Fizemos esfirra (ou esfiha?). Ou melhor, minha mãe, meu pai e minha irmã. Eu mesmo estava tirando um leve cochilo no fim de semana e, quando despertei, já estava quase tudo pronto. Inclusive prestes a ir ao forno. A variedade por aqui foi de carne e queijo. Os formatos? Os mais diversos: fechada, aberta, quadrada ou redonda, porque não souberam moldar a massa muito bem. Não importa. A massa mesmo estava divina! E o recheio, delicioso. Particularmente, não sou muito fã das esfirras de queijo. Não sei dizer por quê. Então, prefiro as de carne. Gosto raiz mesmo.

Esfirra: da receita original, com recheio de carne, a inúmeras variações
Esfirra: da receita original, com recheio de carne, a inúmeras variações | Foto: iStock

Originária da Síria e do Líbano, é muito provável que tenha se popularizado no país a partir da imigração desses povos por aqui, principalmente, depois que Dom Pedro II, então imperador do Brasil, fez uma visita ao Oriente Médio divulgando as belezas brasileiras, entre 1871 e 1876. De lá para cá, sírios, libaneses e outros povos do Oriente Médio incluíram o país na sua rota de destino e, com eles, trouxeram costumes e culinárias deliciosas, incorporadas ao nosso paladar e cotidiano até hoje. Em Londrina, por exemplo, temos diversos restaurantes especializados em cozinha árabe, daquelas de verdade mesmo. E famílias inteiras que ainda preservam costumes gastronômicos precisos.

No caso da nossa receita, aqui em casa, é uma herança de família, de uma tia do meu pai que morou no interior de São Paulo. Uma massa macia mesmo, diferenciada. Não sei onde ela aprendeu e nem sei se é a mais próxima da original. Só sei que minha avó fazia e nós, seus netos crianças, adorávamos. Até que minha mãe resolveu resgatar algumas receitas daqueles caderninhos que as avós anotavam tudo à mão, sabe? E, dentre elas, a da massa da esfirra, que serve para pão e pizza também. E você, gosta de esfirra? Qual sua preferida? O brasileiro, claro, modernizou e inventou novos sabores. Tem até as doces!

Mas, o importante mesmo, é destacar essa gastronomia afetiva, uma tendência potencializada pela pandemia porque reuniu mais as pessoas em casa, em torno do fogão e em volta da mesa. Esse tipo de culinária é, inclusive, um ingrediente essencial ao programa Multi Chef, sucesso da Multi TV. Outro dia, por exemplo, o Thiago Vieira cozinhou um nhoque com um amassador herdado da avó. Já a Ana Paula e o Pablo, chefs da Menu Escola de Gastronomia, nos receberam onde, antigamente, era a casa da avó dela, um cantinho cheio de histórias e lembranças. E tantas outras receitas e histórias que temos a alegria de compartilhar, semanalmente! Viu só como tem história e afeto em uma simples esfirra?