EDITORIAS 
Apesar de o plantar e colher serem atividades essencialmente práticas, o mundo virtual tem ganhado cada vez mais espaço para a solução de problemas. Não à toa, a inovação tecnológica no agronegócio é uma realidade e seus resultados já são visíveis.
Durante o evento “Cooperlíder Jovem | Ideathon – Juventude: Inovação e Conexão”, a Integrada Cooperativa Agroindustrial apresentou aos jovens cooperativistas um espaço no metaverso - que é um ambiente virtual compartilhado e imersivo. A proposta foi conectar os participantes e buscar ideias inovadoras para a solução de problemas.
Uma das cooperadas que vestiu os óculos de realidade virtual e circulou pelo espaço foi Ana Carolina Cocatto, 25, que veio de Rolândia para participar do evento. Ela conta que a experiência foi única, dando uma perspectiva de toda a cooperativa.
LEIA MAIS:
- Agricultura, uma atividade marcada por conquistas e desafios
- No dia a dia do campo, as competências e habilidades fazem diferença
- Horta comunitária é alternativa para agricultura em área urbana
“É muito interessante porque ali, no metaverso, é como se a gente estivesse conhecendo a cooperativa inteira. Tem os colaboradores e tudo é virtual. É como se estivéssemos em um mundo à parte”, diz Cocatto, pontuando que o agro anda lado a lado com a tecnologia.
A rolandense ressalta que o evento é importante para construir novos relacionamentos e que os jovens cooperativistas podem levar as inovações para dentro da propriedade. “Isso começa por nós”.
O superintendente-geral da Integrada, Haroldo Polizel, explica que o intuito é conectar o público com o metaverso e mostrar que essas experiências estão próximas do campo.
“Mesmo no campo nós podemos ter contato com essas ferramentas e ter aí a oportunidade de buscar novas maneiras de interagir no mercado do agronegócio”, citando que a realidade virtual permite participar de eventos, conhecer novas tecnologias e dialogar com técnicos para resolver problemas do “mundo real”. “As soluções são para o mundo prático, essa é a ideia. É você procurar novos meios para continuar produzindo alimentos sustentáveis para todo o planeta.”
A head de Inovação do hub Cocriagro, Tatiana Fiuza, destaca que o evento proporciona uma experiência única para os jovens, que tiveram contato com um problema do dia a dia e pensaram em soluções. A proposta foi adaptar a metodologia “zero to hero”, onde os participantes selecionam um tema, definem o problema ligado ao cooperativismo e desenvolvem uma solução.
“Temos três frentes de atuação: a experiência com o metaverso, o jovem conseguir olhar para o problema e desenvolver soluções e trabalhar com o cooperativismo”, diz Fiuza, acrescentando que as ideias criadas no evento dialogam com o mundo virtual e real, e passaram pela avaliação de uma banca.
“Nosso grande trabalho [no hub Cocriagro] é de conexão de startups e institutos de pesquisa com produtores, empresas e cooperativas. Toda vez que recebemos um desafio de inovação, pensamos em uma metodologia própria para o segmento”, completa.
Treinamento, novos produtos e segurança do trabalho
A experiência no metaverso levada para o Cooperlíder Jovem foi desenvolvida pela startup XSpaces, que faz parte do hub de inovação. O fundador e CEO da empresa, Ricardo Matiello, explica que essa tecnologia pode ser aplicada no treinamento de colaboradores, lançamento de novos produtos, reuniões e ações voltadas à segurança do trabalho.
“Você não pode levar um implemento agrícola para todos os lugares, mas com a realidade virtual pode ter a sensação de estar de frente com esse equipamento”, exemplifica.
O acesso ao espaço pode ser feito por um computador ou um tablet, mas os óculos de realidade virtual oferecem uma imersão única. Segundo Matiello, isso muda a sensação e a percepção para o usuário.
“Como é uma tecnologia emergente, não é que pouca gente tem acesso, mas precisa ter a audácia de se lançar na frente. E a Integrada teve a audácia de se lançar na frente do mercado construindo a sua versão digital”, ressalta.
A cooperada Catarina Contin Gallerani, 31, de Cornélio Procópio, teve seu primeiro contato com a tecnologia durante o evento, e diz que “o metaverso traz muita facilidade”, já que você pode estar presente em um ambiente que, fisicamente, seria impossível.
“É mais imersivo que apenas um vídeo, uma transmissão ao vivo, então você consegue ter uma experiência maior, absorver mais”, apontando que isso não vai substituir a “semente no chão”. “Mas toda a negociação, o aprendizado, as coisas novas que vão chegando através dele [do espaço virtual], você consegue absorver mais rápido.”
Novas gerações
O superintendente da Integrada aponta que existe uma preocupação com a sucessão no campo, e que é importante levar o jovem a refletir sobre a importância do agro no mundo e do negócio familiar, e de como ele pode se preparar para assumir esse protagonismo.
“Preparando melhor o jovem para assumir a propriedade da família, para assumir a gestão da cooperativa que eles farão parte. É um foco na sucessão no campo, na atividade da família e na governança da cooperativa”, diz.
E é natural que essa discussão ocorra em Londrina, uma vez que a cidade tem se destacado por seu ecossistema de inovação no campo. São várias empresas, instituições de pesquisa e cooperativas buscando soluções para o meio rural.
Polizel também destaca que o metaverso pode impactar na maneira como os produtos são comercializados e como a produção é feita, apresentando, por exemplo, as boas práticas mantidas pelos agricultores brasileiros.
“Você pode, através do metaverso, dar oportunidade para que uma pessoa do outro lado do mundo conheça a sua fazenda, suas boas práticas. É uma oportunidade enorme e tem muita coisa para acontecer nesta ferramenta”, completa.
EVENTO
O “Cooperlíder Jovem | Ideathon – Juventude: Inovação e Conexão” foi realizado na quinta (27) e sexta-feira (28) pelo Sistema Ocepar, por meio do Sescoop/PR, em Londrina. O encontro reuniu cerca de 400 participantes, unindo 28 cooperativas do Paraná.