Uma universidade pública gratuita, plural, democrática, autônoma e inclusiva. É assim que a UEL aparece aos olhos dos seus ex-alunos organizados, desde 2017, em uma associação, a Alumni UEL. Hoje com quase 300 membros, ela espera se fortalecer ainda mais para ajudar a universidade enfrentar, com um pouco mais de autoestima talvez, a crise que assola todo o ensino público no país.

O médico Gilberto Martin, conselheiro-geral da Alumni: "Essa ‘balbúrdia’ da universidade pública é que está salvando as pessoas nessa pandemia”
O médico Gilberto Martin, conselheiro-geral da Alumni: "Essa ‘balbúrdia’ da universidade pública é que está salvando as pessoas nessa pandemia” | Foto: Gustavo Carneiro/08/06/2021

Seguindo o exemplo de outras grandes instituições de ensino e suas respectivas agremiações de egressos, a Alumni UEL surge para mostrar a contribuição da universidade não só na vida de cada um, mas para a transformação de toda uma sociedade, pelo menos nos últimos 50 anos.

São mais de 74 mil formandos ao longo desse meio século de história. Hoje, a Alumni conta com quase 300 associados, número baixo perto de todo o potencial. No site www.alumniuel.org.br a associação mostra a que veio, com áreas dedicadas ao que chamam de “Planeta UEL” onde é possível acessar conteúdo sobre alunos e ex-alunos e suas experiências na universidade, sobre os professores, projetos de pesquisa, os funcionários e mais histórias que revelam o impacto micro e macro político da UEL na sociedade.

De acordo com o médico Gilberto Berguio Martin, conselheiro-geral da Alumni UEL, a ideia é agregar e trazer mais e mais ex-alunos para o grupo. “Queremos identificar, localizar e reunir os ex-alunos que estão espalhados pelo mundo todo”, diz. Associar-se é muito simples: basta acessar o site e preencher o formulário com informações muito básicas, sem custo algum.

Para celebrar o Jubileu de Ouro da UEL, a Alumni promove um debate online, no dia 20 de outubro, sobre “A Importância da Universidade no Desenvolvimento de Londrina e Região”, com a participação do reitor Sergio Carvalho e do professor Venâncio Oliveira – ambos economistas; da professora. Ileizi Fiorelli, educadora e socióloga, e de Daniel Pelisson, fiscal da receita federal aposentado.

Uma das bandeiras da associação, continua Martin, é a defesa da universidade pública. “Está no nosso estatuto, aprovado na assembleia de fundação. Uma universidade pública acessível a todos os setores da sociedade. Defendemos a importância não só na formação de profissionais, mas também na pesquisa, desenvolvimento de projetos, na assistência da população. Essas atividades se viabilizam e podem ser ofertadas amplamente por causa da característica pública da universidade, aberta a todos os interesses da sociedade”, diz.

Aos poucos, a associação vai se fortalecendo e conquistando espaço nas mesas de negociação e estâncias de decisão. “Nessa fase inicial, os esforços estão concentrados em institucionalizar a entidade, desde a parte de legalização, registros, aprovação de estatuto”, comenta Martin.

Em 2018, a Alumni, em parceria com outras entidades, promoveu um debate entre os candidatos a reitor e essa ação levou a associação a perceber um certo distanciamento da sociedade civil londrinense e a universidade, às vezes até com uma leitura incorreta de ambos os lados.

“O interessante foi que no fim as preocupações eram comuns, o que faltava era dialogar, trocar ideias e propostas. Desse encontro, saiu um documento que foi entregue ao reitor eleito que chamou as entidades para conversar e alinhar esses interesses comuns à comunidade universitária e aquela extracomunitária”, conta.

Apoio

Conectar essas duas realidades parece ser uma das missões da Alumni. Isso porque um ex-aluno vive os dois lados: conhece bem a vida dentro da UEL e hoje atua fora, na sociedade. A Alumni quer ter no seu quadro de associados egressos capazes de dar esse testemunho da vida acadêmica. “Isso pode ajudar a derrubar alguns preconceitos. É o momento desse ex-aluno assumir um papel na defesa da universidade”, diz Martin, que também reconhece que frequentar uma universidade pública, infelizmente, ainda é um privilegio para poucos.

“Se Londrina é uma cidade universitária, é por causa da UEL. As pessoas que tentam desqualificar a universidade pública não têm compromisso com o ensino público e tentam pegar fatos fora de contexto que, para o cidadão que não conhece o que é a diversidade de uma vida universitária, são chocantes, rendem uma interpretação equivocada e generalizada. Essa ‘balbúrdia’ da universidade pública é que está salvando as pessoas nessa pandemia”, completa. Martin ainda ressalta a importância da diversidade, algo fundamental em um espaço de desenvolvimento de ideias e pensamentos. “O espaço de reflexão e a produção intelectual que fazem a sociedade progredir. Sabemos disso porque vivemos essa experiência”, afirma.

O estado de alerta dos membros do conselho da Alumni é constante, já que os ataques vêm se tornando cada vez mais frequentes. “O benefício que a universidade traz para a sociedade e difícil até de quantificar”, diz. Exemplo disso é que foi na UEL dos anos 70 que surgiram os primeiros modelos de organização da atenção primária na forma de unidades básicas de saúde periférica. Sim, estamos falando do que hoje é o SUS! “A UEL foi um dos primeiros ambientes acadêmicos no Brasil a desenhar como poderia ser aquela proposta que vinha da Organização Mundial de Saúde propondo o desenvolvimento de uma assistência à saúde com característica de assistência primária, em unidades próximas à moradia das pessoas”, conta. A partir disso, o modelo que surgiu na UEL foi adotado pelas prefeitura do Paraná. Outro motivo de muito orgulho, afirma Martin, é o modelo da Bebê Clínica hoje replicado em vários municípios. “É um dos programas mais efetivos na prevenção e promoção da saúde bucal e saiu da UEL! E são exemplos em diversas outras áreas. Atividades com um impacto social muito grande”, diz.

A Alumini existe para defender o que a UEL sempre foi, desde a sua fundação: um espaço de construção de conhecimentos e saberes científicos e tecnológicos, de arte e cultura para o desenvolvimento local e regional e que contribua para o crescimento das pessoas e para uma sociedade mais justa e igualitária. “Todo e qualquer ex-aluno está em condições de se associar. Estão todos convidados”, afirma Martin.

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