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EDITORIAL 5m de leitura

Londrina rumo aos 100 anos

ATUALIZAÇÃO
09 de dezembro de 2019

Folha de Londrina
AUTOR

Se fosse uma pessoa de 85 anos, diríamos que cumpriu um ciclo atingindo a longevidade. Deixaria descendentes, filhos, netos e bisnetos, sementes para o que virá, podendo até mesmo morrer sossegada. Mas é uma cidade. A longevidade será medida em séculos, já o ciclo, de oito décadas e meia, cumpriu numa velocidade que deixou perplexos os historiadores.

Londrina precoce nos anos em que o “boom” do café atraia pessoas de várias regiões do País e muitos estrangeiros. Londrina empoeirada, com seus jeeps de tração que aguentavam o barro e a chuva. Londrina dos automóveis, dos filhos e netos montando concessionárias porque descobriram que aqui as pessoas gostavam de motores e de aviões, de voos rasos e altos.

Londrina precoce em noites de ave-maria, costumes profanos e música de baile, tocada pelo vento da abundância que trazia virtudes e vícios, uma cidade feita de vida como uma mulher independente e séria como os homens de negócios que nunca suportaram a gravata.

Londrina adulta, com porte esguio aos 85 anos. Cidade que se estica para o o leste e o oeste, para o norte e o sul, em distritos que plantam grãos e gastronomia cabocla. Cidade adulta, salva pelos ciclos de ouro e abatida pelas geadas, pródiga em atrair a riqueza e ver a pobreza crescer nas periferias como toda cidade que envelhece.

Londrina que precisa de reparos e os conquista. Mãe das vias rápidas e dos hospitais bem equipados, íntima do cheiro do café em grão e da bebida solúvel. Sombra e sol nas jornadas de peões de obras e trabalhadores de shoppings. Tem um ar de metrópole com tecnologia de ponta e uma juventude eternamente universitária.

Londrina da esquerda e da direita. Londrina múltipla.

Cidade dos shows sertanejos e do blues que lhe confere a emoção necessária. Londrina das orquestras e dos coros. Do cinema e do teatro plantados em canteiro de obras culturais. Dos esportes como handebol e a ginástica rítmica. Da culinária do caldo de feijão e dos sushis artisticamente desenhados.

Londrina dos parques de Burle Marx e do Lago Igapó - espelho de Narciso do céu mil vezes fotografado. Cidades das nascentes com cheiro de mato e dos poentes de diesel e fumaça.

Londrina das ruas estreitas e das avenidas por onde vem o futuro, desafiador como a origem da cidade que a FOLHA abraça nos seus 85 anos, caminhando e cambiando palavras que nos levam à imaginação do que será?

Mais 15 anos e Londrina terá um século. O vinco dos anos lhe darão a atmosfera de um Calçadão imaginário mil vezes pisado, com o tempo passando no Relojão que viu seu passado e acerta o futuro como dois ponteiros permanentemente no alto. Cidade dos edifícios, uma das mais verticalizadas do País, seus olhos enxergam longe e os seus 100 anos estão bem ali, na velocidade de uma vida fértil e de descendências asseguradas pelo amor do que a conhecem porque nasceram aqui ou foram recebidos de braços abertos.

Neste aniversário de Londrina,  a FOLHA agradece seus leitores pela preferência!

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