O Quociente de Inteligência, QI, é uma tentativa de quantificar as capacidades intelectuais humanas em um único número, remetendo à ideia de que a complexidade cognitiva pode ser resumida em uma medida comparável à pontuação em um videogame.

Originalmente concebido para identificar estudantes que necessitavam de suporte adicional no ambiente escolar, o QI evoluiu para um critério de admissão em sociedades exclusivas para indivíduos com alta capacidade intelectual, como ‘clubes de gênios’. Entretanto, sua aplicabilidade torna-se controversa – e até questionável sob o ponto de vista legal – ao ser considerado como um parâmetro para seleção profissional.

Comparar a escolha de um profissional com base em seu QI a selecionar um vocalista pelo seu desempenho cantando no chuveiro seria uma simplificação cabível. Os testes de QI avaliam habilidades valiosas, como a capacidade lógica e a memória, mas falham drasticamente em capturar competências essenciais para o sucesso no ambiente de trabalho, tais como liderança, trabalho em equipe e criatividade na resolução de problemas.

Além disso, fatores como experiências de vida, educação formal e até hobbies, como resolver palavras cruzadas, podem influenciar os resultados do QI, questionando a validade deste como critério único de seleção. A dependência excessiva do QI ignora a necessidade de um conjunto diversificado de habilidades no mundo corporativo contemporâneo, onde dinamismo e visão estratégica são indispensáveis.

O cenário corporativo atual demanda profissionais com um leque ampliado de qualidades, transcendendo os limites estreitos impostos por uma métrica como o Quociente de Inteligência. Reconhecer a importância de habilidades multifacetadas no trabalho é fundamental para o desenvolvimento e a inovação nos negócios, evidenciando a necessidade de abordagens mais holísticas na avaliação de potenciais colaboradores.

* A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.