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Londrina: 89 anos de progresso, inovação e sustentabilidade

A cidade prospera economicamente, mas precisa aumentar seu valor nos salários do setor privado

ATUALIZAÇÃO
22 de dezembro de 2023

Katiane Fátima de Gouvêa
AUTOR

Londrina, berço de uma história marcada por visão empreendedora, completa 89 anos neste

mês de dezembro. Fundada em 1934, a cidade emergiu da vasta extensão de terra roxa do Norte do Paraná, anteriormente uma densa floresta. O espírito visionário de seus pioneiros, principalmente os provenientes de Minas Gerais e São Paulo, marcou a colonização espontânea que ocorreu entre 1904 a 1908, desbravando a região, moldando-a para o que viria a ser.


A região viu um desenvolvimento acelerado após 1922, quando o governo passou a conceder terras para a iniciativa privada. Em 1924, a Companhia de Terras Norte do Paraná, ligada à inglesa Paraná Plantations Ltd., impulsionou a transformação da região com uma abordagem inovadora, incluindo a distribuição de títulos de propriedade e a subdivisão de terras em lotes menores.


Este modelo promoveu uma redistribuição de terras não estatais, impulsionando a agricultura, especialmente a cafeicultura, e o crescimento populacional e urbano.
Londrina hoje possui matriz econômica voltada a serviços, mas o agronegócio continua sendo muito importante. Neste ano, Londrina demonstrou um crescimento notável nas exportações, saltando da 14ª para a 6ª posição no Paraná, recuperando a posição perdida em 2017.


São quase 1 bilhão de dólares exportados. Soja, milho, café e açúcar são os principais itens da cesta exportadora. Este ano, a soja foi a grande protagonista com um salto exponencial. Esse avanço reflete a capacidade da cidade em se adaptar e planejar. Outro ponto que merece destaque, visto a diversificação dos setores, é o crescimento da indústria de equipamentos de movimentação em Londrina. A cidade tem um setor industrial robusto, mas é tímida a participação no mercado internacional. Existe muito espaço para crescer.


A diversificação dos setores produtivos alinhados à agenda ESG e dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, em parceria com o terceiro setor, sempre pensando recursos humanos e matéria-prima locais às pesquisas nacionais, tornará Londrina ainda mais eficiente e efetiva no mercado global.


Buscando o crescimento econômico e sustentável da cidade, cita-se também a cultura
filantrópica e de doações ao terceiro setor. O terceiro setor, devidamente habilitado pelas
instâncias superiores, possui a prerrogativa de investimentos sociais/ abatimentos tributários.


Pessoas e empresas podem destinar uma parte dos seus impostos devidos para o terceiro setor local, para projetos e ações em Londrina, gerando milhares de empregos, aumentando a renda e o poder aquisitivo local e aprimorando a competitividade empresarial. Nos Estados Unidos, na União Europeia, Reino Unido, Índia entre outros, o terceiro setor é amplamente apoiado pelo setor produtivo.


Um membro importante da cidade, o Centro Brasileiro de Inovação e Sustentabilidade (CEBIS), fundado em 1999, é proeminente em discussões sustentáveis e promove a inovação como motor essencial para o desenvolvimento econômico e social. Seus projetos e parcerias impulsionam práticas empresariais alinhadas aos princípios ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.


O CEBIS foi protagonista na discussão e votação da lei 21.162 que incentiva a cultura
do bambu visando a disseminação do seu cultivo agrícola e a valorização do bambu como instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconômico sustentável do do Paraná. A entidade também foi habilitada e classificada para a concorrida CNODS – Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Presidência da República – como representante do setor produtivo.


O reconhecimento global da Universidade Estadual de Londrina (UEL) pelo Center for World University Rankings (CWUR) como  a 35ª melhor do Brasil, respectivamente, é um testemunho do compromisso dessas instituições com a excelência acadêmica e científica. Seu destaque em critérios como quantidade de trabalhos publicados e total de citações demonstra um impacto significativo no avanço do conhecimento usando dados locais. A UEL também foi reconhecida em várias categorias no Ranking The Impact 2023, sendo considerada a melhor universidade estadual do Paraná, a 2ª melhor universidade pública do estado e a 10ª mais sustentável do país.


A parceria com o terceiro setor com a excelência acadêmica dessas instituições não apenas gera orgulho e impacto, mas também abre portas para parcerias internacionais, financiamento de pesquisas e contribuições relevantes para o avanço científico global.


À medida que Londrina celebra seus 89 anos, reafirma-se como um exemplo de progresso, inovação e sustentabilidade. Londrina surgiu com coragem dos pioneiros e com as práticas de vanguarda da iniciativa privada. A cidade prospera economicamente, mas precisa aumentar seu valor nos salários do setor privado, aproximar as entidades do terceiro setor com empresas e dar visibilidade aos seus projetos inovadores, e principalmente atrair investimentos nacionais e internacionais voltados a economia do valor compartilhado, das partes, amplamente defendido pelo World Economic Forum em Davos, servindo de inspiração para outras regiões que buscam um desenvolvimento equilibrado e próspero.


Katiane Fátima de Gouvêa é presidente do Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade ONG/OSCIP e tesoureira da Abrig (Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais)

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