Aqui a situação está bem ruim. A ilha é pequena e tem quase 80 casos. Acho bem difícil a gente não pegar, mas honestamente, é muito pânico.

Imagem ilustrativa da imagem BAHREIN - "Todos os eventos públicos foram cancelados"
| Foto: Arquivo Pessoal

É uma gripe forte e para nós, que não temos problemas de saúde e não somos superexpostos, não deveria ser algo letal. Meus filhos estão sem escola até o final do mês. Inicialmente, a organização da F1 tinha determinado que a prova iria acontecer apenas para os participantes e não para o público, mas a prova acabou cancelada.

Todos os eventos públicos foram cancelados. Para ter uma ideia, conhecemos pessoas que já testaram positivo. Não temos muito para onde correr. Aqui, o Ulisses (meu marido) tem a febre medida cada vez que entra no prédio da empresa. O medo é ir para o hospital.

Aqui, a dipirona é proibida, trazemos do Brasil. Estamos lidando com o problema há um pouco mais tempo e as medidas foram tomadas logo. Meus filhos não voltaram para a escola depois do spring break (férias da primavera). A volta estava programada para o dia 26 de fevereiro, mas teve de ser virtual e vai ficar assim até o dia 29 de março.

A escola se preparou muito bem, minha filha que está no 10º ano, que seria o primeiro ano do ensino médio no Brasil, tem que ficar conectada (na internet) todo o período de aula, das 8 da manhã até 15 horas e as aulas acontecem no seus períodos normalmente com os professores, só que online. O Oliver (meu filho) tem atividades diárias propostas num blog, com as professores lendo histórias e separadas por objetivo, bem interessante, e ele já entendeu a rotina. Nós temos que tirar fotos e mandar para as professoras que postam num aplicativo da escola onde podemos ver o que os outros amiguinhos estão fazendo.

O Kuwait fechou o aeroporto, o que foi uma medida bem drástica. E acho que a grande preocupação aqui agora são com os empregos. Participo de grupos no Facebook onde as pessoas estão postando que pararam de receber salário e que terão que voltar para seus países. Muita gente recebendo férias forçadas e o medo é começarem as férias não pagas. Aqui a economia já está sendo bastante afetada. Li um artigo que dizia que muita gente vai ficar sem emprego, muito mais do que as que vão morrer com o vírus.

Além da F1, todos os eventos culturais foram cancelados, imagina quanta gente que depende financeiramente desses eventos vão sofrer? Em relação ao supermercado, existe uma preocupação que as coisas vão faltar, até porque o Bahrein não produz nada e é uma ilha. Mas fui ontem e achei bem tranquilo e as prateleiras não pareciam vazias. Tem alguns produtos faltando, mas aqui sempre acontece isso, então, não sei dizer se é apenas por conta desse problema. Tem um hospital específico para atender pacientes com coronavírus. Eles prepararam o hospital antes mesmo de ter casos aqui. Os outros hospitais estão funcionando normalmente.

Aqui ainda não teve caso que se espalhou aqui, apenas de pessoas que contraíram fora do País, quando viajaram. Fizeram uma força-tarefa especial e visitaram a casa de todos aqueles que viajaram para o Irã em fevereiro e colocaram todos em quarentena em casa. Como o país é pequeno, fica mais fácil de rastrear e de multar quem não segue a quarentena. Eles também repatriaram vários cidadãos de Bahrein que estavam no Irã e metade estava contaminada com o vírus e foi levada diretamente para o hospital. Por isso, também o número de casos aumentou bastante. Também temos um número para ligar caso tenha os sintomas, mas não sei direito como funciona. Se você liga e vai para o hospital, ou o que realmente acontece. Algumas empresas aéreas estão voando com avião vazio. A aviação está sofrendo bastante, no mundo todo.”

Fernanda Langhammer, catarinense graduada em Jornalismo pela UEL, CEO da The Godet, consultoria de moda, mora em Manama (Bahrein).

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