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Folha Rural 5m de leitura

Mesmo com preço em alta, eventos climáticos preocupam bananicultura

Guaratuba, município do Litoral do Paraná, é o campeão estadual de produção, colhendo 60 mil toneladas da fruta em 2022

ATUALIZAÇÃO
19 de agosto de 2023

Lucas Catanho - Especial para a FOLHA
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Imagem ilustrativa da imagem Mesmo com preço em alta, eventos climáticos preocupam bananicultura

Maior produtor paranaense de banana, Guaratuba, no Litoral do Estado, vê preço da fruta mais valorizado do que no ano passado, porém as intempéries são um problema a enfrentar. A passagem do ciclone extratropical, em julho de 2023, causou prejuízo aos produtores. 

Na atividade há cerca de 20 anos, o produtor Fábio Miranda Corrêa, de Guaratuba, lembra que o pai já se dedicava à cultura. “A banana é uma cultura boa, mas às vezes deixa a desejar por causa das intempéries”, destaca. O episódio mais recente ocorreu em julho deste ano, sendo que um vendaval danificou grande parte da produção. “Trabalhamos com essa insegurança, mas nós não desanimamos”, pontua.

Com 75 hectares cultivados, o agricultor consegue colher 32 toneladas de bananas por hectare ao ano, em média. Toda a produção é vendida para unidades da Ceasa.

Um dos problemas dos produtores de banana de Guaratuba é encontrar mão de obra qualificada
 

Devido à escassez da fruta no mercado, atualmente, o preço do quilo está um pouco valorizado, variando de R$ 2 a R$ 2,50. “No ano passado, nesta mesma época, estava de R$ 1,50 a R$ 2”, compara.

Para obter o máximo em produtividade e qualidade, uma das práticas na propriedade é uma boa adubação. “Por ano, a gente aduba até 6 vezes. Quando temos uma boa produção, conseguimos uma lucratividade de 20%”, conclui.

DESAFIOS

Além das pragas, como mal-do-pananá e a sigatoka-negra, os últimos eventos climáticos ocorridos deixaram prejuízos para os produtores de banana de Guaratuba.

“Em 2020 houve a passagem de um ciclone-bomba pela região Sul, afetando de forma intensa a área rural do município. Nos anos seguintes, problemas com enchentes e ventanias pontuais comprometeram os bananais de alguns agricultores, e agora, em 2023, a passagem do ciclone extratropical afetou novamente diversos hectares de bananais que estavam ainda se recuperando do desastre em 2020”, diz Cidalgo Chinasso Filho, secretário municipal da Pesca e da Agricultura.

Outro gargalo que os produtores vêm encontrando é a dificuldade na contratação de mão de obra qualificada, que vem diminuindo nos últimos tempos.

RENDA

Com a geração de aproximadamente 1,5 mil empregos diretos e indiretos, o cultivo da fruta em Guaratuba garante renda para diversas famílias na área rural, mantendo-as no campo.

Boa parte da banana produzida no município vai para a Ceasa de Curitiba, onde é comercializada para atender os mercados e hortifrútis.

Outra parte da produção passa por intermediários e é destinada aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de abastecer programas governamentais, como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), por meio das associações locais.

APOIO

A Secretaria da Agricultura de Guaratuba oferta assistência técnica ao disponibilizar uma profissional efetiva do quadro de servidores, engenheira agrônoma que fica à disposição dos agricultores do município.

“Além disso, a secretaria apoia e fomenta as atividades das associações de produtores rurais. No ano de 2022 foi inaugurada a Feira Livre do Produtor, um espaço destinado à comercialização da produção dos pequenos agricultores da região”, explica o secretário. O evento é realizado quinzenalmente.

A secretaria firmou parceria com o IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) com o propósito de desenvolver pesquisas para o aumento da produtividade e melhoria da qualidade da banana, além de fomentar o uso da tecnologia por meio da extensão rural.

“A intenção é elevar os valores produtivos e de renda aos agricultores, sem aumentar a área de produção.”

A secretaria ainda formalizou alguns convênios com o Ministério da Agricultura e a Seab para a cessão de maquinários e equipamentos agrícolas destinados às associações de produtores. “Foram cedidos caminhão, trator, arado, pulverizador, distribuidor de calcário e fertilizantes”, conclui o secretário.

VOCAÇÃO

A baixa altitude e o clima da região de Guaratuba figuram entre os motivos do sucesso no cultivo da banana. “A planta da bananeira é bastante exigente em relação a água, temperatura e luminosidade, ou seja, o clima tropical encontrado no Litoral favorece seu desenvolvimento durante todo o ano”, explica Cidalgo Chinasso Filho.

O município conta hoje com 300 produtores de bananas que cultivam a fruta em pequenas, médias e grandes propriedades.

“O cultivo de banana no município é uma tradição que passa de geração para geração. No entanto, boa parte da mão de obra utilizada nos tratos culturais dos maiores produtores é terceirizada. Por outro lado, os pequenos produtores fazem uso da mão de obra familiar", afirma o secretário. 

RIQUEZA

Dados preliminares divulgados pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), apontam que o município produziu 58,5 mil toneladas de bananas no ano passado, em 3,2 mil hectares de terras.

O cultivo da fruta foi responsável por gerar um VBP (Valor Bruto de Produção), a riqueza produzida pela atividade, na casa dos R$ 88,9 milhões. Esse montante representou 49,8% da produção agropecuária no município.

A liderança de Guaratuba é com folga na produção de bananas no Estado. O segundo maior produtor, Guaraqueçaba, também no Litoral, produziu 10 mil toneladas da fruta em 2022.

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