A voz do Executivo falou mais alto entre a maioria dos vereadores durante a votação da Comissão Especial (CE) que iria fiscalizar os seguidos problemas na obra da trincheira das avenidas Leste-Oeste e Rio Branco. Com 8 votos contrários e 6 favoráveis, a Câmara Municipal de Londrina (CML) engavetou a criação do grupo. A proposta foi tratada na sessão desta terça-feira (21). Vice-líder do prefeito Marcelo Belinati (PP), Matheus Thum (PP) pediu em plenário a rejeição do requerimento apresentado pela oposicionista Mara Boca Aberta (Pros).
Além da própria autora do pedido, a CE obteve o apoio de Giovani Mattos (PSC), Jessicão (PP), Professora Sonia Gimenez (PSB), Roberto Fú (PDT) e Santão (PSC). Eram necessários 10 votos para a proposta ser aprovada.
Outros cinco parlamentares não participaram da votação: Eduardo Tominaga (PSD) e Lu Oliveira (PL) estavam em viagem oficial a Curitiba; Lenir de Assis (PT) cumpriu agenda em Brasília; Ailton Nantes (PP) apresentou atestado médico e Daniele Ziober (PP) ausentou-se do plenário para atender a uma urgência da causa animal – posteriormente, ela disse que votaria "não".
“Semana passada eu vi uma grande movimentação por parte do Executivo pedindo voto ‘não’ à abertura dessa comissão. Fico envergonhada, porque o que a gente prega nessa Casa é que haja transparência. Seria mais uma maneira de cobrar essa empreiteira. Qual é o medo da prefeitura para que possamos ir a fundo e investigar?”, questionou Mara Boca Aberta.

Comissão permanente

Quem votou contra a CE justificou em plenário que a fiscalização da empreitada é atribuição da Comissão de Administração, Serviços Públicos, Fiscalização e Transparência. De caráter permanente, o colegiado é presidido por Mestre Madureira (PP), que já foi líder do Executivo, e tem a própria Mara Boca Aberta como vice-presidente e Chavão (Patri) como membro.
“Essa comissão já está indo em todas as obras do município, não só nessa da trincheira. Sofro indo visitar minha vó ali no Jardim do Sol [bairro ao lado da edificação]. Eu não estou aqui para ganhar holofote, fazer palco eleitoral, e nem atacar ou proteger o Executivo. A gente quer, no final do ano, apresentar um relatório de todos os serviços feitos por essa comissão”, afirmou o presidente Madureira.
“A comissão permanente é diferente da comissão especial. A comissão especial iria acompanhar de perto, assim como foi feito com a Comissão [Especial de Fiscalização] da Sanepar”, rebateu Mara Boca Aberta ao lembrar do grupo instituído pelo Legislativo no fim de fevereiro para averiguar o serviço prestado pela companhia de água e esgoto em Londrina – entre os pontos problemáticos, estão os buracos deixados em ruas e calçadas da cidade.

Atrasos e custo alto

Os constantes atrasos no cronograma de execução da trincheira motivaram o Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio da promotora Sandra Koch, a abrir recentemente um inquérito civil em que busca explicações da prefeitura em relação ao tema.
As dúvidas do MP giram em torno de questões como os aditivos de majoração de valor da obra – inicialmente orçada em R$ 25,5 milhões, ela já custa R$ 34,1 milhões. Já a entrega estava prevista para janeiro, mas, conforme sinalizado no início de março pela TCE Engenharia, empresa responsável pelo serviço, a conclusão deve ocorrer em outubro.

Prefeito é chamado para falar sobre lotação em unidades de saúde

Ainda na sessão desta terça-feira (21), os vereadores aprovaram, por 10 votos a favor e 5 contra, um convite dirigido ao prefeito Marcelo Belinati (PP) para que ele explique à Casa quais providências sua gestão está tomando para resolver a lotação em unidades municipais de saúde. A data da possível agenda ainda será definida.
O requerimento partiu da vereadora Jessicão (PP), que embora do mesmo partido tem feito oposição ao chefe do Executivo. “Com a mudança de estação, já é sabido que haverá um aumento significativo, principalmente de doenças respiratórias”, escreve a proponente. O texto aponta que o município “já encontra sérias dificuldades” para dar conta do fluxo de usuários nas duas Unidades de Pronto Atendimento, no Pronto Atendimento Infantil e nas unidades básicas de saúde.
Os votos "não" ao convite foram do vice-líder do Executivo, Matheus Thum (PP); dos ex-líderes Mestre Madureira (PP) e Jairo Tamura (PL); e ainda de Deivid Wisley (Pros) e Professora Flávia Cabral (PTB).