Como luzes que se apagam, como flores que vão murchando, folhas que secam e caem no outono …é assim que eles se vão. Assim como o sol que se põe e põe fim àquele dia que jamais retornará. Para a partida de alguns estamos preparados, esperando o dia triste, mas não queremos que esse dia chegue. Assim é, diz uma amiga do coração, “diminui a família da terra e aumenta a do céu”.

E os rostos queridos,carregando histórias únicas, vão embora para sempre deste mundo . Ele morreu, ela morreu. Finados,final, fim! “Verbo “finar, do latim ‘finis’ ou seja: acabar, finalizar, encerrar.”

Morreu.Acabou. Encerrou sua jornada nessa vida.

Sabemos muito bem o que é viver, mas, sabemos o que é morrer? Quem morre não volta para explicar. Então não saberemos nunca, até…morrermos.

Para o consolo de quem fica, e tem fé, melhor é dizer que foram morar com Deus, foram para a casa do Pai, retornaram à Pátria , “depois deste desterro” , os “degredados filhos de Eva “ .

Ainda bem que existe um lugar chamado céu para onde, alma estremecida e chorosa, encomendamos nossos falecidos. Isso faz bem e consola.

Depois partimos para o tempo do luto, do não ter o que fazer, da saudade, das lembranças. Desenhamos seus rostos no dia-a-dia, guardamos suas lembranças e não temos mais para quem perguntar certas coisas que somente eles sabiam responder. E acabamos ficando para sempre sem resposta.

Um a um vamos perdendo nossos entes queridos. E a galeria dos que se foram vai crescendo, crescendo. Morre pai, morre mãe, tia, tio, avós. Pessoas sem as quais diríamos que não saberíamos mais viver. Mas sobrevivemos porque eles se foram pra sempre e nós, não.

No porta-retrato, o rosto continua vivo, sorridente ou não, mas estático, sem vida.

Nas lembranças, a saudade. Na saudade, a lembrança da nossa fragilidade. A morte não exclui, não tem preconceito. Vão-se os pobres, os ricos, os novos, os velhos, os artistas famosos, cantores, escritores, feios e lindos…

Para alguns ela chega tarde, para outros muito cedo, outros pega de surpresa, estica ou encolhe o sofrimento que pode vir antes e , para todos os diferentes, ela é igual. Quando alguém morre não sabemos o que dizer. Buscamos palavras e frases feitas, ouvimos, ouvimos, pensamos, filosofamos,e, no fim das contas estamos lá no velório e na despedida com uma sensação de alívio porque ainda não chegou a nossa vez.

No decorrer dos dias que caminham para o fim, claro que não

pensamos em nós, mas nos que foram primeiro. Começamos pelos mais próximos e queridos. Esquecemos dos seus rostos. Das suas risadas. Da voz. Mas numa noite qualquer , olhamos pro céu e vemos uma galeria de pontos brilhantes.

Apesar de achar meio ridículo falar que quem morre vira “ estrelinha”, acho que tem alguma relação. Uma galeria de estrelas que brilharam uma vida inteira, cada uma diferente, mas todas brilharam e foram luzes na vida de alguém, ensinaram, aprenderam, amaram . E num tempo bem distante, de um livro tão antigo quanto atual, vem a constatação dessa galeria celeste: “ Aqueles que ensinaram a muitos o caminho … brilharão como estrelas no céu “. ( conforme o Livro de Daniel 12, 3)