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Eleições presidenciais, conjuntura econômica e expectativas do eleitorado

A agenda social permanece em foco por conta da crise socioeconômica em curso, agravada pela pandemia de Covid-19

ATUALIZAÇÃO
22 de julho de 2022

Márcio Santos de Santana
AUTOR

Brasilia, Brazil - November 18, 2015: Planalto Palace, the official workplace of the President of Brazil, located in the national capital of Brasilia.
 

Em outubro teremos novo ciclo de eleições presidenciais. Sendo assim, seguindo os preceitos constitucionais, no dia dois – primeiro domingo do mês – realizar-se-á o primeiro turno e, no dia 30 – último domingo –, o eventual segundo turno, caso nenhum candidato alcance a margem de votos necessária para a vitória em turno único. É de conhecimento público que, nos últimos anos, a incredulidade toma conta do eleitorado, tendo em vista a forma banal como a política tem sido tratada. Considerando a lista enorme de termos pejorativos associados à política e aos políticos, dinâmica corriqueira em nossa cultura, esse pleito vai tomando uma configuração peculiar, ao mesclar amplo potencial de radicalização ideológica em meio a uma conjuntura econômica recessiva.

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Direita, esquerda; conservador, progressista; reacionário, revolucionário. Díades passíveis de mobilização para discutir o atual momento político. Bolsonaro seria o representante do primeiro segmento (direita, conservador e reacionário); Lula, por sua vez, do segundo (esquerda, progressista e revolucionário). Nada mais caricato, pois tal quadro serve apenas para animar os já convertidos! O marketing se configura como elemento explicativo, ocupando cada vez mais o espaço da política na atualidade. A política não deveria ser banalizada, em virtude de sua relevância para o cidadão, independentemente da posição que ele ocupe na escala social ou no espectro ideológico. Somos, de fato, um animal político, o que não significa a adesão ao radicalismo, aspecto pelo qual o atual pleito atrai tanta atenção, dentro e fora do país.

A percepção do eleitorado é de resiliência, conforme registra a pesquisa BTG/FSB, registrada no TSE sob o nº BR-09292/2022, realizada entre 8 e 10 de julho, quando foram ouvidas 2000 pessoas por meio de entrevista telefônica. O primeiro item relevante é a percepção sobre a inflação trimestral: 94% responderam que os preços aumentaram, “muito” (83%) ou “um pouco” (11%); outros 2% entenderam que eles “ficaram iguais”, enquanto para outros 2% os preços diminuíram “muito” ou “um pouco”. Apenas 1% indicou diminuição! A pesquisa avaliou ainda a percepção sobre o conjunto da economia, retornando o seguinte panorama: 92% consideram que o país vivencia uma crise econômica! 34% dos entrevistados acreditam que o país está conseguindo superá-la, mas outros 58% consideram que o país enfrenta dificuldades para isso.

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O grau de interesse nas eleições foi outro item analisado pela pesquisa, retornando os seguintes números: 64% “muito interessado/interessado”; 14% “mais ou menos interessado”; 21% “pouco ou nada interessado” e 2% “não sabem ou não responderam”. Em um primeiro momento, o elevado percentual de interesse nas eleições (64%) causa algum alento, mas, se considerarmos as seis rodadas da pesquisa (série histórica atual) o panorama não é tão positivo: março, 64%; abril, 66%, maio, 69% e junho, 65%. Nesse sentido, entre maio-junho houve a redução de quatro pontos percentuais. Se considerarmos o intervalo maio-julho a queda perfaz o total de 10% no interesse dos eleitores entrevistados com relação às eleições de outubro, recuando aos números de março. Além disso, há algo que a pesquisa não capta: o alegado interesse será convertido em participação efetiva nas urnas?

A agenda social permanece em foco por conta da crise socioeconômica em curso, agravada pela pandemia de Covid-19. As redes de solidariedade, formais e informais, vão crescendo cotidianamente. Se uma parcela da coletividade está em desalento, outra parcela permanece resiliente, estendendo a mão solidária aos demais. A polarização Lula-Bolsonaro está mais do que consolidada, pois em todas as rodadas da pesquisa, o petista apareceu na liderança – aliás, na maioria das pesquisas realizadas até agora, não apenas na citada anteriormente. Há espaço para mudança do voto? Não, se as urnas confirmarem a tendência indicada pelas pesquisas.

Márcio Santos de Santana, professor do Departamento de História da UEL (Universidade Estadual de Londrina)  

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