Imagem ilustrativa da imagem Pandemia provoca embate velado entre políticos e setor econômico
| Foto: Reprodução/Facebook

O isolamento social instaurado para segurar o avanço do novo coronavírus põe em lados quase opostos o poder público, que tem mantido a quarentena, e o setor produtivo, que pede uma retomada gradual ou total das atividades para reduzir os danos à economia. Ao mesmo tempo em que ambos têm opiniões contrárias, todos os lados adotam discurso de tom conciliador.

Nesta sexta-feira (3),, prefeitos da Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paraná), da qual Londrina faz parte, decidiram prorrogar o fechamento do comércio por mais uma semana, No mesmo dia, Londrina registrou a primeira morte pelo coronavírus e o prefeito Marcelo Belinati (PP) também fechou o acesso a locais públicos como o Zerão, o Largo Igapó e parquinhos para crianças.

Baixado por meio de decreto municipal, o isolamento social em londrina paralisou os setores produtivos até o dia 5 de abril, permitindo o funcionamento apenas de setores considerados essenciais, como supermercados e farmácias, além de outros que podem funcionar com serviços de entrega. Mundialmente, a tática é considerada a mais eficaz para evitar a proliferação do Sars-Cov-2, o vírus que provoca a covid-19.

Na noite de quinta-feira (2), o prefeito Marcelo postou em suas redes sociais um vídeo com imagens da cidade vazia e uma mensagem que indica a prorrogação do decreto. O vídeo contrasta locais e ruas de Londrina sem trânsito de pessoas ou veículos com recordações de quando os espaços públicos ficavam cheios. “Mas agora, nesses dias tão difíceis, a gente sente falta da vibração das ruas, da academia, da sala de aula, de todos. Tudo tão diferente, estranho, quase irreal. Mas vai passar. Tudo passa”, diz o narrador, em off.

No fim da peça, o narrador pede: “Dê o melhor de você agora. Fique em casa, permaneça firme, viva com toda a força este momento. Nós iremos vencê-lo juntos.” A peça foi produzida pelo N.Com (Núcleo de Comunicação) da prefeitura, com texto atribuído ao prefeito e à coordenadora do núcleo, a jornalista Carla Sehn.

O LADO EMPREENDEDOR

Do outro lado, o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes, expõe a angústia de quem quer o retorno das atividades comerciais. Em sua conta no Facebook, o empresário pede “calma” e argumenta que não existe “lado certo ou errado”. “Preservar vidas não é uma opção ou escolha. É prioridade”, escreve.

Mais adiante, ele pede respeito “às pessoas que querem ficar em casa para se proteger e respeito àqueles que não querem ver o seu negócio de portas fechadas, com grande possibilidade de não conseguirem reabrir depois”.

Em um discurso conciliador, ele ressalta que “todos estão com medo”, reitera que a vida é prioridade e diz que a proposta é fazer “uma reflexão sobre o fato de que semear ódio é o oposto daquilo que deveríamos estar fazendo”.

Por meio da assessoria de imprensa da Acil, Moraes recordou que a sociedade civil organizada se mobiliza de vários como, como para arrecadar alimentos e produtos de higiene para pessoas necessitadas, conseguir meios de a UEL (Universidade Estadual de Londrina) fazer testes do coronavírus e fornecendo linha de crédito especial para auxiliar empresários.

Também afirma que a entidade elaborou estudos e protocolos para que o comércio, a indústria e os serviços voltassem a funcionar, gradualmente, dentro das recomendações dos órgãos da saúde. “A decisão final não é nossa. Cabe à Prefeitura decidir pela reabertura ou não. Esta é uma crise que atinge a todos. Sabemos que o momento exige união para conseguirmos sair dessa pandemia com o menor prejuízo possível”, disse.

Por isso, nossos encontros com representantes da classe empresarial, poder público e órgãos de saúde, têm sido diários para a melhor tomada de decisão para este momento, preservando, acima de tudo, a vida das pessoas, e lutando incansavelmente pela sobrevivência das empresas.

(Atualizado às 15h10 de 4 de abril, com novas informações sobre o avanço do coronavírus e o fechametno de áreas públicas em Londrina)