Com a aprovação da Nova Lei de Inovação do Estado do Paraná (20.541/2021) em abril deste ano, e da Política de Inovação de Ciência e Tecnologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), em setembro, a perspectiva é que os processos de transferência de tecnologia aumentem na instituição.

Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEL, Amauri Alfieri, não existe inovação sem pesquisa
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEL, Amauri Alfieri, não existe inovação sem pesquisa | Foto: Sergio Ranalli

A transferência de tecnologia permite que pesquisas realizadas dentro da universidade, após patenteada, seja licenciada a uma empresa para comercialização, revertendo no pagamento de royalties para a instituição.

A chamada Nova Lei de Inovação do Paraná traz medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica, inclusive à constituição de ambientes favoráveis às atividades de transferência de tecnologia. Já a Política de Inovação da UEL se soma à lei para normatizar a gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia na universidade, entre outros assuntos.

"Com a aprovação de Lei de Inovação Estadual e da Política de Inovação da UEL, a instituição tem mais segurança para a formalização dos processos de transferência de tecnologia. As regras ficam mais claras e, consequentemente, nos favorece para realizar as negociações", afirma Edson Miura, diretor da Aintec.

Só neste ano, a UEL oficializou três dos quatro processos já realizados por meio na universidade, através da Aintec (Agência de Inovação Tecnológica da UEL). O primeiro trâmite do tipo aconteceu em 2017.

As parcerias entre a universidade e empresas geram produtos inovadores para o mercado. Possibilitaram, por exemplo, que uma pesquisa realizada entre os departamentos de Biotecnologia e de Ciências Farmacêuticas se materializasse em produtos de cuidados com a pele.

Briane Gisele Bigotto, Aldrey Lonni e Maria Antonia Celigoi
Briane Gisele Bigotto, Aldrey Lonni e Maria Antonia Celigoi | Foto: Roberto Custódio

A professora Maria Antônia Celligoi, do Departamento de Biotecnologia, pesquisa há muito tempo um ativo chamado levana, que tem origem microbiana e é extraído da soja fermentada - o natô.

A molécula tem propriedades antioxidantes, que previnem o envelhecimento da pele. "Os estudos sobre a levana começaram há bastante tempo com um grupo de pesquisas em Biotecnologia. Fomos aprofundando os estudos e vendo que a levana tinha propriedades antioxidantes - que é uma propriedade antienvelhecimento -, além de potencial hidratante muito alto", conta.

A pesquisadora fez uma parceria com a professora Audrey Lonni, do departamento de Ciências Farmacêuticas, e transformou o ativo em três produtos diferentes: sérum, água micelar e tônico.

O processo de obtenção da levana foi patenteado e licenciado para a startup Biotec Ativos, o que permitiu que os biocosméticos à base do ativo fossem levados ao mercado. A startup foi viabilizada com recursos da Fundação Araucária, por meio do programa Sinapse da Inovação.

O primeiro produto desenvolvido foi o Biolevan Sérum, um hidratante e primer facial multifuncional que, segundo a professora Lonni, é livre de óleo e não-comedogênico. O princípio ativo, a levana, promove renovação intensa da pele, proporcionando alta hidratação. Também tem atividade antioxidante e efeito tensor sobre a pele, deixando-a com aparência mais suave, uniforme e com toque aveludado. Além disso, o produto controla a oleosidade e tem efeito primer, fazendo que a maquiagem dure mais tempo. A partir do sérum, as pesquisadoras desenvolveram mais dois produtos, a água micelar e o tônico, completando a rotina de cuidados com a pele.

A pesquisa é inédita no mercado e leva ao consumidor produtos com vários benefícios: são multifuncionais, atóxicos e ecologicamente corretos.

Transmitir conhecimento é missão da universidade

Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEL, Amauri Alfieri, não existe inovação sem pesquisa. "Você pode desenvolver uma pesquisa e não gerar uma tecnologia, um produto ou processo novos, mas todo nova tecnologia, produto ou processo gerado advém de uma pesquisa. Você pode pesquisar sem inovação, mas não faz inovação sem pesquisa."

A transferência de tecnologia, segundo ele, é uma das maneiras de fazer com que a pesquisa realizada dentro da universidade chegue à população. "A transferência de tecnologia é fundamental para que tudo o que é gerado dentro dos muros da universidade possa ser mais facilmente levado à população."

Afinal, para a professora Maria Antônia Celligoi, o que é produzido no ambiente acadêmico não pode ficar restrito aos muros da universidade. "Temos que trabalhar com o objetivo de atingir o lado de fora. Transferir conhecimento para a comunidade é um dos objetivos da instituição." A transferência de tecnologia é uma forma de transmitir o conhecimento técnico e científico da universidade em prol da sociedade, acrescenta a professora Audrey Lonni.

Sem este processo, o conhecimento pode acabar “engavetado”, alerta Edson Miúra, diretor da Aintec. O pagamento de royalties como contrapartida do licenciamento também é uma forma de valorizar o trabalho dos pesquisadores inventores, e os recursos são, ainda, destinados à instituição.

"Para a empresa, esta terá acesso a uma tecnologia em parte ou já desenvolvida, o que otimiza algumas etapas de desenvolvimento, especialmente quanto ao risco de sucesso da tecnologia", ele acrescenta. Em parceria com as universidades, as organizações obtêm vantagem competitiva e podem se posicionar melhor no mercado.

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