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Opinião 5m de leitura

ESPAÇO ABERTO - Iapar, um divisor na história do agro

ATUALIZAÇÃO
12 de julho de 2022

Oswaldo Petrin
AUTOR

O Iapar colocou a agropecuária paranaense na vanguarda do desenvolvimento, fato reiteradamente reconhecido pela comunidade científica,  instituições congêneres e produtores.

O editorial da FOLHA, ´´50 anos do Iapar´´(29/6/2022) expressa bem o papel do Instituto ao dar suporte tecnológico à produção de proteínas vegetal e animal.  A própria FOLHA marcou sua participação nessas conquistas em dois momentos históricos: primeiro, ao abraçar, como bandeira, a criação do órgão - um sonho das lideranças locais - e, ao longo dos anos, fazendo parte de um sistema de difusão da tecnologia por ele gerada e recomendada aos produtores através da extensão rural.

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Um Iapar ousado, dotado de equipamentos modernos, com corpo técnico especializado e funcionários qualificados, se propôs a desempenhar papel diferenciado e o fez, dando respostas imediatas a problemas e demandas pontuais da produção. E, simultaneamente, executou projetos que dariam resultados a médio e longo prazos, como requer toda pesquisa fundamentada na investigação de bases científicas e tecnológicas.

As técnicas geradas e recomendadas pelo Iapar nesses 50 anos, ainda hoje performam questões ambientais, aumento de produtividade, qualidade dos alimentos e ganhos econômicos para o produtor e para o Estado. O Iapar colocou a agropecuária paranaense na vanguarda do desenvolvimento, fato reiteradamente reconhecido pela comunidade científica de instituições congêneres e pelos produtores usuários desses conhecimentos.

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A preocupação em preservar recursos naturais, permeou projetos e deu respostas muitas vezes em tempo recorde. Precursor do sistema de plantio direto (PD), atuou inicialmente em bacias hidrográficas em todas as regiões. Dentro do mesmo conceito visando formular sistemas sustentáveis optou por variedades de plantas que fossem resistentes à doenças, quando a tecnologia convencional, no mundo inteiro, priorizava os testes de eficácia de produtos químicos.

Ao invés disso, o Iapar investiu no melhoramento genético criando variedades resistentes à doenças, tolerantes à seca e mais produtivas. Fato notório foram as novas variedades de feijão, resistentes à antracnose e altamente produtivas.  Para conceber plantas que reunissem, ao mesmo tempo, atributos de resistência e tolerância à estiagem; que fossem produtivas e seus grãos de boa qualidade, equipes multidisciplinares da engenharia participavam dos mesmos projetos.  

A consolidação da soja, que substituiu o café nos anos 1970, precisava de um parceiro no inverno. Nessa missão, o Iapar não se limitou a adaptar variedades de trigo que foi estudar no México. Simultaneamente, criou cultivares genuinamente paranaenses. 

Com esse mesmo propósito, e a partir de um minucioso diagnóstico de demanda, o Iapar criou 250 cultivares de outros grãos, incluindo espécies forrageiras. Criou modelo para a uma nova cafeicultura, seletiva, com plantas de porte baixo, altamente produtivas, e um novo conceito: plantio adensado.

Foram anos férteis na geração de resultados e repasse para adoção a campo. Ao mesmo tempo que definia sistema de alimentação e manejo de gado, ousou criar uma raça paranaense, o gado Purunã, familiar às condições regionais. O Iapar definiu sistemas de alimentação e manejo para uma suinocultura mais rentável, através de sua Fazenda Experimental de Pato Branco. 

Um oportuno e providencial sistema de recuperação de solos do arenito na região Noroeste, pela Estação Experimental de Paranavaí; o manejo de búfalos nas Estacões Experimentais de Joaquim Távora e Morretes, ao mesmo tempo em que cuidou da reinserção do gado Caracu como opção para pequenos e médios criadores.

Foi marcante a atuação do Iapar no Noroeste do Paraná com projetos de recuperação do solo em áreas degradas. No mesmo Noroeste o Iapar deu suporte técnico ao surgimento da citricultura comercial. Projetos prosperaram na iniciativa privada com implantação de indústria de processamento de matéria-prima da região, a partir de variedades de laranjas criadas pelo Iapar.

Para implantar a citricultura no Paraná, o governo do Estado rompeu um acordo com o Ministério da Agricultura e Governo do Estado de São Paulo, acordo esse que proibia o cultivo de frutas cítricas no Paraná, sob a alegação de conter a doença Xanthomonas citri (vulgarmente conhecida como cancro cítrico). O argumento do Paraná para romper o tratado foi convincente: houvera criado as suas próprias variedades resistentes à doença bacteriana.

Por tudo isso, a economia agropecuária paranaense teve no Iapar um grande divisor que se resume no `antes´ e no `depois´ da sua implantação e geração de inovações, muitas delas em tempo recorde.    

Oswaldo Petrin, jornalista. 

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