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Folha Rural 5m de leitura

Rentável, cultura do abacaxi tem potencial de crescimento no PR

Instituto de Desenvolvimento Rural aponta que mais da metade da fruta consumida no estado vem de fora e faz workshop para falar de mercado e produção

ATUALIZAÇÃO
07 de setembro de 2020

Lucas Catanho/Especial para a FOLHA
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Cultivo do abacaxi: em uma pequena  área, o produtor pode conseguir uma boa receita, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural Paraná, que quer incentivar o plantio da fruta
 

A produção de abacaxi pode ser uma opção lucrativa para agricultores do Paraná, já que mais de 90% da fruta comercializada nas unidades do Ceasa-PR ainda é proveniente de outros Estados e mais da metade do abacaxi consumido em terras paranaenses vem de fora. 

Esse potencial de crescimento da cultura é ressaltado pelo engenheiro agrônomo do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná, Ricardo Domingues. “Em uma pequena área, o produtor pode conseguir uma boa receita.” 

Visando o amplio da área destinada ao plantio de abacaxi no estado, o IDR Paraná promoverá a partir do próximo dia 10 um workshop online gratuito para discutir o mercado e aspectos da produção do abacaxi.

Segundo levantamentos feitos pelos extensionistas do IDR Paraná, a receita média de um hectare de abacaxi é de R$ 40 mil, contra um custo de R$ 23,5 mil.  

Domingues pontua que o abacaxi é uma cultura viável, desde que o produtor siga orientações de técnicos e fique atento às pesquisas desenvolvidas para alcançar uma produção robusta e de qualidade. 

A receita média de um hectare de abacaxi é de R$ 40 mil, contra um custo de R$ 23,5 mil
 

Além da rentabilidade, o engenheiro agrônomo destaca que a cultura do abacaxi tem um caráter social, já que os processos desenvolvidos no cultivo são quase todos manuais e, por isso, demandam bastante mão de obra. “São gerados empregos quase o ano todo.” 

Entre as desvantagens, Domingues aponta que a cultura carece de mais organização por parte dos produtores e da oferta de mais insumos para o desenvolvimento das plantas. Há também as pragas, como a fusariose, doença fúngica, e a cochonilha, que ataca os pés de abacaxi. 

Os plantios no Estado vêm apresentando produtividade entre 30 e 40 toneladas por hectare. As variedades Pérola, Jupi e Smooth Cayenne são as mais plantadas. Santa Isabel do Ivaí e Santa Mônica são os municípios onde o cultivo da fruta está mais desenvolvido. 

"O abacaxi adapta-se bem a solos arenosos e argilosos, desde que não sejam compactados e tenham boa fertilidade", acrescenta Sílvio Ferrari, engenheiro agrônomo do IDR Paraná. 

Na última safra, a área destinada para o abacaxi ficou em 585 hectares no Paraná, sendo 72% dessa área concentrada na região Noroeste do Estado. 

 Serviço

Quanto ao workshop online gratuito sobre o tema. Ao todo, serão três módulos transmitidos pelo canal do IDR Paraná no Youtube nos dias 10, 17 e 24 de setembro, a partir das 9h. Para participar, é simples: basta entrar no canal do IDR-Paraná. Mais informações para cada região: emater.pr.gov.br – aba Endereços e Telefones. 

Expansão 

O produtor Alcimar de Oliveira começou a plantar abacaxi há cinco anos em Atalaia (PR). A atividade vai tão bem que, em dois anos, ele pretende quintuplicar a produção, de 100 mil para 500 mil pés.  

“É um produto que nos dá muito boa lucratividade. Para o pequeno produtor, não tem igual”, destacou. Hoje, Alcimar afirma obter 75% de lucro na comercialização da fruta. 

Para fazer a diferença no mercado, no entanto, Alcimar buscou ajuda. Há dois anos, contratou um serviço de consultoria que o auxilia a adotar as melhores práticas na lavoura. Entre os inúmeros benefícios, conseguiu eliminar a cochonilha. 

As práticas começam já no preparo da terra, com a colocação de calcário para corrigir a acidez do terreno. “Com essa correção, a adubação vai realmente para a planta”, explica. 

A adubação é feita quinzenalmente e um inseticida adequado é aplicado por três vezes até a secagem das flores. Com o plantio intercalado, Alcimar consegue colher abacaxi por nove meses do ano. E uma fruta robusta, de qualidade. “Cada fruto pesa 2 quilos, é bem grande”, conclui. 

Qualidade 

 

O agrônomo João Henrique Domingues produz abacaxi há oito anos em Santa Isabel do Ivaí (PR). Segundo ele, a lucratividade obtida com a produção é um reflexo da qualidade. “Produtor bom consegue produto bom, agrega valor e chega a bons preços”, destaca. 

Uma das práticas para manter a boa qualidade da fruta é não fazer a indução artificial quando o fruto está verde. “Caso isso seja feito, o fruto fica com aspecto de maduro, mas o gosto não fica doce”, explica. A indução é feita na fase inicial, para que saia a flor e, posteriormente, o fruto. 

Na propriedade de pouco mais de sete hectares onde faz o plantio, João tem obtido uma lucratividade de aproximadamente R$ 20 mil por hectare.  

A produção alcança diversos destinos, como redes de supermercados em diversas regiões do Paraná e fábricas de polpas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Além disso, 30% do total da produção é exportado para a Argentina. 

Para alcançar bons resultados, uma das estratégias adotadas pelo produtor é escalonar a produção para não colher tudo de uma vez só.  

Há dois anos, toda a produção é rastreada. Os abacaxis são divididos por lotes, sendo possível saber para onde foi escoada toda a produção. Com isso, é possível detectar problemas e aumentar o controle de qualidade dos frutos. 

“Hoje, além da sazonalidade, a maior dificuldade nossa é na comercialização, já que ainda temos inadimplência”, conclui. 

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