

Os amantes do vinho sabem que os rótulos escondem muitas narrativas e uma infinidade de experiências, algumas das quais só se vive na prática. Eu, por exemplo, como celebrante de casamentos, inclusive tendo celebrado internacionalmente, já me vi em algumas das quintas portuguesas onde são produzidos os vinhos Bacalhôa. Afinal, são 40 propriedades em sete regiões vitivinícolas, entre elas Vinho Verde, Douro, Dão, Bairrada, Beiras, Alentejo e Península de Setúbal, compreendendo de norte a sul do país. No total, 1,2 mil hectares de vinhas, que guardam 40 tipos diferentes de castas e pelo menos 15 mil barricas de carvalho.

É muita uva plantada e muito vinho sendo produzido! Do início, em 1922, a Bacalhôa Vinhos de Portugal SA, a vinícola familiar adquiriu outras grandes vinícolas, como a Aliança Vinhos de Portugal SA (fundada em 1927) e a Quinta do Carmo (fundada no final do século XIX). É aí que a gente se surpreende, porque percebi que, dos rótulos degustados, eu já conhecia a maioria, sem saber de tantas histórias. Entre eles, pela ordem, degustamos: Aliança Bairrada Reserva, Aliança Dão, Quinta da Terrugem, Quinta dos Quatro Ventos, Quinta da Bacalhôa e o Moscatel de Setúbal.

Imagem ilustrativa da imagem Uma viagem por Portugal pelos vinhos Bacalhôa
| Foto: Divulgação

Aliás, destaque para Jean Stelmach, sommelier da Rede Angeloni, além de Jefferson Freitas, consultor da adega da rede em Londrina, que ajudaram Ferrazzo na degustação. Tanto o Aliança Bairrada Reserva quanto o Aliança Dão eu já conhecia, mas, parece que, na degustação, eles ganham uma conotação diferente. Pode parecer coisa da minha cabeça, mas, de uns dez anos para cá, esses vinhos deram uma boa melhorada. Infelizmente, recebemos a notícia de que o Aliança Dão será descontinuado. Então, já garanti alguns rótulos para poder ir me despedindo dessa linha. Ambas, muito agradáveis ao paladar, embora seja possível sentir o terroir português, ideais para o dia a dia: para harmonizar com umas castanhas, um queijo brie, para tomar aquela tacinha relaxante no fim de um dia cansativo.

A partir do Quinta da Terrugem, o paladar começa a sentir uma complexidade maior, com notas mais maduras apesar de taninos equilibrados. Até porque as uvas utilizadas para a produção passam a ser indicadas no rótulo. O engraçado é que, à medida que o vinho português fica mais elaborado, ao mesmo tempo ele se apresente com mais frescor e equilíbrio. O Quinta dos Quatro Ventos é assim. Ideal para carnes grelhadas e assados, mas, extremamente leve, embora robusto. E o que dizer sobre o Quinta da Bacalhôa? Esse rótulo é especial, harmonizando muito bem com carnes vermelhas. Complexo, mas, equilibrado. Dica: deixe uma horinha descansando no decanter e ele ficará ainda mais sensacional.

Para finalizar, um Moscatel de Setúbal, licoroso e digestivo, mas, ideal para acompanhar o docinho no final do jantar. Inclusive, um chocolate preto, meio amargo. Ao degustar os vinhos da Bacalhôa, a gente faz uma verdadeira viagem por Portugal. Se tivessem servido uma tacinha a mais, era capaz que eu tivesse comprado as passagens na hora!