Londrina completou nesta semana um ano de vacinação contra a Covid-19. A segunda maior cidade do Estado tem cerca de 73,7% da população total imunizada com as duas doses ou dose única e 23% com a terceira, de reforço. Esse percentual considerável de vacinados também tem feito a diferença nos hospitais que tratam a doença no município: o HU (Hospital Universitário), pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e o Evangélico, que atende pacientes particulares, por meio de convênio.

Imagem ilustrativa da imagem Maioria dos internados em Londrina não tem esquema vacinal completo
| Foto: Isaac Fontana - FramePhoto - Folhapress

Médicos e especialistas que atuam nestas instituições relatam que desde que a aplicação de doses teve início, o perfil dos pacientes internados também se alterou. “No começo da pandemia (em 2020) tínhamos um predomínio de pacientes idosos. Assim que iniciou a vacinação deste público, e depois que recebeu a segunda dose, tivemos uma redução grande de admissão desta população com mais de 60 anos, que passou, na época, de mais de 70% dos pacientes para em torno de 30%”, destacou o infectologista Marcos Tanita, que atua no HU, onde também é membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

Neste ano tem sido os prontos-socorros e a assistência básica que estão sobrecarregados diante da escalada vertiginosa de casos de síndromes respiratórias. No Evangélico, a média de 200 atendimentos por dia no setor já está em 400. “Até dezembro tivemos uma baixa interessante e importante, o que atribuímos à vacinação. Teve um aumento (na procura) no começo deste ano e sabemos que a ômicron tem a ver com isso. A exposição das pessoas nas festas de final de ano intensificou o processo. Da nossa demanda, a maioria estava na praia, viajando, em fazendas, reuniões familiares. Teve esse boom”, comentou Rodrigo Bettega, diretor Técnico Assistencial do hospital.

Só que, diferentemente do passado, do período sem vacinação ou com a campanha engatinhando, a maioria dos casos tem sido leves ou moderados. “Antes, de 25% a 50% de quem procurava o pronto-socorro necessitava de internamento. Hoje baixou para 5%. Se tivéssemos este cenário de busca no passado estaríamos ‘quebrados”, frisou o médico.

Os profissionais de saúde também têm notado que muitos daqueles que necessitam de um leito hospitalar não estão com o esquema vacinal completo, ou seja, não receberam a segunda ou terceira dose, caso esteja no prazo, ou que não foram vacinados com nenhuma. No Hospital Universitário a percepção é de que o percentual varia entre 65% a 70%, mudando conforme o dia, e no Evangélico aproximadamente 80%, levando em conta apenas a UTI. Os números não são oficiais, mas a partir da consideração dos especialistas nas instituições.

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COMPROMETIMENTO PULMONAR

Outro fator observado é de que a hospitalização, mesmo quando ocorre, tem sido com menor gravidade, o que não quer dizer que não existam pacientes em estado crítico. “Tem um percentual grande de pessoas que vêm para o hospital por outro motivo e descobre a Covid. Teve um paciente, por exemplo, que foi internado com traumatismo craniano e inconsciente. Foi colhido o swab e veio positivo. Ao analisar o pulmão não tinha comprometimento de Covid. Temos recebido pacientes que internam com síndrome aguda grave, com hipótese de Covid, mas teste negativo. Acaba sendo outra doença, como pulmonar crônica, insuficiência cardíaca descompensada”, explicou Tanita.

“O perfil da doença mudou. Estudos novos, e vemos isso clinicamente, mostram que a variante ômicron é mais transmissível, mas afeta menos o pulmão. As pessoas têm chegado com comprometimento menor do pulmão e se na internação vai para o oxigênio sai mais rápido. Antes ficava uma semana, dez dias. Atualmente o período é de três a quatro. Nosso estoque (de oxigênio e medicamento) está tranquilo”, relatou Bettega, que também destacou que a estrutura de coronavírus foi “atualizada”, já que também estão tendo internações pela gripe H3N2.

O Hospital Evangélico tem 32 leitos de enfermaria particular exclusivos para Covid e 21 de UTI. Na terça-feira (18) pela manhã a ocupação estava em 80% e 70%, respectivamente. O HU tem à disposição 51 leitos de enfermaria e 50 de terapia intensiva para adultos. A ocupação, na quarta-feira (19), era de 98% na enfermaria e 18% na UTI.

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| Foto: Carl de Souza - AFP

CRIANÇAS

Com o início da campanha de vacinação infantil, dos cinco aos 11 anos, o pedido dos especialistas é para que as famílias procurem o imunizante. “Há um ano não víamos crianças internadas e percebemos que passou a aparecer. Muito menos que adultos, mas têm”, disse Rodrigo Bettega. “Percebemos o aumento no número de casos de crianças. A transmissão da doença está muito elevada e ocorre, normalmente, dentro do domicílio. Pais ou familiares não vacinados ou com vacinação incompleta podem ser um risco para as crianças, que, contraindo o vírus também podem transmitir”, alertou Marcos Tanita.

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