Momento propício para pensar nosso mundo, em tempos como este que vivemos, pois uma era de incertezas se instalou definitivamente. Se antes tínhamos uma situação complexa, agora além de complexa é totalmente incerta.

Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - Percepções das incertezas
| Foto: istock

Há vários cenários, narrativas, interpretações, argumentos e muitas opiniões sendo postos nas mídias digitais, na televisão e nos jornais. Há os otimistas que falam ser um momento como outro qualquer e que estamos avançando no caminho certo. Há outros que apresentam cenários comedidos, cautelosos e que percebem não ser um tempo comum. E há os que visualizam um cenário dramático jamais vivenciado na história moderna, pelo menos no pós Segunda Guerra Mundial.

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Em todos os cenários o que se apresenta é algo novo, que não sabemos ao certo como lidar. Quais são as perguntas certas, quais são as metodologias adequadas e as possíveis interpretações e ações decorrentes.

Diante desse quadro há que se ter muita cautela, prudência e cuidado, pois lidamos com algo estranho, desconhecido fruto de uma alta modernidade (Giddens), de uma modernidade líquida (Bauman), de uma sociedade de riscos (Beck). E tudo isso se instalou de forma muito rápida. O fato é que definitivamente ingressamos numa era do antropoceno onde a espécie humana passou a acelerar sua pisada planetária de uma forma jamais vista. Sem prudência, decência, cuidado e tão pouco de forma ética compreendendo ser a casa comum finita, limitada e frágil. Há milhares de documentos da ONU, dos centros de pesquisa, de universidades, cientistas e pesquisadores que assim demonstram.

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São deles, o que parece ser a melhor indicação, não como certeza, mas com menor isenção de interesses ideológicos ou econômicos, coletando e observando dados, informações e análises científicas. Juntam-se outros tantos seres humanos preocupados com as condições de vida e de habitabilidade num planeta que está sendo subjugado a interesses obscuros e que com certa lucidez podemos afirmar que não são para todos.

Este é um dos preços de um mundo globalizado pela lógica do poder, mercado, ganância pela forma como produzimos e consumimos. Estas condições se, por um lado nos agradam, satisfazem nossas necessidades, por outro, nos colocam numa acelerada e distorcida forma de esgotar a biodiversidade e o patrimônio da natureza da qual dependemos.

Se mudarmos seu equilíbrio, mudamos a forma de suas respostas. E elas estão vindo à tona de forma crescente, conforme conhecemos pelas mudanças climáticas. Necessitamos entender melhor essa dinâmica da natureza para que nas próximas décadas possamos preservar a natureza humana que neste momento esta posta em questão.

Esta é apenas uma pequena reflexão necessária, talvez seja esta oportunidade única de pensarmos as condições da reprodução da vida com outros determinantes que até então não foram postos em evidência. Mesmo porque a natureza, sendo sábia, nos coloca mais uma vez esta oportunidade de reflexão aprofundada de nossa maneira de habitar sem guerras, armamentos bélicos, combustíveis fósseis, sem fome. Assim a casa comum que é o planeta Terra poderá, auxiliada por uma ciência séria, gerar frutos para alimentar toda a população e fornecer condições dignas de viver.

Paulo Bassani, professor universitário, sociólogo, escritor.

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