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Luiz Geraldo Mazza 5m de leitura

Martírio à direita

ATUALIZAÇÃO
07 de janeiro de 2021

Luiz Geraldo Mazza
AUTOR

A remoção de Trump, prevista em lei, é cogitada, mas politicamente oferece riscos, dentre eles o de martirizar, na perspectiva da direita engajada, seu líder, ora na pior e isso numa escala mundial. A rebeldia sem causa teria motivo, numa visão fanática, para novas agressões, que tanto poderiam ser imediatas como alimentadas no fluir do tempo. 

Para o Brasil, a dura experiência dos EUA, sempre modelo maior, em que pese os seus transbordamentos imperiais, fortalece aqui a necessidade de apurar ao máximo as duas providências já tomadas nas investigações das fake news e dos atos antidemocráticos. Há aí a reação do presidente da CPMI em negar partilhamento de dados com a Polícia Federal, que está a exigir maior reflexão. 

Freios e contrapesos

Além dos freios institucionais, temos os da autoaplicação no mundo privado, com o exemplo do Facebook, Instagram e Twitter cancelando páginas de Trump. Resta saber se isso não deveria ser feito antes, embora a questão relativa à liberdade de expressão dificulte o raciocínio. E um dos maiores problemas do mundo moderno é a digitalização nas redes sociais, hoje base de todos os movimentos, como se viu em vários países e que despertou o Brasil em 2013 em cima de um aparente símbolo na singela elevação de tarifas de ônibus, um estouro da boiada. 

Arte engajada 

O crítico de cinema Armando Ribeiro Pinto argumentava que há mais ideologia nos filmes comerciais do que nos de vanguarda para acentuar que o ajuste aos enredos com água e açúcar consolidavam uma linha de valores. E nem toda ideologia sai de pensamentos sofisticados, como os do marxismo, liberalismo, existencialismo, mas de forma instintiva, como os saques de Bolsonaro com seus seguidores valendo-se da invasão do Capitólio para defender o voto impresso, uma espécie de vacina para prevenir a descrença no voto. 

O velho conflito 

Está aí com todos os detalhes de sempre o convívio conflituoso entre o governo e a APP Sindicato, agora no Judiciário, em torno do concurso de servidores temporários. A Vara da Fazenda Pública determinou que o governo se manifeste em três dias sobre o pedido de tutela de urgência em relação o edital do PSS, processo seletivo simplificado, previsto para o domingo de forma presencial nas cidades-sede dos 32 Núcleos Regionais de Educação. Permeia tudo isso a questão da pandemia e do contágio. Em Curitiba tivemos agora 17 mortos e 793 casos. 

A propósito, diz o Ministério da Saúde já ter 345 milhões de vacinas asseguradas ao mesmo tempo em que centraliza em requisição administrativa de seringas e agulhas. Chegamos aos 200 mil mortos (anteontem eram 199.043 com mais 1.266 entre terça e quarta) e 7,8 milhões de casos com mais 62.532 infecções em 24 horas. 

Folclore 

A vacina mais recomendada por Jair Bolsonaro é do voto impresso para evitar distúrbios como os havidos na invasão do Capitólio. Digitalismo é mais para agito do que voto.  

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