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Luiz Geraldo Mazza 5m de leitura

O medo inibidor

ATUALIZAÇÃO
05 de junho de 2020

Luiz Geraldo Mazza
AUTOR

Maior evidência de que vamos mal politicamente é a forte presença do medo como fator inibidor. Partidos de oposição - PSB, PDT, PT, Cidadania e Rede- desaconselharam militantes à participação nos atos do fim de semana. A alegação é da condição psicossocial do momento, ainda por cima com a intervenção do presidente taxando o movimento de terrorismo, como se só o seu, que pede o fechamento do Congresso e do STF, fosse legítimo.

Não respiramos democracia, não podemos praticá-la dentro de condicionantes estreitas demais e há realmente uma atmosfera fascista que se nutre da intimidação. Fazer política com medo, sem o fluxo normal das ideias em confronto, é sinal aberto para o autoritarismo.

Virtual

Já que não podemos ter convenções virtuosas, entre 20 de julho e 5 de agosto, para eleições municipais, que as façamos virtuais. O TSE manteve o calendário eleitoral, mas ficou nítido que o pleito deva ser adiado para novembro e dezembro. A carga de problemas que encaramos é de tal ordem que o próprio presidente Bolsonaro admitiu que não apoiará nenhum candidato. Na verdade a não formalização do seu partido, cuja montagem enfrenta problemas, é a maior causa desse distanciamento, já que o teste eleitoral, se possível, seria impactante.

Potencial

O Brasil tem potencial para recuperação mesmo com a coexistência da pandemia: a retomada das obras de construção de um condomínio em Campo Largo gera 3 mil empregos. Claro que o ritmo da recuperação do comércio, de quem tanto a indústria depende, ainda é lento e não autoriza otimismos. A sinistrose é constante num país que tanto depende do consumo das famílias e tem 4,6 milhões de endividados sem qualquer perspectiva de honrar suas obrigações.

Sem contaminação

Como se aposta demais na questão das fake news há o risco de generalizações e de confundir o joio com o trigo e isso se deu com um veículo paranaense, Gazeta do Povo, arrolado, de forma equivocada, como praticante de abusos, quando tem posição doutrinária firme, de linha conservadora, cuja atuação é desempenhada com extremo rigor ao longo de sua história como mídia impressa ora voltada, dominantemente, mas não exclusiva, para a atuação digital.

Tamanho das carreatas

A vitalidade das forças políticas de governo e oposição é medida mais em manifestações de rua do que nas pesquisas, estas frequentemente negativas para o situacionismo. E Bolsonaro, pela frequência dessas carreatas e ajuntamento de apoiadores em Brasília, procura de todos os jeitos "criminalizar" seus opositores, autoproclamados antifascistas, como terroristas e pedindo que seus adeptos não vão às ruas no domingo evitando confrontos como aqueles da Avenida Paulista contra as torcidas organizadas.

Folclore

Ney Braga, comandante de unidade militar, atleticano doente, liberou os soldados Neno e Altevir, centroavante e ponta-esquerda do coxa branca, de obrigações no quartel em véspera de Atletiba. Acabou se arrependendo, pois o Coritiba venceu com dois gols dos seus soldados. Anos depois festejou o título do furacão com Neno como seu goleador.

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