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Folha Rural 5m de leitura

Em São Miguel do Iguaçu, uma granja do futuro

ATUALIZAÇÃO
21 de outubro de 2016


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Em São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Paraná, um case de sucesso mostra todo o potencial da geração de energia e uso de biofertilizantes por meio do biogás. A Granja São Pedro Colombari possui 250 hectares (somados à agricultura), com cinco mil matrizes de suínos no sistema de terminação, realizando três ciclos e venda de 16 mil animais anualmente, com peso médio de 125 quilos cada.

Números importantes, mas com um detalhe fundamental: a propriedade é pioneira no País quando se trata de autoabastecimento energético. José Carlos Colombari é o idealizador de todo esse trabalho, e hoje conta com a ajuda do pai, esposa, dois filhos e nove colaboradores. Uma propriedade modelo, que aponta um futuro mais sustentável para toda a cadeia.

Colombari, que também é presidente do Sindicato Patronal da cidade, relembra que a implementação do biodigestor iniciou em 2005 e, junto com ele, o aproveitamento do biogás como fonte de negócios para a família. O aproveitamento da energia elétrica já acontece desde março de 2006, juntamente com o biofertilizante em áreas de pastagem para a pecuária de corte. "A energia já começou a ser utilizada em nossa fábrica de ração, bomba do poço artesiano e na fertirrigação. Com a ampliação do número de animais, tínhamos a necessidade de um aumento de carga e optamos pela própria geração de energia utilizando o biogás para movimentar o motogerador".

Após dois anos, a unidade já operava em um projeto da Itaipu Binacional de geração distribuída com saneamento ambiental, ou seja, a propriedade estava conectada à Companhia Paranaense de Energia (Copel) para fornecer energia para a rede. A ideia dessa ação era baratear os custos da implementação da tecnologia. "A Copel absorve esse excedente de energia gerado na propriedade. De 2009 a 2012, vendíamos essa energia. Depois houve uma mudança na resolução da ANEEL e a partir de agora o excedente é exportado para a rede, mas agora no sistema de compensação quando o gerador está parado, no sistema de crédito", explica.

Hoje, com cinco mil animais na propriedade, a produção é de 1,2 mil metros cúbicos de biogás diariamente, sendo 60% metano, o gás ideal para o motogerador. "A partir de 2010, com um motogerador maior instalado, começamos a atender 100% do nosso consumo. A produção de energia atual é 25,2 mil kWh por mês, sendo que nós consumimos 10 mil kWh , ou seja, um excedente de 15 mil kWh".
Pelas contas de Colombari, um projeto para a instalação de biodigestor e motogerador para uma propriedade do porte da dele gira em torno de R$ 400 mil. "Com o valor de energia hoje, meu gasto seria de R$ 87 mil por ano. Ou seja, entre todos os investimentos, o retorno viria em cerca de seis anos".

Na avaliação do produtor, a atividade da suinocultura gera um passivo ambiental e dar um destino correto a tudo isso é uma obrigação de quem está na cadeia. "Com a instalação do biodigestor, damos o primeiro passo, que é tratar esse dejeto e dar um destino correto a ele. O retorno posterior com o uso do biogás e do biofertilizante, sem dúvida para nós é muito gratificante. Hoje focamos muito na sustentabilidade, inclusive com 30% dos alimentos consumidos pelos animais produzidos aqui mesmo".

Por fim, o produtor relata como o ambiente da propriedade mudou com o biodigestor. "O odor do suíno não tem como mudar, mas em relação ao cheiro dos dejetos e às moscas desapareceram. Moro com minha família aqui e 90% dos meus colaboradores também. Nós temos uma qualidade de vida melhor com a implantação do projeto. Para o futuro, meus filhos já estão conscientes e continuarão com esse trabalho", comemora. (V.L.)

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