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COB tem até outubro para deixar prédio e procura nova sede às pressas

ATUALIZAÇÃO
07 de junho de 2022

DEMÉTRIO VECCHIOLI
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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem até outubro para achar uma nova sede. Com a promessa de levar sua estrutura administrativa para o Maria Lenk sendo adiada desde 2018, o comitê foi pego de surpresa, no mês passado, com o aviso de que o prédio que aluga na Barra, na Avenidas das Américas, está sendo vendido. Agora, tem pouco mais de 120 dias para achar uma nova casa.

O problema vem sendo mantido em sigilo pela alta cúpula do COB, que pediu a gerentes que o assunto não vazasse. Só na quinta-feira (9) é que o presidente Paulo Wanderley vai levar o tema ao Conselho de Administração, em uma reunião extraordinária convocada para tratar do assunto.

Antes prioridade, a mudança de sede foi sendo tratada em banho-maria, com o COB pagando cerca de R$ 300 mil por mês de aluguel. Até que os proprietários informaram ter recebido uma oferta de compra, abrindo a possibilidade legal de o COB cobrir a proposta, de mais de R$ 60 milhões.

Foi dado prazo de 30 dias, que está quase esgotando. A reportagem apurou que a diretoria da entidade pretende declinar da possibilidade, mas antes precisa ouvir o Conselho de Administração. Sendo confirmado o "não" aos proprietários, por contrato, o COB tem 120 dias para deixar o prédio. É esse o prazo que vai até meados de outubro.

A alta cúpula discute o que vai fazer. Uma alternativa seria levar algumas áreas para o Maria Lenk e outras para prédios voltados a negócios, o que iria na contramão do discurso de união interna usado para mudanças recentes em cargos importantes. Outra opção seria ocupar as diversas salas que o comitê tem no centro do Rio, na Rua da Assembleia, que estão atualmente fechadas, gerando grande economia em aluguel. Aí o problema seria a enorme distância para o Maria Lenk, afastando ainda mais esporte e gestão.

O mais provável parece ser a mudança para um prédio administrativo perto do Parque Olímpico, atrás do Shopping Metropolitano, região onde mora o presidente Paulo Wanderley.

O COB é único locatário de um prédio no número 899 da Avenida das Américas desde 2005, quando deixou o centro do Rio para ficar mais perto da região onde estavam sendo erguidos os principais legados do Pan de 2007: o Parque Aquático Maria Lenk e a Arena da Barra. A primeira estrutura foi concedida ao próprio COB em 2008, em contrato que vai até 2028. A segunda é administrada pela iniciativa privada.

Também chegou a ser objetivo do COB ficar com a concessão das arenas depois construídas para a Rio-2016, mas, sem contrapartida financeira da União, o comitê desistiu deste plano. Entendeu que o Maria Lenk, que além da piscina tem um ótimo ginásio de ginástica artística, laboratório, academia, e espaço para toda a estrutura administrativa do COB, era suficiente.

Quando Paulo Wanderley assumiu a presidência do COB, colocou a mudança da sede administrativa para o Maria Lenk como prioridade de gestão. Em agosto, o Conselho de Administração aprovou o movimento que, segundo o presidente, reduziria em 38% a despesa mensal com a sede. Na época, o COB disse, em nota, que tinha os recursos para custear a mudança.

"Os estudos que fizemos mostram que a redução dos custos com a mudança da sede será suficiente para pagar o investimento em apenas três anos. Esse recurso economizado passará a ser aplicado na atividade fim do COB, que é o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro", disse Paulo Wanderley na época.

Mas as contas, depois, se mostraram imprecisas. As obras que o COB precisaria fazer no Maria Lenk eram mais complexas do que se imaginou inicialmente, e o prédio, afinal, pertence à prefeitura do Rio. Existe interesse das duas partes na renovação da concessão, mas o contrato atual vence já em 2028. É arriscado para o COB bancar melhorias no prédio agora e depois perdê-lo.

A reportagem questionou o COB se levar a sede para o Maria Lenk é uma alternativa, quais opções estão sendo discutidas e por que o assunto não foi levado ainda ao Conselho de Administração. O comitê respondeu com a seguinte nota: "O Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi informado pelos proprietários da atual sede administrativa da entidade que houve uma proposta de compra do imóvel. Como definido em contrato, a prioridade para a aquisição é do COB, que tem 30 dias a partir da notificação da intenção de venda para informar se pretende exercer o direito de compra. Se optar por não adquirir o prédio, o COB passa a ter 120 dias para realizar a mudança de sede. O assunto será levado ao Conselho de Administração em reunião convocada para a próxima quinta-feira, dia 9."

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