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Folha Rural 5m de leitura

Covid- 19: Embrapa lança cartilha para produtores do sul

Considerando particularidades regionais, Embrapa criou um comunicado com recomendações para quem trabalha nos estados mais frios

ATUALIZAÇÃO
22 de maio de 2020

Reportagem local
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Um país de proporções continentais, o Brasil tem em suas cinco regiões muitas particularidades que resultam de aspectos econômicos, físicos, culturais, sociais e políticos. Para falar de Covid-19 é preciso levar em conta essas características. Foi pensando nisso que a Embrapa está disponibilizando ao público uma cartilha de recomendações de prevenção ao contágio do novo coronavírus específico para a região Sul do Brasil. 

Uma das recomendações é que o trabalhador rural troque as botas de couro por botas de borracha, que facilitam a limpeza
 

O comunicado técnico “Recomendações para prevenção da Covid-19 no meio rural na região Sul do Brasil” foca nas  especificidades culturais e climáticas, como a tradição de compartilhar o chimarrão, por exemplo, e o inverno com temperaturas baixas. O analista da Embrapa Pecuária Sul e coautor do comunicado, Robert Domingues, diz que as recomendações são voltadas a produtores rurais, funcionários de propriedades rurais e técnicos que prestam assistência a estes estabelecimentos”, explica o analista da Embrapa Pecuária Sul e coautor do comunicado, Robert Domingues.

O texto apresenta a caracterização de pandemia, diferença de terminologias, sintomas e formas de transmissão. Também faz recomendações específicas, como informações sobre a possibilidade ou não de transmissão da doença pelos animais, riscos de contaminação no meio rural e intensidade da doença em climas mais frios.

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“As pesquisas científicas sobre a Covid-19 estão somente iniciando, já que a doença surgiu pela primeira vez no final de 2019, então muitas respostas ainda não estão disponíveis, mas com o documento é possível que os produtores e demais interessados possam ter o esclarecimento sobre algumas das principais dúvidas que surgem para quem vive e/ou trabalha no campo”, destaca a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado e também coautora do comunicado, Rosângela Silveira Barbosa.

“A agricultura segue seu próprio ciclo e, se o trabalho não for feito no momento que a natureza dita, não haverá safra por um ano inteiro. A pecuária, então, depende dos cuidados diários com os animais, sobre os quais o homem do campo tem responsabilidade enorme. Assim, já que não é possível parar, é preciso continuar a produzir, mas cercando-se de cuidados que ajudarão a evitar contrair e disseminar a Covid-19”, destaca a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul e uma das autoras do comunicado, Emanuelle Baldo Gaspar.

 
 
 
 
 

Estiagem pode comprometer safra de inverno, mostra estudo

 O coronavírus não é o único problema do produtor paranaense neste outono/inverno. A  estiagem mais prolongada no estado desde que o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná)  começou a monitorar as condições do tempo, em 1997, pode comprometer a safra de inverno no Estado. Um estudo detalhado sobre o que ocorre neste ano em relação às chuvas aumenta a preocupação dos produtores. As informações são da Agência Estadual de Notícias. 

“O impacto que esta estiagem vem provocando nos últimos dias é na semeadura dos cereais de inverno. Alguns produtores realizaram o plantio no pó, com a expectativa de que iria chover na sequência, e outros estão aguardando um volume de chuva considerável para poder realizar o plantio”, disse Dirlei Antonio Manfio, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, autor do estudo. 

Mesmo com a estiagem se prolongando desde junho do ano passado, produtores do estado conseguiram garantir boa colheita dos principais grãos da primeira safra, sobretudo soja, milho e feijão.

“Um dos fatores que justifica os bons resultados na produção foi que, mesmo com volumes inferiores de chuva, elas vieram no momento certo, garantindo a fertilidade da planta”, destacou Manfio. Somaram-se, ainda, outros fatores tecnológicos, dentre eles o plantio direto, que ajuda a manter a umidade no solo.

Histórico 

O Simepar possui 54 estações digitais no Paraná, com atualização a cada 15 minutos, enquanto o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) tem outras 27 estações, atualizadas a cada hora. São elas que mostram que a redução no volume de chuvas acentuou-se nos últimos meses e, consequentemente, prejudicaram a segunda safra de milho e feijão. As projeções são de dificuldades na semeadura de inverno e na cadeia da pecuária.

Em janeiro deste ano, na maior parte das regiões paranaenses o volume de chuvas ficou próximo da média dos últimos dez anos. “Nas seis principais regiões produtoras, o volume médio ficou de 127 milímetros a 171 milímetros, o que ainda é aceitável”, destacou o técnico.

 “Com estes volumes de chuva ainda foi possível alimentar as plantas da primeira safra que estavam em floração e frutificação, bem como a germinação e desenvolvimento das culturas da segunda safra plantadas.”

No mês seguinte, a estiagem começou a ganhar força em todas as regiões, à exceção do Litoral. Os volumes médios caíram para intervalo de 83 mm a 154 mm, com acentuação no Oeste paranaense, onde se reduziram de 167 mm para 83 mm. “Mesmo sendo inferiores, os produtores conseguiram evoluir no plantio das culturas da segunda safra”, afirmou Manfio.

Situação dramática 

As maiores dificuldades começaram a ser observadas em março e se estenderam para abril. À falta de chuva somaram-se as temperaturas acima da média. “Além da falta de umidade no solo para o bom desenvolvimento das culturas, começa a faltar água para o consumo humano e animal em várias localidades do estado”, constatou o técnico. Na média, o menor volume por região foi de 33 milímetros e o maior, de 52 mm.

O estudo de Manfio foi desenvolvido até 15 de maio. “Na primeira quinzena o volume de chuva foi praticamente inexistente em todas as regiões, com exceção do Sudoeste, com média de 84 milímetros, mas muito abaixo da média histórica”, disse.

Segundo o técnico, há regiões onde a situação é mais dramática, como o Norte, com média de apenas 7 milímetros de chuva. “O maior agravo neste episódio recente é a sequência de meses com volumes abaixo da média, que começou em junho de 2019, comprometendo mais ainda o déficit hídrico de toda cadeia produtiva”, concluiu. 

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