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Paraná Trifásico já instalou 310 Km de redes de energia em 2020

Chamado de "Linhão", trata-se do maior programa elétrico do Paraná na era digital e deve chegar a 25 mil quilômetros nos próximos anos

ATUALIZAÇÃO
27 de junho de 2020

Adriana de Cunto - Grupo Folha
AUTOR

O Paraná Trifásico, conhecido como "Linhão", maior programa elétrico do Paraná na era digital, está a todo vapor em 2020. Segundo a Agência Estadual de Notícias, a Copel instalou 310 quilômetros de redes modernas de energia elétrica nos quatro cantos do Estado, o que é mais do que a distância entre Curitiba e Guarapuava, por exemplo. Mas esse número representa apenas 1,24% do total de 25 mil quilômetros que serão implementados nos próximos anos. 

A renovação da rede distribuição é uma reivindicação antiga de produtores rurais
 

Ainda segundo a AEN, o  Paraná Trifásico envolve investimentos de R$ 2,1 bilhões e será concluído apenas em 2025. O programa precisou ser escalonado porque não havia disponibilidade de insumos suficientes para instalação imediata dos equipamentos e do cabeamento. Serão instalados 2,5 mil quilômetros apenas em 2020. “É o maior programa do Brasil para os produtores rurais”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

“As novas redes trarão aumento de produtividade. Vai transformar as cadeias produtivas do leite, da avicultura, piscicultura e suinocultura e, acima de tudo, vai levar energia de qualidade para o Paraná crescer em bom ritmo nos próximos 30 anos”, acrescentou. “A linha monofásica impedia saltos maiores, ampliações ou novas instalações porque a rede não suportava as tecnologias. O novo sistema elimina essa dificuldade”.

O superintendente de Projetos Especiais da Copel, Júlio Omori, afirma que esse programa atende uma reivindicação antiga de produtores rurais em relação à rede trifásica. “Precisamos fazer uma renovação da rede de distribuição. A monofásica teve seu mérito, a Copel foi uma das primeiras empresas do Brasil a levar energia para o campo, mas o objetivo na época era levar rede mais simples e mais barata. Quarenta anos se passaram e algumas já sinalizam a necessidade de renovação, além de que a confiabilidade no fornecimento de energia elétrica passou a ser cada vez mais importante para estes produtores”, destacou.

A região Oeste, por exemplo, concluiu apenas 27 quilômetros de obras na rede trifásica até o momento, mas a sensação de cara nova no campo é nítida, acrescenta a AEN. O Paraná Trifásico começou a se materializar há dois meses em Matelândia e Serranópolis do Iguaçu, cidades que têm o Parque Nacional do Iguaçu como vizinho. Apenas entre as duas serão instalados mais de mil postes novos georreferenciados em oito etapas.

Essa é uma região com vocação agrícola (soja, milho e trigo) e com muitos aviários, critério que é um dos pilares do programa: beneficiar os colonos (produtores rurais) e a geração de novos negócios no campo. As cadeias do frango, do peixe, do leite e dos suínos, que exigem qualidade integral de energia, foram mapeadas e o programa foi iniciado pelas áreas mais degradadas com maior contingente de produtores desses ramos.

A Copel conta com 18 equipes próprias e terceirizadas trabalhando simultaneamente em três momentos nesse projeto no Oeste: uma cava os buracos onde ficarão os postes, outra instala os novos postes e a terceira fixa o cabeamento e os equipamentos necessários para garantir segurança energética.

A meta para a região Oeste é fechar 2020 com 300 quilômetros de redes trifásicas concluídas, com investimento de R$ 25,8 milhões. A região vai receber 3,1 mil quilômetros de novas redes trifásicas até o fim do programa, com R$ 260 milhões de investimentos.

MELHORIAS 

A espinha dorsal da rede de distribuição no campo será totalmente trifaseada, substituindo a tecnologia monofásica implantada na década de 1980.

O programa retira os postes antigos do meio da plantação e coloca postes novos nas estradas rurais, o que facilita o acesso dos técnicos, e disponibiliza cabos mais resistentes contra as intempéries. Não são mais cabos nus de alumínio, mas cabos com capa protetora isolante contra toque de árvores, animais e demais objetos estranhos à rede.

Com o trifaseamento, haverá interligação entre as redes. O efeito será a criação de redundância no fornecimento, ou seja, redes que hoje estão próximas, mas não conversam, passarão a ser interligadas. Se a energia falha em uma ponta, a outra fornece o abastecimento e, em caso de desligamentos, os produtores rurais terão o restabelecimento da energia mais rápido. Os equipamentos inteligentes também identificam curtos circuitos mais rapidamente.

Os novos postes estão sendo enterrados 1,80 metro para dentro da terra, o que renova resistência contra ventos fortes. Alguns deles têm para-raios para ajudar a enfrentar as intempéries. “Os postes antigos suportavam ventos de 60 km/h ou 70 km/h. Os novos suportam ventos de mais de 100 km/h”, explica Lúcio Godoy, técnico da Copel que fiscaliza as obras do programa na região Oeste.

“Vamos tirar 90% dos postes que ficavam no mato, sujeito a quedas de árvores, e também evitar com que as lavouras sejam degradadas diante de eventual manutenção, que exige entrada de caminhões pelas plantações. Antigamente os colonos chegavam a ficar esperando com o trator para ajudar os caminhões da Copel a sair das roças, o que provocava estragos, era ruim para todo mundo”, afirmou Godoy.

A rede monofásica implantada na década de 1980 era mais barata porque permitia menos cabos (apenas dois) e postes com distâncias maiores entre si. Eram até 140 metros entre um poste do outro, agora a distância é de cerca de 90 metros.

Além de garantir energia de mais qualidade e com maior segurança, o investimento da estatal vai proporcionar o acesso do produtor rural à rede trifásica a um custo muito inferior ao que hoje é pago. Além disso, equipamentos com motores trifásicos normalmente são mais eficientes, baratos e têm uma taxa de falha menor. As redes elétricas trifásicas também favorecem quem pretende ser produtor de energia elétrica nas suas propriedades, pois a rede monofásica limita esta possibilidade.

As linhas têm conexões inteligentes com monitoramento constante da rede, chamados de religadores automáticos. Em Matelândia eles foram instalados em dois postes. Têm capacidade para identificar problemas e “abrem temporariamente” para passagens de eventuais curtos para evitar desligamento da rede, e então religam a energia sem precisar de interferência humana. Além disso, os equipamentos podem ser acionados remotamente pelo Centro de Operação da Copel em Curitiba, se preciso.

Energia é um insumo cada vez mais importante no agronegócio. A produção evolui na mecanização, digitalização e nos processos de produção de animais, que têm uso intensivo de energia e novas tecnologias. A expectativa é de ajudar regiões produtoras numa estratégia integrada com o reforço de infraestrutura e logística na malha rodoviária (novo Anel de Integração) e na férrea (novos projetos que contemplam acesso entre Foz do Iguaçu e Paranaguá), e o novo status sanitário com o fim da vacinação contra febre aftosa.

CLIC RURAL

O Paraná Trifásico é uma evolução do Clic Rural, iniciativa que levou energia para mais de 120 mil propriedades rurais nos anos 1980 e se tornou o principal programa de eletrificação rural da época. Com ele, o Paraná se tornou o Estado com maior número de consumidores rurais ligados à rede de energia elétrica, o que contribuiu para dar condições a quem vivia no campo seguir trabalhando na terra.

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