A vez dos desajustados

Eu tenho visto profissionais a quem chamo de "maravilhosamente peculiares", mas que outros os chamariam de "problemáticos".

Estou em constante processo de procura de talentos. Acho que, no fim das contas, eu esteja mesmo à procura de quem gosta de aventuras, até porque os fãs de aventuras tendem a ser estranhos. Então, acho que eu devesse dizer: "Vinde a mim todos os desajustados em relação à manada social que só quer facilidade e dinheiro fácil que eu terei uma oportunidade de ouro para todos vós!"

É sério!

Você já deu uma espiada no livro de História do seu filho? Aquilo é um verdadeiro almanaque de desajustados. Alexandre, o Grande. Napoleão. Beethoven. Einstein. Moisés. Mozart. Joana D’Arc. De Gaulle. Winston Churchill. Copérnico. O Rei David. Só encrenqueiros!

Precisamos importar urgentemente tudo o que achamos natural num livro de História do ensino médio para as nossas empresas: "Bem-vindos, fazedores da história!"

Eu, aliás, ampliaria essa ideia para toda a nossa família empresarial incluindo clientes – fiéis, peculiares, audaciosos, que voltam para comprar por causa do atendimento sem se importarem muito com preço – arrastando a empresa para notáveis paisagens; fornecedores - inventivos, pirados, ousados, que fazem a empresa questionar toda premissa sobre o negócio; e assim por diante.

A empresa de hoje, a meu ver e a de muitos empresários cansados do turn over dos imbecis que só querem emprego em lugar de trabalho, carece de pessoas que desejam fazer diferente, tudo diferente, bem acima do que todo mundo chama de "normal" ou acredita bastar para que pareça bem. Chegou a hora dos "anormais".


A propósito, permita-me uma pergunta: Como você classifica a si mesmo na "Escala dos Desajustados?" Ou de outro modo: "Você é normal?"




Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina