A combinação de muitos candidatos locais para poucas vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados fez o londrinense perder força política, segundo avaliação do professor de filosofia política da UEL (Universidade estadual de Londrina), Elve Cenci. De acordo com ele, a pouca representatividade obtida nas eleições do último domingo (3) gera perda de poder político, de pressão e de força para a cidade.

“Londrina teve 50 candidatos a deputado federal e 60 candidatos a deputado estadual, então os votos foram diluídos. Se os vereadores tivessem limitado a quatro ou cinco candidatos é provável que mais dois seriam eleitos. Quem fez uma estratégia inteligente foi o PT, pois a Lenir de Assis foi a única candidata do partido em Londrina e ela fez votos suficientes para ficar na suplência”, destaca.

Dos 19 parlamentares, 13 tentaram uma cadeira na Alep ou na Câmara. Os seis que queriam ser deputados estadual somaram. Os sete candidatos à Câmara Federal obtiveram mais de 107 mil vagas. Já os seis que queriam vagas na Assembleia Legislativo 66.749 votos,.

“Se analisarmos que das 54 vagas para a Assembleia Legislativa apenas quatro são de Londrina, é muito pouco", diz Cenci, se referindo a Tiago Amaral (PSD), Tercílio Turini (PSD) e Cloara Pinheiro (PSD), que são da cidade, e Cobra Repórter (PSD), de Rolândia, mas com base de atuação em Londrina também. "Dos deputados estaduais eleitos só a Cloara Pinheiro é nova. Como ela é do mesmo partido do governador Ratinho Junior, tenha mais trânsito, assim como Tiago Amaral", acrescenta.

Por outro lado, Cenci lembra que o que se espera da Assembleia é que fiscalize e cobre o Executivo sobre as demandas de Londrina. "Se os dois têm mais acesso ao governo, ao mesmo tempo podem não fazer pressão contra em pautas que interessam Londrina para não criar dissabores”, destaca.

FEDERAL

Sobre a Câmara Federal, o professor de filosofia política observa que "cidades como Apucarana (Centro-Norte) e Arapongas (Região Metropolitana de Londrina), que possuem respectivamente 136 mil habitantes e 124 mil habitantes, elegeram um deputado federal cada uma. Então, teoricamente, uma cidade como Londrina deveria eleger pelo menos seis deputados federais, já que possui aproximadamente 600 mil habitantes”.

Filipe Barros (PL), Luisa Canziani (PSD) e Diego Garcia (Republicanos) conseguiram um novo mandato em Brasília. Eles representam 10% das 30 cadeiras paranaenses na Câmara Federal. “Se analisarmos estritamente Londrina, nós perdemos, já que no pleito passado houve a eleição do Boca Aberta, que foi cassado.", explica.

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DIÁLOGO COM PARTIDOS

Clodomiro Bannwart Júnior, que também é professor de filosofia política da UEL, concorda que a representatividade local é baixa. “Se a gente colocar que são três deputados estaduais, isso corresponde a 10% do Estado. Se levarmos em conta que Londrina é a segunda maior cidade do Paraná e levando em conta o entorno, que tem uma população significativa, nós podemos avançar tanto na esfera federal quanto na esfera estadual”, observa.

Na opinião de Bannwart Júnior, o grande problema é a proliferação de candidaturas sem chances e que acabam carreando votos para candidatos de outras regiões. “A sociedade civil organizada precisa ter mais pragmatismo para ter um diálogo franco com os partidos políticos. Não adianta nada fazer campanha a três semanas do pleito, conclamando que as pessoas votem em candidatos da região, se há uma quantidade de candidatos tão grande. Isso só vai fragmentar a votação e não vai eleger nenhum", detalha. Ele se refere à campanha “Juntos por Londrina e região”, lançada por seis entidades de classe em setembro.

Bannwart Júnior ressalta que é preciso um olhar que antecede a própria eleição e o processo eleitoral. “O importante é fazer uma leitura bastante atenta com os partidos políticos e dirigentes partidários para ter o compromisso de verificar nomes de todas as vertentes ideológicas e que tenham condições de concorrer e alimentar isso com o apoio da sociedade civil, para que de fato haja nomes mais competitivos e o cidadão londrinense tenha compromisso com esses nomes”, afirma.

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