A secretaria de Saúde de Londrina tem ampliado o número de vagas e ofertado os imunizantes contra a Covid-19 em todas as UBS (Unidades Básicas de Saúde), buscando aumentar a cobertura vacinal no público-alvo, especialmente nas doses de reforço (terceira e quarta doses).

De acordo com Felippe Machado, responsável pela pasta, “apesar de todos os nossos esforços, temos observado uma taxa de ausentes muito alta, em torno de 25%. E isso representa uma série de transtornos, inclusive prejudicando quem deseja e pode vir, mas que não consegue agendar. Em caso de mudança de planos, o sistema permite a remarcação para outra data, então pedimos a todos que fiquem atentos, não percam seu agendamento e garantam sua proteção contra a Covid-19”.

Considerando o Ranking da Vacinação atualizado diariamente pelo Governo Estadual, o município tem até a sexta-feira (8), o total de 8.798 vacinas de quarta dose (segunda dose de reforço) aplicadas, o que representa apenas 1,74%, do público-alvo (a partir dos 40 anos). Quanto à terceira dose (primeira dose de reforço), o levantamento aponta 297.700 vacinas aplicadas (58,75%) na população acima dos 12 anos.

Já os números de todo o Estado, considerando todos os 399 municípios, mostram que de terceira dose, o Paraná vacinou 5.538.391 (53%) pessoas e 403.385 (3,86%), receberam a quarta dose. No início do mês passado, a queda do número de vacinas aplicadas diariamente já estava em queda em Londrina. A vacinação que já chegou a atingir o patamar de 15 mil doses por dia, caiu para 900, conforme noticiado pela FOLHA.

No período, o secretário municipal de Saúde atribuiu a baixa na procura às informações falsas que vêm sendo divulgadas contra a vacinação em geral desde 2014. “Nós observamos que a baixa cobertura vacinal trouxe de volta doenças como sarampo, que há anos não ouvíamos falar. Uma geração toda não sabe o que é o sarampo e voltamos a ter casos, porque a nossa cobertura vacinal baixou. Isto é muito perigoso”, destacou.

'REDUÇÃO MUITO IMPORTANTE'

Para a infectologista Cláudia Carrilho, que atua no HU (Hospital Universitário) de Londrina, referência no atendimento da Covid-19 de toda a região metropolitana, a vacinação trouxe uma redução muito importante dos casos graves internados. “Londrina, assim como o País em geral, atingiu uma alta taxa de vacinação até a segunda dose, superior a 80%, mas a primeira dose de reforço (terceira dose) está pouco mais de 50% e a quarta dose tem tido ainda menos procura”, diz.

'MEU MARIDO NÃO CONFIA NA VACINA'

Uma moradora de Londrina, de 46 anos, disse que tomou somente as duas primeiras doses da vacina contra a Covid. “Acho que não vou tomar mais. É uma opção minha. Já tive a doença, passei muito mal, mas fiquei em casa. Meu marido não tomou nenhuma dose, teve a doença e disse que não confia na vacina. Conheço pessoas que pegaram depois de tomar a terceira dose. Para mim, não dá para acreditar muito nos efeitos (da vacina)”, afirma.

A especialista diz ser “necessário que a população entenda que a vacina não previne contra a infecção, mas evita que o paciente vá para a UTI como foi no começo da doença. A vacina, segundo os dados de pesquisas que têm sido publicados, oferece uma proteção em torno de quatro meses e, por isso, a necessidade de fazer as doses de reforço”.

LEIA TAMBÉM:

+ Ampliação da 3ª dose em Londrina reduziu ocupação de leitos em UTI

+ A incessante luta pela vida

+ Ex-pacientes lidam com sequelas e encaram a vida pós-Covid

+ Pesquisadores da UEL investigam os impactos da pandemia na educação

AVANÇO NO CONHECIMENTO

Ela explica que ao longo desses dois anos da doença, houve um grande avanço no conhecimento da doença. “O vírus inicial era um e hoje é outro. Sabemos que o comprometimento pulmonar é bem menor se comparado no início da pandemia, quando tínhamos muitos pacientes internados em UTI e muitos iam a óbito", relata.

"Hoje, a gente vê que é um quadro mais raro de acometimento pulmonar, mais benigno, como se fosse uma gripe, mas a transmissão está muito alta. Quanto mais casos positivos, mais aumentam as chances de casos graves, que precisam de internação. Estamos vendo um grande número de infectados e quem vai poder evitar a hospitalização é a vacinação”, reforça a especialista

MEDO DA COVID

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha revela que o brasileiro está perdendo o medo de ser infectado pelo coronavírus. O levantamento, realizado nos dias 25 e 26 de maio com 2.556 pessoas, com 16 anos ou mais, em 181 municípios, aponta que a parcela de entrevistados que se diz muito temerosa em relação ao contágio é de 37%, a menor desde abril de 2020. Enquanto que 29% declaram não ter medo da infecção, constituindo o maior índice registrado desde o início da pandemia. Em março de 2021, no auge do temor em relação à Covid, 55% dos entrevistados se diziam com muito medo.

“A gente vê isso no dia a dia. A população deixou de usar máscaras até porque não existe mais a obrigação legal, e as festas voltaram. Na minha opinião, neste momento de alta transmissão, o uso de máscara ainda é necessário em ambientes fechados e aglomerados, assim como deve ser mantido o hábito de higiene das mãos. Claro que isso hoje ficou muito mais difícil porque houve um afrouxamento por parte das autoridades, mas a gente ainda vê muita gente usando máscara e que não se infectou”, comenta a infectologista Cláudia Carrilho, do HU de Londrina.

Londrina já registrou 2.564 mortes pela doença desde o início da pandemia. Foram pelo menos 145.723 pessoas infectadas e, no momento, 604 casos estão ativos, sendo 63 internados em ambiente hospitalar. Os dados são do boletim da Prefeitura de 7 de julho.

PREFEITURA ABRE MAIS 12 MIL VAGAS

Buscando aumentar a cobertura vacinal, a secretaria municipal de Saúde ampliou o número de vagas para vacinação para 12 mil nesta semana, com horários até sexta-feira (15). São mil vagas a mais do que o ofertado na semana passada. O agendamento é feito exclusivamente pelo Portal da Prefeitura.

Atualmente, a imunização contra a Covid está disponível em todas as 54 UBSs situadas na área urbana e rural. O atendimento é feito mediante o agendamento prévio e ao chegar na unidade, é preciso apresentar o comprovante do agendamento com QR Code, um documento oficial com foto e a carteira de vacinação, com registro das doses anteriores.

As doses são oferecidas para o público em geral, a partir dos 5 anos de idade. Toda população com 12 anos ou mais deve receber a terceira dose, ou primeiro reforço; e, a partir dos 40 anos, está disponível a quarta dose, ou segundo reforço.

A reportagem fez várias tentativas nos últimos dias para conversar com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, mas não houve retorno. (Com N.Com)

***

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1