Três dias, oito vinícolas, 37 vinhos, sete espumantes, uma grapa, um pisco e um brand. Esses são os números de uma rápida visita às serras catarinense e gaúcha, recentemente, para conhecer o trabalho de algumas vinícolas brasileiras. O resultado? Uma grata e deliciosa surpresa. O Brasil faz vinhos muito bons. E, para nossa tristeza, nem todos esses estão disponíveis nos supermercados nem são tão acessíveis ao consumidor, seja por conta do bolso ($) ou porque, na sua grande maioria, a produção é pequena e destinada a boutiques de vinho.

Entre as vinícolas visitadas estão a Villa Francioni, em São Joaquim, famosa por produzir o vinho rosé homônimo que conquistou o paladar da cantora Madonna, em 2009. Já na Serra Gaúcha, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, passei pela Torcello, onde fui muito bem recebido pelo sommelier Dante Antunes, que prendeu nossa atenção em cerca de duas horas de tour e degustações. Do outro lado da cidade, no Caminho das Pedras, foi a vez de visitar a Casa Fontanari, onde ganhamos o enotour com sete vinhos, dois espumantes e três destilados. Mas, nesse caso, tive de pedir que eles mandassem minhas compras pelo correio porque já não havia espaço no carro.

Fábio Luporini num tour pelas vinícolas
Fábio Luporini num tour pelas vinícolas | Foto: Divulgação

O interessante é que, infelizmente, os vinhos produzidos no Brasil aos quais temos acesso de modo mais fácil não são os melhores rótulos. E você só descobre isso se os bebe da fonte. Literalmente. Porque é preciso visitar cada um dos produtores para conhecer seus produtos. E, dependendo do modo como te apresentam, você sai dali fã. Minha dica é conhecer as mais artesanais, as familiares e as coloniais. Fiz um roteiro que visitou oito vinícolas, além de algumas lojas e bodegas, todas as que me retornaram positivamente e que, claro, estão seguindo os protocolos de saúde contra o coronavírus que permitem uma visita segura.

Deixo a Serra Gaúcha com uma vontade enorme de degustar mais e mais vinhos brasileiros que vou ter de comprar pela internet diretamente na loja de cada vinícola. Se você vai às lojas de Bento Gonçalves e região ou de Gramado e Canela, por exemplo, até encontra esses rótulos, que nem sempre deixam seus estados de origem para ocupar as prateleiras das lojas de outros lugares. O que é necessários para que o vinho brasileiro seja mais conhecido pelo consumidor brasileiro? Talvez menos impostos? Talvez mais produção (algumas vinícolas têm produção limitada pela artesanalidade)? Ou, talvez, menos preconceitos com o produto nacional. Se você ultrapassar essa barreira, verá que os vinhos das serras catarinense e gaúcha são muito superiores!