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Folha Rural 5m de leitura

Cooperativa estima receber safra recorde de soja em 2021

Investimento maior em tecnologias e safra mais longa garantiram a produtividade sem precedentes

ATUALIZAÇÃO
21 de fevereiro de 2021

Reportagem local
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Depois de recepcionar no ciclo 2019/20 o maior volume de soja de todos os tempos, ao redor de 1,5 milhão de toneladas, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial inicia o período 2020/21 projetando receber uma quantidade ainda maior, de 1,850 milhão de toneladas. Fundada em 1963, a cooperativa mantém operações nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, onde possui 87 unidades operacionais que prestam atendimento a 15,5 mil produtores cooperados e, em 2020, faturou R$ 7,049 bilhões, 52% a mais que no exercício anterior. 

De acordo com a cooperativa, a projeção de ampliar o recebimento se sustenta em vários fatores. No ano passado, graças às oportunidades de negócios oferecidas e a política de pagamento à vista mesmo diante do forte aceleramento das vendas por parte dos produtores, a Cocamar registrou expressivo aumento de participação de mercado em todas as regiões onde atua, sobretudo no norte do Paraná, ampliando sua fatia de 30% para cerca de 50%. 

 

A previsão da área técnica da cooperativa é de uma safra praticamente normal em produtividade, apesar do ciclo considerado atípico. Após o atraso na semeadura em razão da falta de chuvas, houve grande quantidade de precipitações na fase de desenvolvimento da cultura. A estimativa é de uma produtividade média ao redor de 3,2 mil quilos por hectare (53 sacas). 

Produtores investiram mais

Diante das cotações da soja, que praticamente dobraram entre janeiro de 2020 e janeiro deste ano, houve também um investimento maior em tecnologias por parte dos produtores. 

De acordo com a área técnica, vai ser uma safra mais longa devido às intempéries, com variações na produtividade. As primeiras colheitas já vêm ocorrendo em alguns municípios e a previsão é que os trabalhos se intensifiquem a partir de 20 de fevereiro, avançando até o final de março e, em algumas regiões, o início de abril. 

Em seu planejamento para receber a maior safra da história, a Cocamar investiu R$ 32 milhões em adequações nas suas estruturas operacionais nas regiões. Ao mesmo tempo, está finalizando a contratação de aproximadamente 700 trabalhadores temporários para apoiar os colaboradores durante esse período. 

Sem concentração

O gerente executivo com operação de produtos e obras, Márcio Kloster, comenta que com uma colheita mais longa “não haverá tanta concentração no recebimento, aliviando pressão, filas e tornando os serviços mais rápidos”.  

As áreas operacionais, segundo Kloster, trabalham com a previsão de intensa atividade a partir do início de março e até meados de abril. Para uma capacidade estática de armazenagem de 1,680 milhão de toneladas, 1,600 milhão já se encontram disponíveis para acondicionar a produção, sendo que somente em março devem ser recebidas 1,100 milhão de toneladas – 650 mil, das quais, apenas no primeira quinzena, uma média superior a 43 mil toneladas por dia.  

24 horas

Para os produtores, o movimento de entrega na cooperativa funcionará durante o horário diurno, mas a safra é o momento em que as estruturas não param e, ao longo das 24 horas, um grande número de caminhões vai estar realizando, a partir das unidades, o transbordo do grão para armazéns estrategicamente distribuídos nas regiões de atuação. A estimativa é que um terço do volume total seja movimentado por esse sistema.  

Todo o volume de soja é encaminhado, a seguir, para o parque industrial da cooperativa em Maringá, que tem previsão de processar mais de 1 milhão de toneladas do produto.

Produtores na expectativa de boas colheitas

Em Cambé, região de Londrina, o cooperado Odair Favale e dois irmãos estão na expectativa de uma de suas melhores colheitas. Cultivando 1,2 mil hectares no Paraná (com a média nos últimos anos entre 65 e 70 sacas/hectare) e outros 1,2 mil hectares no Pontal do Paranapanema, oeste paulista, os Favale são produtores tecnificados e habituados a trabalhar com agricultura de precisão. “Aqui não faltou chuva quando precisou e tudo vai caminhando bem”, afirma Favale. 

Odair Favale e a irmã Luzia, na lavoura em Cambé
 

Nos planos de Marciel Pedralli, de Ourizona, município próximo a Maringá, está também a sua maior colheita, em 200 hectares. Pedralli, que é zootecnista e há três anos e meio assumiu o comando dos negócios da família, sucedendo ao pai Ayes, conta que vem implantando um programa de modernização da propriedade e, já nesta safra, a primeira sob o acompanhamento agronômico da cooperativa, espera evoluir de uma média de 55 a 60 sacas de soja/hectare, para pelo menos 70. “Estávamos patinando e agora vamos conseguir fazer mais com o mesmo.” 

Bom desenvolvimento

Luiz Alberto Palaro, produtor em Floresta, perto de Maringá, afirma ter a previsão de colher 75 sacas por hectare. “A soja se desenvolveu muito bem e o padrão sanitário é visível”, afirma. Em Jaguapitã, região norte, Michael Tchopko e o irmão Vítor vislumbram uma colheita normal em seus 145 hectares, cuja média, nos últimos anos, tem ficado ao redor de 60 sacas/hectare. 

 

Abortamento

Em alguns municípios os produtores observaram abortamento de vagens em maior ou menor grau, como efeito de duas semanas de chuvas intensas no mês de janeiro. Os irmãos Edys e Edenilson Lazaretti, de Cafeara, ao norte, já estimam perdas de uma parte da produção, a exemplo de Luiz Rogério Augusto, da vizinha Lupionópolis. De acordo com a área técnica da cooperativa, são casos pontuais em uma safra que, pelos indicativos até o momento, tem tudo para superar o recorde do ano anterior.

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