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Luiz Geraldo Mazza 5m de leitura

Esquerda fora de alianças

ATUALIZAÇÃO
07 de outubro de 2021

Luiz Geraldo Mazza
AUTOR

A última manifestação contra Bolsonaro, além de mostrar-se bem distante da havida a favor, revelou que um pacto à esquerda está bem mais difícil. Ocorre que esquerda sem o PT é inadmissível no cenário brasileiro e isso levou Ciro Gomes a fazer reavaliação do que as tais siglas pretendiam e que não atingiram o objetivo de combate ao bolsonarismo, sua prioridade um. Enquanto fermenta o quadro político, inclusive com a novidade da fusão entre DEM e PSL, percebe-se o PT isolado e que nessa condição ele não é, embora a projeção do lulismo, a força dominante nas pesquisas. 

Persistindo a polarização Lula-Bolsonaro, a maior das perplexidades será daqueles que pensam em alianças redutoras capazes de gerar fato novo no embate. Teoricamente há nomes capazes de identificar outras linhas, como Sergio Moro (a opção vai por conta de Alvaro Dias e outros dois senadores da bancada paranaense em nome do Podemos) e do Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que tem potencial, como revelam suas intervenções, para uma indicação da natureza. 

Lula e Bolsonaro priorizam o Senado em 2022 em detrimento dos governos estaduais e o presidente colocou como indispensável a sua escolha nos quadros da Câmara Alta como condição ratificadora da aliança DEM-PSL. 

Guerra à reforma 

Já há na mesa uma proposta: o ICMS incidiria sobre o preço médio dos combustíveis nos últimos dois anos com o objetivo de reduzir o valor da gasolina. Quem pilota a proposta é Arthur Lira, presidente da Câmara, mas não há consenso, já que siglas de centro e de esquerda entendem que haveria perda de arrecadação estadual em níveis dramáticos. O desempenho do Paraná nesse particular é argumento forte contra a acusação de que no ICMS estaria a causa geratriz do problema. Para Lira a redução do preço da gasolina seria alcançada e a votação da matéria ficou para o dia 13. Estados e municípios se empenham em derrubar a proposta, entre eles o presidente do Comsefaz, Rafael Fonteles, que age sempre no sentido do consenso entre as pastas estaduais da Fazenda. Apareceu no Senado uma nova versão de reforma tributária ampla que funde estadual ICMS e municipal ISS no novo IBS e prevê PIS e Cofins virando CBS. Autores da proposta são o presidente Rodrigo Pacheco e o senador Roberto Rocha. 

E o offshore, como fica? 

Além da providência da Procuradoria da República, Câmara e Senado aprovaram requerimentos para ouvir Paulp Guedes e Roberto Campos Neto, do Banco Central, sobre offshores em paraíso fiscal. Na Câmara o ministro foi convocado e está obrigado a ir. O fato veio em meio a um documento que tratava do tema alcançando mais de 300 personagens. Tanto Guedes como Campos Neto deram explicações sobre o fato e seu conhecimento pelos órgãos de controle. 

O novo Bolsa

Um alerta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco: a responsabilidade pelo financiamento do novo programa social que substitui o Bolsa Família não pode cair apenas no colo do Congresso Nacional no momento em que há pressão para que se aprove a reforma do Imposto de Renda para abrir espaço fiscal ao programa. Pacheco fez essa declaração em evento sobre reforma tributária promovido pela Confederação Nacional da Indústria. 

PR-445 em foco

O DER já começou a avaliar propostas para duplicação do trecho da PR-445 de Mauá da Serra a Lerroville. Doze consórcios habilitados entregaram os envelopes com a documentação e a proposta. A extensão total é de 27,077 km com valor estimado em R$ 216 mi. "Em breve esperamos trazer a notícia do lançamento do edital para a licitação do trecho Lerroville a Irerê finalizando a duplicação", diz Tiago Amaral, deputado, que abraçou a causa. 

Folclore 

Depois de ferir de morte a Lava Jato as prioridades mudaram e tanto que a Câmara acaba de aprovar projeto que abranda a Lei de Improbidade. A elite, que derrotou a maior ação contra a corrupção, consolida o comando da situação, reduzindo e nunca agravando as penalidades à corrupção. São os novos tempos com nada de novos.     

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da FOLHA

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