Estamos segregados dentro de casa. Meu marido está trabalhando com as precauções determinadas para a maioria das empresas que estão abertas.

Imagem ilustrativa da imagem ITÁLIA - "Estamos segregados dentro de casa."
| Foto: Arquivo Pessoal

A cidade na qual moro é pequena (Macerata Feltria). Somos em 2 mil habitantes, ainda não temos casos positivos confirmados na nossa cidade, só pessoas em quarentena.

A minha província é vizinha da Emília Romagna, uma das regiões mais atingidas, como a Lombardia e Vêneto. A Lombardia, onde está Milão, foi muito atingida com cidades completamente fechadas para as pessoas não saírem da área municipal. Na minha cidade não tem problema de abastecimento, talvez, falte alguma coisa por um dia, mas eles já repõem. O que está faltando um pouco são máscaras e álcool em gel. Há 15 dias, os comerciantes que tinham esses produtos começaram a vender com preços muito altos.

Aí, o governo pediu para população denunciar e eles abaixaram, mas mesmo assim quando se acha o preço não é como antes, mas muito mais alto. Em nossa região, 592 casos positivos foram registrados de Covid19 desde o início da infecção. No início, tinha uma grande disputa entre as regiões e o presidente do conselho.

Algumas regiões queriam medidas mais restritivas, o governo não. Isso durou uma semana, até que as medidas se homogeneizaram, porque o contágio aumentou. As medidas restritivas foram aumentando de acordo com a gravidade da situação. Na atual situação, tem um decreto que até o dia 25 de março só se pode sair de casa para trabalhar, fazer compras de alimentos, ir à farmácia e, em caso de emergência, é preciso sair com uma autodeclaração que depois é verificada por meio das forças de ordem. Quem faz a declaração falsa ou não a possui paga uma multa ou pode ficar três meses preso. O governo teve que estabelecer a multa e prisão porque nos primeiros dias ninguém respeitava. Agora, o slogan do governo é “Eu fico em casa”.

Com exceção da indústria, farmácia, supermercado, açougue - ou seja comércio de artigo de primeiras necessidades - e serviços sanitários, o resto está tudo fechado. Na indústria, o governo pede para os empresários estimularem as férias e o trabalho em casa. Essa medidas são para desacelerar o contágio para o sistema hospitalar não entrar em crise, já que as pessoas que devem ser internadas estão com problemas respiratórios e precisam ser entubadas. Tem uma empresa italiana que faz equipamento para a respiração mecânica que eles produzem mais ou menos 180 aparelhos por mês. Com a situação de emergência, o governo pediu para eles aumentarem a produção para mais de 500 e está mandando técnicos do exército para ajudar na produção, além de comprar no exterior.

Nesta quinta-feira, em uma entrevista, o diretor de um hospital da Lombardia falou à população que no início não queria acreditar e que continuariam a fazer as coisas de sempre. Depois, quando começaram a isolar as cidades mais atingidas, entraram em pânico e começaram a fazer reserva de alimentos e outros produtos. A situação é crítica, mas sob controle. Todos os pacientes estão sendo atendidos. Em algumas cidades grandes,os supermercados ficaram sem alguns alimentos, porém, isso se estabilizou em 2 ou 3 dias. A população está colaborando. Claro que sempre tem um espertinho. Ontem mesmo aplicaram muitas multas. A recomendação é lavar bem as mãos e com frequência, evitar de tocar nariz e boca, usar álcool em gel, manter uma distância de um metro em relação a outras pessoas. Quem está com problema de saúde e pessoas em risco devem usar máscara.”

Cristiane Szabo, araponguense graduada em Engenharia Civil pela UEL. Mora em Macerata Feltria (Itália)

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