Desejei aqui que cresça a ponte entre Londrina e Londres, e fico feliz com a notícia de novos convênios entre universidade londrina e universidade londrinense. Agora dou pitaco para uma atitude digna das quatro estrelas de Londrina: não só preservar a Chaminé da Olaria Mortaria mas também botar pra trabalhar essa pioneira.

A farmácia que vai se instalar ali pode transformar em prêmio a polêmica da demolição, adotando a chaminé já no nome Farmácia São João da Olaria, assim já mostrando que não só respeita como valoriza e incorpora nossa História.

Adotando essa alta relíquia, estará também se destacando entre tantas farmácias na cidade, e levantando acima de qualquer outra o bom nome da própria rede de farmácias (não exatamente colocando letreiro ou luminoso lá no alto, né).

Além disso, a farmácia poderá batizar especialmente serviços usuais: Entregas Olaria, Olaria On-line etc, ou seja, vestir a camisa e a essência de servir da velha Chaminé.

Se ela esteve para ser demolida, o projeto arquitetônico da nova farmácia decerto foi solicitado já contando com isso. Agora, porém, no rescaldo da polêmica, pode-se ver que a grande novidade ali não será mais uma farmácia, mas uma velha chaminé a acender tanta paixão. Que outro estabelecimento em Londrina pode contar com tal distinção? No próprio terreno, um símbolo da nossa terra! Feito com barro da nossa terra! Reta e alta e firme como a esperança de nossos pioneiros quando vieram pra cá! Gente vinda da Europa, da África e da Ásia pra se encontrar numa clareira e começar uma civilização, é desse tempo essa senhora!

Também, como projetos não são feitos de ferro, a arquitetura da nova farmácia poderá receber uma inclusão histórica e cultural, um acesso digno e bonito à Chaminé.

E ela não merece uma placa bonita? Que pode ser em argila como foram feitos seus tijolos: “Chaminé da Olaria Mortaria. Aqui foram feitos os primeiros tijolos de Londrina.”

Um recanto histórico ao pé da chaminé, será sonhar demais? Então continuemos sonhando: esse recanto poderá se somar a uma Trilha Pé-Vermelho pelo Centro Histórico de Londrina, propiciando turismo pedestre. Passando pelo Bosque e sua última peroba, a Praça da Bandeira e suas árvores históricas, o Altar da Pátria à espera de transformação, a Biblioteca Central onde foi a quadra de tênis dos ingleses, a Avenida Paraná que foi Trilha dos Palhano, o Colégio Mãe de Deus que começou na cidade ainda de madeira, os museus na rodoviária e na ferroviária velhas, a modernidade do Edifício Júlio Fuganti, a história vai-volta do Mercúrio da ACIL, o ressurgido Cine Ouro Verde, o painel histórico da ex-Casa da Criança, o Cadeião que virou Sesc, o Edifício América do Sul que foi símbolo da cafeicultura, o Palacete Garcia Cid a simbolizar a ousadia pé-vermelha, e assim por diante, com guias treinados pela rede hoteleira.

A Chaminé pode continuar sendo a velha chaminé, como símbolo histórico, ou pode simbolizar também transformação, que é o que buscaram nossos pioneiros e foi sempre constante na História de Londrina. Assim a velha chaminé pode voltar a trabalhar por Londrina.