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AGRONEGÓCIO RESPONSÁVEL 5m de leitura

Oliveiras no Brasil, uma opção interessante

Cultivada há mais de 6.000 anos no mundo, ela somente chegou ao Brasil no final dos anos 40

ATUALIZAÇÃO
13 de março de 2022

Amélio Dall’Agnol
AUTOR

O clima ameno, mas sem geada, é o mais indicado para o cultivo da oliveira, que, ademais, prefere terrenos levemente inclinados, não muito férteis, bem drenados e bastante ensolarados, razão pela qual seu cultivo se concentra no extremo sul do País (Campanha e Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul - RS) e na Serra da Mantiqueira. As oliveiras começam a produzir aos 4 anos e alcançam produção plena a partir dos 8 anos

Cultivada há mais de 6.000 anos no mundo, ela somente chegou ao Brasil no final dos anos 40, pois no período colonial, a Coroa Portuguesa inibia sua produção no País, para evitar a concorrência com o produto de Portugal. Os primeiros olivais comerciais surgiram no Brasil no final da década de 1960, cresceram rapidamente e hoje são cultivados aproximadamente 7.000 hectares. Ainda muito pouco, em contraste com os 10 milhões de hectares cultivados, mundo afora.

O cultivo de oliveiras nunca foi uma atividade agrícola importante no Brasil, que se acostumou a associar o azeite como produto de países Mediterrâneos; Espanha, Itália e Grécia, principalmente.

Tradicionalmente, o Brasil importou quase 100% do azeite que consome, figurando como o 2º maior importador global do produto. Mas isto está acabando, pois, o Brasil descobriu que tem potencial para produzir seu próprio azeite, graças aos pioneiros da atividade, que precisaram enfrentar o desconhecido até entender as exigências da cultura em solo e clima, estimulando outros produtores a ingressarem na atividade.

Por enquanto, a produção brasileira é pequena e se concentra na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul (RS), onde foram produzidas 90% das azeitonas brasileiras na safra 2020/21, com produção aproximada de 900 toneladas de azeitonas, resultando em cerca de 90.000 litros de azeite extravirgem. Cada planta de oliveira produz, em média, entre 15 a 50 kg de frutos, sendo que cada litro de azeite demanda entre 5 e 6 kg de azeitonas. A colheita, no Brasil, acontece nos meses de março e abril.

Além do RS, a Serra da Mantiqueira também é protagonista no cultivo de oliveiras, com destaque para o Estado de Minas Gerais, que concentra 60% dos olivais da região, em sua maioria localizados em pequenas propriedades de topografia acidentada, onde a mecanização é difícil e ainda é pequena.

No RS, com a expansão do cultivo de oliveiras surgiu o olivoturismo, uma alternativa de diversificação de renda para os agricultores da região olivícula e uma oportunidade de lazer para o público urbano que desfruta do prazer de conhecer a magia das oliveiras, árvores capazes de sobreviver produzindo, por milhares de anos. Em Portugal, há registro de planta com mais de 2.800 anos. Dado o interesse do público, o governo do RS instituiu, em 2019, a Rota das Oliveiras, visando incentivar o turismo rural associado à olivicultura, em mais de 25 municípios gaúchos localizados na metade sul do estado. Mais de 40 marcas de azeite já são comercializadas por produtores gaúchos e muitos locais estão abertos à visitação no RS.

Se o Brasil tem capacidade para produzir o azeite que consome, porque importá-lo?

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

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