A sede do Conselho Tutelar do Centro de Londrina, localizada na rua Belém, foi furtada pela sétima vez desde novembro do ano passado. Foram furtados entre 30 e 50 cartões-transportes, que eram utilizados por conselheiras tutelares para se deslocar para outros serviços de assistência social do município. Outro objeto levado foi um telefone celular, que era utilizado para receber ligações do plantão. “Era um telefone muito utilizado. Recebemos cerca de 200 ligações por mês nesse número, entre denúncias e atendimentos, já que ele ficava ligado das 8 às 18 horas. Era um telefone muito utilizado por nós”, relatou a conselheira tutelar Márcia Moura.

Imagem ilustrativa da imagem Conselho tutelar do Centro de Londrina é furtado pela sétima vez
| Foto: Gustavo Carneiro

O Conselho Tutelar do Centro atende não só a região central, mas partes da zona norte e sul. “É um telefone que faz falta, porque se a gente tiver de fazer uma visita na rua, agora ficaremos sem o telefone. A gente precisa daquele aparelho para tudo. Ali armazenávamos e-mails e imagens, ou seja, não é só o prejuízo de perder o objeto material, mas também de perder a privacidade das crianças que são vítimas, já que muitas imagens e denúncias estão naquele telefone. E tudo o que a gente tira foto de reunião está naquele aparelho”, expôs.

“A gente fez um boletim de ocorrência e encaminhou para a Secretaria de Assistência Social, mas o prejuízo é de um estranho entrar em um lugar que tem sigilo. Com tanta visita de vândalos vai acabar o sigilo dos casos que a gente atende", afirmou Moura.

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Para entrar na sede, o autor do crime removeu duas telhas acima da cozinha do imóvel, que não possui laje de concreto. Dessa forma foi fácil para ele acessar um alçapão instalado no forro de madeira. “Antigamente entravam por outro ponto, mas depois que o local ficou bem fechado, eles não estão conseguindo entrar por lá, mas passaram a entrar pelo alçapão da cozinha. É vandalismo mesmo, que acaba atrapalhando o serviço e prejudicando o patrimônio público”, declarou Moura. Ela relatou que este é o sétimo episódio de furto que o local sofre. “ A gente se sente desprotegida por causa desse prejuízo”, declarou.

O Conselho Tutelar está instalado no mesmo local há 30 anos, no entanto, o imóvel aparenta ser mais antigo que isso, da década de 1940 ou 1950. O piso é de peroba-rosa e o muro da divisa com um terreno baldio é feito com tijolo maciço. A conselheira descartou que a pessoa tenha tido o trabalho de pular o muro, que possui proteção com arame farpado. “O muro da fachada é muito baixo. Qualquer pessoa pode entrar por ali“, ressaltou a conselheira.

Em 194 dias (o equivalente a seis meses e 13 dias), o conselho tem sido alvo recorrentemente. Não se sabe se o autor dos crimes é o mesmo, mas há semelhanças no modo de agir. Na cronologia dos furtos, no dia 17 de novembro do ano passado houve furto de toda a fiação elétrica. Cinco dias depois, no dia 22, além de novo furto da fiação elétrica, foram furtados utensílios domésticos, o telefone de plantão regional do Centro, o telefone antigo do plantão regional, carregadores de celular. Na época os arquivos foram revirados e desorganizados, mas não houve sumiço de documentos.

No dia 24 de janeiro e nos dias 7 e 14 de fevereiro deste ano houve furto de toda a fiação elétrica. No dia 22 de fevereiro deste ano houve furto de canos e torneira do banheiro, além de materiais de limpeza, com o prejuízo do vandalismo realizado na edícula da casa. Existe a previsão de mudança dessa sede para um imóvel localizado no Centro Social Urbano, da Vila Portuguesa, mas essa transição deve durar dois meses.

Para quem quiser fazer alguma denúncia ou precisar de algum atendimento do conselho tutelar, pode acionar as outras sedes regionais. Os telefones de contato estão no site https://portal.londrina.pr.gov.br/conselhos-tutelares-remunerados?showall=1 Outra maneira de acionar os conselhos é pelo telefone geral 125. Caso a pessoa queira acionar o Conselho tutelar do Centro, pode fazer isso pessoalmente ou pelo telefone fixo 3378-0374.

A secretária de Assistência Social, Jaqueline Micali, afirmou que segurança púbica é responsabilidade da Polícia Militar e não da Assistência Social e que não iria se pronunciar. O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Londrina, tenente-Coronel Nelson Villa, afirmou que quem é responsável pelos furtos é quem pratica o crime. "Lamentavelmente a secretária se exime das responsabilidades sobre os mocós que comportam os sem-teto, o que aumenta a probabilidade da prática de furtos. Quando ela fala da responsabilidade, quem cuida dos próprios públicos é a Guarda Municipal, ou seja é a prefeitura de Londrina. A PM adota todas as medidas possíveis para evitar que esses furtos voltem a acontecer. Não se deve atribuir a responsabilidade a uma corporação que ela mal conhece. Cada macaco no seu galho." Villa chegou a fazer uma ação de fiscalização em um mocó que fica a 150 metros do Conselho Tutelar, mas afirmou que não encontrou nada e que a ação da PM é preventiva.

O secretário de Defesa Social, Pedro Ramos, responsável pela Guarda Municipal, afirmou que possui responsabilidade compartilhada com a PM e com a própria Secretaria de Assistência Social. "Aquele prédio precisa de correções. Na Secretaria de Defesa Social todos os prédios passam por um processo chamado Plano de Segurança de Instalação, em que um guarda vai ao local com o gestor do prédio e faz um levantamento dos aspectos de segurança. Ali são feitos apontamentos de medidas de curto, médio e longo prazo para facilitar o trabalho prestado pela Guarda Municipal. Dentre essas medidas, temos poda de árvores, para facilitar a visualização do espaço, faz indicativo de melhoria de iluminação, faz indicativo para que o muro seja levantado, e para adequação das caixas de energia que ficam do lado de fora do prédio. Também indicamos a instalação de alarme e de câmeras de monitoramento. Nós fizemos esse plano para aquele prédio, mas até hoje não obtivemos nenhum retorno em relação a essas orientações. Cada pasta elenca suas prioridades", ressaltou Ramos.

Ele afirmou que a cidade possui 400 prédios públicos para serem patrulhados e que para isso seria necessário um efetivo de 3 mil guardas municipais e hoje a pasta possui apenas 310 disponíveis e que isso é suprido com a tecnologia, por meio do monitoramento por meio de alarmes e câmeras de vídeo. Ele ressaltou que nem o concurso que será realizado em breve, que prevê a contratação de mais 35 guardas municipais, será capaz de suprir as necessidades da pasta. "Neste mandato saíram 45 guardas municipais, alguns foram exonerados, outros foram demitidos e outros pediram para sair. Nós já tivemos 360 guardas municipais, mas quando a guarda foi criada havia um indicativo de que a cidade precisaria de mil deles."

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