Em diferentes continentes, eles contam como a doença está afetando a rotina de milhões de pessoas e o pânico para estocar alimentos e artigos de higiene, como papel higiênico e álcool em gel. Reportagem Lais Taine, Micaela Orikasa, Vitor Ogawa e Vitor Struck.

BÉLGICA

“O Conselho Nacional de Segurança da Bélgica adotou medidas drásticas no dia 12. Até a data, eram 399 casos confirmados e 3 mortes em uma população de 11 milhões. Foi declarado estado de emergência no país e a previsão é que a Bélgica enfrente o pico do vírus daqui 4 a 6 semanas. Todos os eventos públicos foram cancelados; bares, cafés e boates estarão fechados pelo menos até 3 de abril. As escolas também fecharão as portas a partir de segunda-feira (16). No comércio, apenas os supermercados e farmácias funcionarão nos finais de semana. No hospital universitário onde trabalho, tem um quarto reservado para uma mãe com corona fique isolada, sem nem visitar o bebê. A mensagem é evitar misturar as gerações, por exemplo, não deixar as crianças com os avós (vulneráveis)."

Clara Akemi Kussano (enfermeira)

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| Foto: Arquivo Pessoal

ITÁLIA

“A recomendação é para manter um metro de distância das pessoas no supermercado. Tem gente do lado de fora controlando para que não entrem muitas pessoas ao mesmo tempo, mas de certa forma já incorporamos essas práticas. Não houve pressão inflacionária até porque o governo baixou decreto proibindo abuso. O governo cancelou aposentadorias de médicos e enfermeiros para que retornem ao trabalho e estabeleceu um protocolo caso as pessoas tenham febre e dores de cabeça. A pessoa liga para o serviço de saúde e mandam um técnico, fazem o exame e avaliam. Se for grave te levam para o hospital. Caso contrário, você é obrigado a ficar em casa. Agora, o prejuízo econômico é enorme porque essa região que eu moro, perto da Áustria e da Alemanha, vive quase que exclusivamente do turismo.”

Vinicius Bersi (jornalista)

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HONG KONG

“A cidade está voltando funcionar normalmente. Muitos ainda usam máscaras, mas isso é cultural, pois usam máscara diante de qualquer gripe. Não falta mais comida nos mercados. Mas é nítido que houve um impacto na economia porque muitos pequenos negócios fecharam. Nas três primeiras semanas de dezembro a cidade estava em pânico e deserta. Parecia o apocalipse. Começaram a estocar tudo. Faltava água, refrigerante e papel higiênico nos mercados e muitos chegaram a brigar por esses produtos. Em nenhum momento pensei em voltar ao Brasil. Não estou muito preocupado porque se olhar as estatísticas trata-se de um vírus que mata menos que a gripe. Mas vejo como um grande problema as informações desencontradas entre os países e algumas notícias divulgadas erroneamente em parte da mídia.”

Jefferson Basso (personal trainer)

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CANADÁ

“A Marja (minha esposa ) acabou de voltar do mercado e o pânico chegou aqui. Carrinhos cheios, obviamente o papel higiênico acabou, macarrão acabou e o leite está acabando. Aqui, em Quebec, noticiaram que o primeiro-ministro tomou ‘medidas draconianas’ - eventos estão limitados em 250 pessoas. A prefeita de Montreal quer medida mais drástica ainda, colocando a cidade em quarentena. Achei mais proativo atitudes como a da STM, companhia de transportes urbanos de Montreal, que fará uma operação limpeza várias vezes ao dia, por tempo indeterminado. Talvez, essa ‘neura’ de ‘você tem que ficar em casa’ não seja tão traumática no Canadá porque todos os anos alguns dias são perdidos dentro de casa por causa de tempestades de neve e doença infecciosa - normalmente gripe comum."

Julian Romero (londrinense - CEO do site Swim it Up!)

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JAPÃO

“Muitos eventos foram cancelados, como a maratona de Tóquio, que deixou de trazer 38 mil corredores. Não tenho saído muito, mas ontem peguei o metrô e estava cheio como usualmente. O movimento nas ruas e no Mitsukoshi (loja de departamentos) estava o mesmo, mas os lojistas falaram que estava mais fraco. O papel higiênico estava faltando por conta de fake news (de que o material usado para o papel higiênico seria usado para as máscaras), mas ontem achei para comprar. O arroz sumiu das prateleiras por uns dias, mas não tem como o povo estocar tanta coisa e já está voltando. Sobre as Olimpíadas, com os bilhões investidos em construção, divulgação, até os mascotes e todos os produtos de merchandising prontos para vender acho que ninguém quer cancelar"

Megumi Yamagute (londrinense, trabalha com turismo em Tóquio)

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