Anunciada pelo governador Ratinho Jr. (PSD) em entrevista coletiva nesta terça-feira (29) - horas depois da prefeitura de Curitiba antecipar a flexibilização -, a derrubada da obrigatoriedade da máscara em ambientes fechados fez com que prefeitos paranaenses logo se mexessem para regulamentar a medida em seus municípios.

Em Maringá, Edson Scabora, chefe do Executivo local em exercício, apenas manteve o uso obrigatório em unidades básicas, hospitais, farmácias, clínicas, consultórios e laboratórios, além do transporte coletivo. "A queda nos casos criou uma boa margem de segurança para que flexibilizássemos esse tipo de proteção", declarou ao site oficial da administração municipal.

Já em Londrina, o prefeito Marcelo Belinati (PP) divulgou só no final da tarde como o decreto estadual seria aplicado na cidade. Segundo o entendimento do município, continua obrigatória a utilização da máscaras em estabelecimentos e serviços de saúde.

O acessório também deve ser usado tanto em locais fechados quanto abertos por pessoas com gripe e outras síndromes respiratórias. O boletim desta terça da Secretaria de Saúde mostra Londrina apenas com 178 casos ativos. Desses, 65 estão internados (17 em UTIs e 48 em enfermarias).

Na tarde de terça-feira (29), no comércio de Londrina, o decreto do governo já estava em vigor, com pessoas sem máscaras fazendo compras
Na tarde de terça-feira (29), no comércio de Londrina, o decreto do governo já estava em vigor, com pessoas sem máscaras fazendo compras | Foto: Roberto Custodio

Desde o começo da pandemia, em março de 2020, a cidade acumula 2.486 mortes.

REPERCUSSÃO

O bancário Reno Coelho comemorou a liberação, mas viu a determinação com ressalvas. "Nesses dois anos de pandemia, sempre me orientei pela ciência. Se o governador tomou essa decisão, ele tem responsabilidade em permitir a flexibilização. Porém, o mais importante é que a máscara veio pra ficar. Quem é contra esse equipamento tem que respeitar quem é favorável", afirmou.

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O aposentado Genésio Campos concordou com a posição do governo, mas ressaltou que as precauções precisam ser mantidas. "É claro que ninguém aguentava mais usar a máscara, mas ela foi e continua sendo essencial no combate ao vírus", explicou.

UNIVERSIDADE

No ambiente universitário, a UFPR (Universidade Federal do Paraná) foi na contramão do governo do Paraná. Pelo Twitter, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca reforçou que a máscara segue obrigatória para locais fechados. Na rede social, justificou a decisão após nota técnica emitida pela comissão de cientistas da universidade.

A UEL ainda não definiu como o decreto valeria para o campus. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, um grupo de trabalho se reuniria para definir uma possível regulamentação em espaços de saúde, como o CCB (Centro de Ciências Biológicas), por exemplo.

No entanto, a assessoria não estipulou prazo para os técnicos darem um parecer sobre o assunto.

NÃO ACABOU

Na opinião de Marcelo Abreu Ducroquet, infectologista do Hospital de Clínicas de Curitiba e professor da Universidade Positivo, a flexibilização tem potencial de aumentar o número de casos de Covid-19, o que necessariamente não significa gravidade do quadro.

"Se mantivéssemos as medidas de proteção, como o isolamento social e a máscara, por exemplo, as infecções poderiam aumentar do mesmo jeito. Adotar essa precaução está mais relacionado a fornecer mais fôlego para que a rede de saúde atenda as pessoas que contraíram o vírus. Essa era a realidade até que a vacinação avançasse", salientou.

O especialista não acredita que o brasileiro vai adotar a máscara como item rotineiro, semelhante ao que os asiáticos transformaram em hábito. "Flexibilização não é a mesma coisa que relaxar nos cuidados. Acho que faz sentido o governo manter o uso em hospitais, onde estão pessoas doentes e mais frágeis de saúde", concluiu.

REFLEXO NO COMÉRCIO

Segundo o superintendente da ACIL (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Rodrigo Geara, "o novo decreto indica que a pandemia está em um momento de menor risco. A queda na contaminação é uma boa notícia para todos. Quem preferir, pode continuar utilizando a máscara sem qualquer problema", frisou.

Geara ressaltou que "é interessante para o empresário manter outros protocolos de segurança, como o uso do álcool gel. Ainda não é possível avaliar o impacto financeiro da medida no comércio e nos serviços, uma vez que os comerciantes, de uma forma geral, já vinham mantendo um ambiente de segurança para os consumidores. O mais importante agora é fazer com que todos os clientes sejam bem-vindos: os que usam e os que não usam máscara", disse.

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