Um dos valores básicos da administração pública é a capacidade de construir o futuro por meio de planejamento e organização. No dia a dia, não se espera que os gestores sejam colhidos por surpresas a todo tempo, mas que consigam, mediante estudos prévios e gestão eficiente, entregar à população serviços cada vez mais qualificados e que atendam às suas necessidades.

Porém, em alguns momentos, situações inesperadas rompem este ciclo e exigem outro tipo de habilidade dos governantes: capacidade de adaptação, redefinição de prioridades e superação de desafios imprevisíveis.

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A pandemia de Covid-19, que completa dois anos desde que chegou a Londrina, é um evento de proporções terríveis e históricas que trouxe desafios inauditos à administração pública e à sociedade, cujas lições jamais devemos nos esquecer.

No âmbito municipal, à época em que os primeiros casos e mortes por Covid foram confirmados entrávamos no último ano de um primeiro mandato e havia foco absoluto na conclusão de obras e projetos iniciados em anos anteriores, para que o ciclo concedido pela população à administração fosse finalizado com os resultados prometidos e esperados.

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O momento em que se percebe que um novo cenário se sobrepõe a tudo que se considera prioritário é aterrador. Mas foi o que ocorreu, o advento do novo coronavírus apresentou-se com os contornos clássicos de uma guerra: há um inimigo, ele é mortal e comum a todos.

Junto ao susto, vem a necessidade de se criar um novo modelo de gestão capaz de enfrentar o inimigo e proteger a população de riscos mortais e imprevisíveis.

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Ainda nos primeiros dias, a prefeitura baixou um decreto organizando diversas frentes de trabalho, como saúde, compras públicas, voluntariado e finanças, integrando servidores de secretarias distintas para agilizar a análise de informações e tomada de decisões. Formou-se um comitê científico para a assessorar a alta administração. Contratou-se junto à UEL e ao HU (dois patrimônios de Londrina!) serviços de estatísticas da pandemia e realização de testes PCR-Padrão Ouro.

Só para se ter ideia, já foram realizados quase 100 mil testes de Covid pelo HU desde o início da pandemia, a um custo para o município inferior a R$ 30, com resultados em até 24 horas – mais rápido que os testes realizados por convênios e laboratórios privados. Na área de compras, foram realizados dezenas de processos em prazo recorde, com consulta a mais de 500 empresas, a fim de suprir a necessidade de luvas, máscaras, álcool e demais equipamentos necessários ao atendimento à população e segurança dos profissionais de saúde. Formou-se um estoque de segurança que viabilizou uma gestão segura de suprimentos durante toda a pandemia.

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No nível macro, o prefeito Marcelo Belinati assumiu a liderança do processo e abriu um diálogo direto e transparente com a população, por meio de transmissões ao vivo em que, semanalmente, atualizava o cenário da Pandemia em Londrina. E estabeleceu, desde o início, o objetivo maior: não deixar nenhum londrinense para trás!

O município chegou a contratar UTIs em hospital privado que atendeu quase mil pacientes de Covid, nos piores momentos da pandemia, com toda estrutura física e humana necessárias.

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Passou-se quase um ano até o advento da vacina, a arma que sempre soubemos ser a salvação da nossa guerra. Procuramos o Instituo Butantan tão logo saíram as primeiras perspectivas de aquisição de vacinas e, depois, com a distribuição das doses pelo Programa Nacional de Imunização, a Secretaria de Saúde deu uma verdadeira aula de profissionalismo, conduzindo a maior campana de imunização de nossa história, com hora marcada (em capitais, pacientes esperaram horas na fila da vacina por falta de agendamento prévio...) e uma dedicação inesquecível dos profissionais de saúde.

Não se pode esquecer que a solidariedade e participação da sociedade civil, Acil à frente, fizeram toda diferença na busca por doações, conserto de equipamentos e tantas outras ações que não caberiam nestas linhas – mas que foram fundamentais no resultado alcançado.

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Dois anos depois, percebemos que enfrentamos de fato uma guerra, que abateu muitos de nossos irmãos, os quais lembramos com sentimento de saudade, amor e honra. Mas constatamos também, que conseguimos (sociedade, empresas e poder público) utilizar, no momento de maior necessidade, nossas melhores armas: união, confiança, organização e foco no bem comum. É uma conquista que jamais poderá ser perdida.

A lição da pandemia de Covid-19 é de que estamos preparados para todo tipo de desafio, até os mais extremos. Com este espírito e experiência, não nos faltará energia para reforçar as ações voltadas ao desenvolvimento e crescimento de Londrina, que possui um futuro brilhante como uma das principais metrópoles regionais do país.

Fábio Cavazotti, jornalista e secretário Municipal de Gestão Pública de Londrina

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