Praticamente um terço dos municípios paranaenses já têm registros do novo coronavírus. Das 399 cidades do Estado, 131 têm casos confirmados da doença, segundo aponta o boletim divulgado nesta sexta-feira (1º) pela Sesa (Secretaria Municipal de Saúde). O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, alerta que os números vão aumentar ainda mais e que a confirmação de novos casos em municípios sem registros da Covid-19 até o momento é uma questão de tempo. Ele calcula que o Paraná deve atingir o pico da doença no final deste mês e reforça a necessidade de se manter as medidas de isolamento social.

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| Foto: Ivan Fuquim/Sesa

A Covid-19 chegou a todos os municípios paranaenses com população acima dos 35 mil habitantes, exceto as vizinhas Irati e Prudentópolis (Centro-Sul), São Mateus do Sul (Sul do Estado), e Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro.

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“Estamos com um trabalho bem estruturado, mas ainda não chegamos no pico da doença, que deve ser no final de maio. A doença vai se espraiar para todas as cidades”, avalia o secretário. Segundo ele, a situação de equilíbrio observada no Paraná até agora em relação a outros estados do país é resultado do esforço de toda a população, do governo do Estado e dos prefeitos, que decretaram medidas de isolamento social desde março. Mas Beto Preto ressalta que o Estado não está em uma “zona de conforto”.

Dados da Sesa mostram que em um mês, o número de pessoas infectadas no Paraná cresceu 514%, saltando de 229 no dia 1º de abril para 1.407 no dia 30. As mortes passaram de três para 86 no mesmo período. E o primeiro boletim de maio mostra 1.447 registros da doença e 89 óbitos. Em 24 horas, foram computados 40 novos casos e três óbitos.

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| Foto: Folha Arte

Mais leitos de UTI

Diante da evolução da doença, Beto Preto reforça que a melhor prevenção contra a Covid-19 é a manutenção do isolamento social e defende que não é o momento de relaxar as medidas de distanciamento sob o risco de provocar um colapso no sistema de saúde. “Montamos uma estratégia diferente dos outros estados, que é utilizar o que já temos contratado ampliando leitos de UTI para pacientes com suspeita ou confirmação de coronavírus. Essa estratégia vai nos fazer dobrar o número de leitos de UTI adulto no Paraná”, disse o secretário. Com a ampliação de mais de 700 leitos, o Estado deve ultrapassar os mil leitos de terapia intensiva destinados a pacientes adultos. “Se tudo der certo, em 30 dias vamos ter 1.250 leitos.”

Quando questionado se essa quantidade de leitos será suficiente para atender a demanda no ápice da doença, Beto Preto lembrou que é o que o Estado tem condições de estruturar. “Não adianta falar que vamos montar seis mil leitos novos porque não temos nem gente para tocar esses leitos. Além de médicos intensivistas, que demoram para ser formados na especialidade, a UTI demanda nefrologistas, pneumologistas, anestesiologistas, é uma gama de profissionais que tem que gostar do que faz. Trabalhar na UTI é trabalhar no fio da navalha da vida e da morte o tempo todo. Esses pacientes de Covid-19 que vão para a UTI são de uma gravidade aterrorizante.”

Ampliação da testagem

Além das medidas de isolamento, destacou o secretário, a testagem da população é uma medida que tem ajudado a controlar o avanço da doença. Segundo ele, as regionais de saúde do Estado já fizeram 20 mil testes RT-PCR, considerado padrão ouro para a detecção da Covid-19, e estão sendo feitos também os testes sanguíneos que auxiliam no bloqueio de pacientes pelos serviços de epidemiologia. Outros 60 mil testes devem ser distribuídos aos municípios. “O Ministério da Saúde informou que vai investir fortemente em testagem, ampliando os testes para 46 milhões.”

Com o reforço do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, pertencente à Fiocruz, o volume de testes deve aumentar entre 150% e 200% diariamente. “Hoje, fazemos de 500 a 600 testes por dia. Poderemos chegar a 1.500, 1.600 a partir da semana que vem para os testes RT-PCR”, disse o secretário.

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