Crônica dos cinco sentidos
Quanto ao quarto sentido, o tato, descobri o Abração! Filha foi morar longe, e, no primeiro abraço, não só apertou forte como não desabraçou
PUBLICAÇÃO
sábado, 27 de agosto de 2022
Quanto ao quarto sentido, o tato, descobri o Abração! Filha foi morar longe, e, no primeiro abraço, não só apertou forte como não desabraçou
Domingos Pellegrini
1
Alguém me disse que tu andas novamente de novo amor, nova paixão, toda contente... O bolero sai do armário da lembrança e se intromete entre um pensamento e outro, como se tivesse vida própria. E de repente dá aquela baita vontade de agradecer por viver num tempo que misturou bolero e rock, samba e baião, sinfônica e jazz, a banda do circo da infância, a viagem da vitrola ao streaming.
Mas nada foi melhor que ouvir o mestre Silêncio, aprender a silenciar a boca e a mente, para ouvir os passarinhos, os grilos, os sapos no brejo e estridência incessante dos insetos, os latidos ao longe e o grito agudo do gavião, em sinfonia sem fim.
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2
Continuo aprendendo a comer. Fui menino de afanar dinheiro da carteira do pai pra se encher de sorvete, mas fora isso jamais lamentei ter comido fosse o que fosse, até virar macrobiótico. Nem sei bem porque, talvez porque, despindo uma crença, precisava me cobrir de outra.
Emagreci e me fortaleci como só, mascando arroz integral com algas, até algo dizer chega. Aí fui pro outro lado da ponte, passando a gostar de carne e me apaixonando por churrasco, tinha sempre espetos e carvão no porta-malas. Cheguei ao ritual de assar costela em seis horas de braseiro, até os ossos saírem com puxada de mão, e era de comer de todos os espetos do rodízio.
Essa carnificeira passou, embora de tudo fique um pouco, conforme o poeta, contracoxa de frango de vez em quando, de quando em vez bistequinha de porco. E Doutor Tempo foi recomendando mais frutas e legumes, verduras e integrais, lutando sempre lutando para não me render aos doces e frituras.
Agora estou aprendendo a comer de tudo com moderação e intensão, ou seja, a magia e o perfume de, por exemplo, comer um legume de cada vez. O gosto mesmo de cada alimento só se sente com só um na boca. Isso, na primeira metade da refeição. Na segunda metade, misturo todo e esqueço de pensar em comida pra não azedar a vida.
3
Com álcool parei creio que a tempo de nem me prejudicar nem me arrepender. Desde antes do imperador Alexandre a morrer de bebedeira, como o álcool participa da História! Até porque é um dos maiores pagadores de impostos, junto com o fumo, e os dois se vingam com câncer, enfartes e etc onerando o sistema de saúde. Não tenho saudade.
4
Quanto ao quarto sentido, o tato, descobri o Abração! Filha foi morar longe, voltou, e, no primeiro abraço, não só apertou forte como não desabraçou, falou continua, continua, porque abraço tem de ser curto? Nem tem de ser longo demais, se a gente fosse viver abraçado seria concha. Mas é muito bom, recomendo com entusiasmo e moderação. Abração, o abraço de alma e coração.

5
Quanto à visão, vemos cada vez menos imprensa e mais internet, essa mistura de revista viva com enciclopédia. A própria imprensa se internetou, a BBC virou site, o rádio se podcastou. E todo mundo e qualquer um pode ser seu próprio divulgador e editor. Nunca os olhos viram tanto mas, como sempre, tem coisa que dá gosto e coisa que dá nojo ver, tanta sujeira e cegueira política, religiosa ou ideológica. Mas já não queimam bruxas em fogueiras, só virtualmente...
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