A Universidade Estadual de Londrina é capaz de demonstrar um potencial difícil até de ser mensurado quando falamos dos mais de 200 projetos de extensão ativos. É através dessa modalidade que a UEL também se apresenta à sociedade, atuando principalmente entre comunidades vulneráveis, onde chega disposta a trocar experiências e ajudar a sanar problemas com um único objetivo: o saber compartilhado. Engana-se quem pensa que os acadêmicos e professores chegam para impor o próprio conhecimento. Um projeto de extensão é, antes de mais nada, o saber popular direcionando o agir acadêmico, na busca por soluções em conjunto.

Áreas de educação e saúde são as mais requisitadas para desenvolvimento de projetos de extensão
Áreas de educação e saúde são as mais requisitadas para desenvolvimento de projetos de extensão | Foto: Divulgação/Comuel

Mara Solange Gomes Dellaroza é a pró-reitora da Proex (Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade) e explica que a proposta é sempre dialógica, ou seja, é o saber popular da comunidade que se une ao saber acadêmico na construção de um novo saber e com um claro objetivo: resolver os problemas da comunidade.

“A extensão é o grande braço de cuidado da universidade. Cada professor, aluno ou servidor que atua num projeto, torna o seu saber acadêmico mais real. Tem a possibilidade de testar até que ponto o que estudamos e produzimos com as nossas pesquisas pode ser aplicado nas demandas e necessidades das pessoas que vivem nas mais diferentes realidades”, afirma.

Canal riquíssimo de oportunidade de crescimento para os alunos e pesquisadores, os projeto de extensão também são uma ótima ocasião para os acadêmicos vivenciarem, ainda dentro da universidade, o que será a sua própria atuação futura, como profissional. Atualmente, são mais de 200 projetos cadastrados na Proex e programas que envolvem mais de mil docentes, quase 2,4 mil acadêmicos de graduação, quase 500 de pós-graduação, mais de 150 técnicos da UEL e mais de 500 colaboradores externos, ou seja, pessoas não vinculadas à UEL e que atuam nos projetos.

Todos os projetos precisam ser cadastrados na Pró-Reitoria de Extensão
Todos os projetos precisam ser cadastrados na Pró-Reitoria de Extensão | Foto: Divulgação/Comuel

700 mil pessoas atendidas

O número mais impressionante é o de pessoas da comunidade externa atingidas direta ou indiretamente pelos projetos de extensão da UEL no ano passado: 700 mil! Número bem superior à população de Londrina. Com a pandemia, esse número caiu para 450 mil e não deixa de ser grandioso.

Ainda de acordo com Mara Dellaroza, as áreas de educação e saúde são as mais requisitadas. “Normalmente, os projetos de extensão são criados a partir da percepção de que há um problema ou uma questão na sociedade que um grupo de alunos e professores poderia ajudar a resolver, propondo uma alternativa de transformação e aprimoramento. O ideal é que os projetos de extensão se aproximem da comunidade promovendo um diálogo bastante aberto, entendendo essa realidade e cada indivíduo ali inserido. O ensino nas salas de aula e a pesquisa desenvolvida nos nossos laboratórios serão respaldados pela percepção da vida real”, explica.

Uma das características dos projetos de extensão da UEL é a interdisciplinaridade, importante também para os alunos e professores de diferentes áreas compreenderem a importância do saber de outros profissionais para a realização efetiva do projeto. “É a sociedade quem traz essa demanda de apoio técnico. Na UEL, todos os projetos precisam ser cadastrados na Pró-Reitoria de Extensão e incentivamos o envolvimento de mais de uma área de conhecimento, com uma metodologia de ação de aproximação, de diálogo, de proposição de soluções em conjunto com a comunidade”, diz Dellaroza.

Ela faz questão de apontar para uma outra característica que pode parecer menos simpática para a comunidade externa: a da burocracia. “Infelizmente, isso não conseguimos evitar, somos um órgão público e temos que ter todas as nossas parcerias e acordos devidamente registrados em documentos legais. Às vezes, isso pode ser percebido pelo público externo como uma ‘demora’, mas essas tramitações são essenciais para a segurança de todos os envolvidos e para o cumprimento das leis que normatizam os serviços públicos”, explica.

Disque-Coronavírus

Todo e qualquer projeto de extensão da UEL tem uma duração máxima de 36 meses, com a possibilidade de prorrogação para 48, o que dá uma média de três a quatro anos de atuação. Dessa forma, ocorre naturalmente a renovação dos processos e das comunidade atendidas. Um desses projetos e que deve entrar para a história não só da UEL, mas também de toda a região, é o “UEL pela Vida, contra o Coronavírus” que tem a aprovação da Seti (Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) e é financiado com recursos da Fundação Araucária.

“Esse projeto possibilitou que a UEL prestasse atendimento, em parceria com a prefeitura da cidade a moradores de rua e idosos em situação de vulnerabilidade social que moram sozinhos. Além disso, foi implantado o Disque-Coronavírus, que presta orientações e informações a respeito da Covid-19”, conta. Além dos serviços de informação sobre sintomas, pelo telefone o usuário ainda tem orientações sobre os cadastros prévios para vacinação, atestados, unidades de saúde de referência para atendimento presencial e ainda esclarece dúvidas diversas envolvendo a Covid-19. O Disque-Coronavírus também oferta apoio psicológico à população, com profissionais de psicologia. As ligações para o 0800-400-1234 são gratuitas e podem ser feitas de telefone fixo ou celular.

Outro projeto de extensão considerado estratégico pela pró-reitora é aquele que presta atendimento jurídico e psicológico gratuito a crianças, adolescentes e mulheres de baixa renda que residam em Londrina e que sofrem violência doméstica e familiar. Dellaroza ainda destaca a atuação do Núcleo Interdisciplinar de Gestão Pública, o Nigep, resultado do trabalho cooperativo de professores do CESA (Centro de Estudos Sociais Aplicados) que visa acompanhar, pesquisar, avaliar, informar, compartilhar, assessorar e propor políticas públicas para maior eficiência, eficácia e efetividade em gestão pública na esfera regional.

“Outro projeto de extensão importante da UEL hoje, presta assessoria técnica ao Ministério Público e busca respaldar, com evidências científicas robustas, a decisão do MP sobre o pagamento de medicamentos especiais pelo SUS que não compõem a cesta básica do Ministério da Saúde”, aponta Dellaroza.

O “Paraná Mais Orgânico”, pautado na agroecologia e na produção sustentável também é um projeto de extensão da UEL, do departamento de Agronomia. Destaque também para as atividades da Unati (Universidade Aberta à Terceira Idade), que oferece ações para os idosos.

Além dos projetos, a Pró-Reitoria de Extensão também oferece cursos e eventos. Os números de 2020, já afetados pela pandemia, dão uma ideia da atuação da UEL junto à comunidade em geral. Os eventos, no ano passado, atingiram um púbico de quase 64,5 mil pessoas, com um carga horária de 4.797 horas divididas em 293 eventos. Foram propostos 158 cursos, para um público de cerca 10,8 mil inscritos, só no online, foram 8.614 participantes. “Através da extensão, UEL procura sempre anteder seu público mais vulnerável, não há nenhum tipo de cobrança para que o maior número possível de pessoas tenha acesso”, diz Dellaroza.

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