O governo do Estado lançou um programa para instalar colmeias de abelhas nativas sem ferrão nos parques urbanos do Estado. Desenvolvido pela Sedest (Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo), o Poliniza Paraná visa aliar a manutenção desse inseto ameaçado de extinção ao papel fundamental de polinização que a abelha desempenha no meio ambiente.

O projeto foi inspirado em uma carta de uma estudante do município de São João, no sudoeste do Paraná, que encaminhou ao secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, um pedido para proteger as abelhas.

Com isso, a Sedest, já sabendo do projeto desenvolvido pela prefeitura de Curitiba, procurou firmar uma parceria, em que a prefeitura entrou com a expertise e o governo com o comprometimento de disseminar a prática ambiental dentro de uma proposta de educação ambiental em todo o Estado.

Projeto-piloto no Chapéu Pensador, em Curitiba, servirá de modelo para outras cidades do Estado
Projeto-piloto no Chapéu Pensador, em Curitiba, servirá de modelo para outras cidades do Estado | Foto: Gilson Abreu - AEN

O Poliniza Paraná foi lançado no final de janeiro com o projeto-piloto no Chapéu Pensador, espaço no bairro Bigorrilho, em Curitiba, conhecido como "bosque da Copel" e que funcionava como gabinete alternativo do ex-governador Jaime Lerner. Também em janeiro houve a assinatura de um convênio prevendo que a prefeitura da capital, juntamente com técnicos da Sedest, irão capacitar os outros municípios. O objetivo é ensinar a fazer a manutenção das casinhas das abelhas e como trabalhar a educação ambiental com os insetos.

Para garantir a efetivação do projeto no Estado, a Sedest condicionou os novos projetos de parques urbanos a incluírem a construção dos jardins na etapa de paisagismo – a última a ser executada.

Portanto, os novos convênios de parques urbanos já firmados (que englobam 17 municípios), possuem como condição do projeto esses espaços. Da mesma forma, todos os novos convênios ainda a serem firmados deverão possuir os jardins.

Os 17 municípios são Santa Cruz do Monte Castelo, Quatiguá, Andirá, Cornélio Procópio, Querência do Norte, Marquinho, Santo Antônio do Sudoeste, Assaí, Moreira Sales, Flor da Serra do Sul, Cambará, Santo Antônio da Platina, Sapopema, Santa Cecília do Pavão, Califórnia, Cianorte e Arapongas. Cada município deverá pensar em um espaço para receber o Poliniza Paraná.

“Fora a polinização, tem o aspecto turístico, que pode ser muito explorado nas propriedades através desses jardins. O Paraná hoje está com mais de 100 parques urbanos em construção e nesses parques já é obrigatória a implantação dos Jardins de Mel”, explicou o secretário Márcio Nunes.

REGIÃO

Em Arapongas será construído o Parque Urbano, que prevê a contenção dos problemas erosivos na área chamada de Parque dos Pássaros. Inaugurado em meados do ano de 2000, o local onde será realizada a revitalização fica na rua Arataiaçu próximo ao Centro, sendo um dos cartões postais da cidade, com uma área total de 76,5 mil metros quadrados.

Ao todo, são três lagos represados com a presença de biodiversidade, como peixes, patos, tartarugas e outros; trilhas para caminhada circundando o corpo hídrico, bem arborizadas, com trechos acessíveis; espaços destinados ao lazer com bastante vegetação; equipamentos e mobiliários de recreação, como Academia ao Ar Livre e Parque Infantil (playground); e uma área à parte, de 3.600 metros quadrados destinada à antiga Usina do Conhecimento, que será reformada, tornando-se a Secretaria do Meio Ambiente.

Segundo a Sedest, a revitalização está orçada em R$ 2,7 milhões, sendo R$ 2,3 milhões custeados pelo governo do Estado e R$ 400 mil pela prefeitura de Arapongas. A Administração Municipal informou, por meio da assessoria de imprensa, que a licitação será aberta no dia 18 de fevereiro.

Os benefícios que as reformas trarão para os lagos serão evitar que as águas de chuva aumentem o processo de erosão e assoreamento.

Para a conservação ambiental, estão previstas medidas como limpeza e o desassoreamento dos lagos, a criação de canaletas além do ajuste de taludes e passagem e melhoria das tubulações de drenagem das águas pluviais, já que elas trazem consigo sujeira, lixo e outros dejetos, causando o assoreamento.

O projeto engloba ainda melhoria nas pistas de caminhada, uma proposta de projeto paisagístico, além da implantação de quadra esportiva e cancha de bocha, entre outros.

FASE FINAL

A Sedest explica que a instalação das colmeias de abelhas faz parte do projeto de paisagismo, que integra a fase final da revitalização do parque, cujo cronograma será definido pela empreiteira junto à Prefeitura de Arapongas após a Ordem de Serviço.

“As abelhas sem ferrão farão um grande bem para a natureza e também para o nosso parque”, declarou Sérgio Onofre (PSC), prefeito de Arapongas. Ainda não há um prazo definido para conclusão das obras de revitalização do parque.

PARCERIA

A Sedest, juntamente com a Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), irá indicar os meliponicultores (criadores de abelhas sem ferrão) da região que podem oferecer as "casinhas" para as abelhas e as próprias abelhas sem ferrão.

Também irão capacitar – com base na capacitação promovida pela Prefeitura de Curitiba – os funcionários das prefeituras para que saibam como manter e cuidar dos espaços. Qualquer município pode aderir, inclusive os que já têm parques urbanos inaugurados.

“A reintrodução de abelhas nativas nos espaços é importante porque a polinização é o processo que garante a produção de frutos e sementes, além da reprodução de diversas plantas. Por isso, as abelhas se destacam na manutenção e na promoção da biodiversidade”, explica Márcio Nunes, secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo.

As abelhas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo e são de extrema importância para a agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas. Atualmente, muitas pessoas enxergam as abelhas como vilãs e as matam, prática que deixou muitas espécies nativas na lista de ameaçadas de extinção.

“Diante disso, elaborou-se o projeto Poliniza Paraná, com a expertise de Curitiba, que criou as caixas dos Jardins de Mel para criação das abelhas e para que elas consigam fazer seu papel de polinização e geração de alimento, o mel.”

Das 420 espécies de abelhas sem ferrão do mundo, 300 vivem no Brasil e aproximadamente 38 no Paraná. Cerca de 100 espécies de abelhas sem ferrão que ocorrem no Brasil estão em risco de extinção, e isso se deve ao desmatamento, à poluição e às mudanças climáticas.

O Poliniza Paraná também é um dos meios de se alcançar as metas definidas nos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030, da ONU (Organização das Nações Unidas).