EDITORIAS 
A minha nova moda é ficar velho
por fora só porém por dentro não
ainda bate o velho coração
pondo ovos no ninho do Coelho
*
Criançamente a esperar o Natal
continuo falando com cachorros
até viro menino quando choro
e as lágrimas são doces afinal
*
Coleciono lembranças tardezinha
folhas rolando por um chão antigo
o sorriso bom do primeiro amigo
e o nome daquela namoradinha
*
Volto a ser moço quando acredito
novamente na velha democracia
remoço confiando em novos dias
ainda e sempre um guri de espírito
*
Ninguém é mais moleque do que quem
sabendo bem que menos tempo tem
quanto mais tempo já gastou porém
põe-se a perder tempo como ninguém
*
Tendo mais ontens do que amanhãs
velhice também tem suas vantagens
mesmo com miopia mais visão
e menos atenção para bobagens
*
Mas ser velho não é nenhum barato
é só e simplesmente mais humano
e se esticando em aula de pilates
lembro meu infantil urso de pano
*
Só velho pode olhar para crianças
como quem não se engana e nem espera
revendo a vida como brincadeira
onde dançam tragédia e esperança
*
Roqueiros, sabe-se, não envelhecem
apenas viram uns meninos velhos
e apesar do protesto dos joelhos
se toca rock eis que os pés se mexem
*
O meu futuro em nada me incomoda
quero é futuro melhor para os netos
e como todas as modas decerto
é passageira minha nova moda...
