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Impactos ambientais preocupam Consemma sobre Contorno Leste

Conselho alerta que falta de dados pode até encarecer pedágio; oficialmente, Ministério dos Transportes não confirma inclusão do trecho

ATUALIZAÇÃO
09 de novembro de 2023

Lucas Marcondes
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Impactos ambientais preocupam Consemma sobre Contorno Leste

Em ofício enviado às três esferas de governo, o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consemma) manifestou “preocupações a respeito dos impactos socioambientais” envolvendo o Contorno Leste. O projeto cria uma conexão entre a PR-445 e a BR-369. Lideranças de Londrina asseguram ao menos desde agosto que já têm garantia do governo Lula (PT) para que a obra seja executada por meio do futuro contrato de pedágio a abranger a região.

São cinco queixas no documento de três páginas entregue na última terça-feira (7) à Prefeitura de Londrina, à Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seil) e ao Ministério dos Transportes. Há questionamentos sobre possíveis efeitos negativos da via de quatro pistas à circulação da fauna silvestre. Também é indagada a proximidade da rodovia com o Parque Ecológico Dr. Daisaku Ikeda, além do fato de a intervenção, segundo o colegiado, cruzar 10 cursos d’água e uma região classificada pelo próprio governo do Paraná como estratégica para conservação da biodiversidade.

O conselho afirma que a “complexidade ambiental” envolvendo a abertura da nova estrada não tem sido “devidamente considerada”, gerando dúvidas quanto a “inclusão de medidas mitigatórias e compensatórias no orçamento”. Se esse fator não for levado em conta, conforme o colegiado, o custo da iniciativa pode subir e “prejudicar o processo de concessão, ou mesmo resultar em taxas de pedágio mais onerosas para a população”.

Vale lembrar que, com base em uma estimativa repassada ainda em agosto por membros do governo federal ao prefeito Marcelo Belinati (PP), a tarifa de pedágio relativa ao lote do Contorno Leste ficaria R$ 0,20 mais cara, de acordo com declaração à época do chefe do Executivo.

CLAREZA 

“Os documentos aos quais tivemos acesso não fundamentam a necessidade do empreendimento, tampouco foram apresentados os possíveis benefícios em relação ao custo financeiro e aos impactos socioambientais esperados”, acrescenta o Consemma no ofício assinado por seu presidente, Jonas Pugina.

Pedindo “uma análise aprofundada dos aspectos ambientais”, o conselho formado por órgãos públicos e entidades também sugere a “realização de consultas públicas e um diálogo amplo com a sociedade civil e a comunidade científica para garantir que todas as preocupações e alternativas sejam devidamente consideradas”.

CAUTELA EM BRASÍLIA

Procurado pela FOLHA, o Ministério dos Transportes adotou tom cauteloso até mesmo sobre a probabilidade de o Contorno Leste sair do papel por intermédio da concessão. “O pleito relativo à inclusão das obras do Contorno Leste de Londrina — com todas as suas especificidades — será devidamente analisado. O detalhamento das obras previstas em cada etapa do processo de concessão terá ampla divulgação quando do lançamento dos editais de concessão”, escreveu a assessoria de comunicação do órgão federal.

A FOLHA contatou o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que é subordinado à Seil, e a Prefeitura de Londrina, mas não houve retorno até o fechamento da edição.

Embora não oficiado pelo Consemma, o deputado estadual Tercilio Turini (PSD), um dos defensores do Contorno Leste, comentou à reportagem que “é hora de caminhar juntos” para viabilizar o projeto. “Em toda grande obra, a discussão ambiental é importantíssima. Encaramos isso como um processo natural e importante. Essa é uma discussão que tem que ser respeitada”, emendou o parlamentar, defendendo que a estrada “vai tirar o tráfego pesado do meio da cidade, reduzir a poluição, encurtar distâncias e gerar menos consumo de combustível [para os motoristas que acessam as duas rodovias].”

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