Um dos júris mais aguardados da crônica policial de Londrina acontece nesta quarta-feira (18), a partir das 9h, no Fórum Criminal, na Avenida Tiradentes, região oeste. O açougueiro Alan Borges terá o futuro definido por sete jurados por ter assassinado a facadas sua ex-esposa, a servidora pública Sandra Mara Curti, em junho de 2020. Funcionária da UEL (Universidade Estadual de Londrina), a vítima foi morta dentro da casa que morava com os dois filhos, no Bairro Cervejaria, zona leste. Ela tinha 43 anos, foi encaminhada ao hospital pelo Siate, mas acabou morrendo.

Imagem ilustrativa da imagem Açougueiro que matou a ex-mulher em Londrina será julgado nesta quarta
| Foto: Rafael Machado - Grupo Folha

LEIA MAIS

Justiça marca júri de homem que matou a ex-esposa a facadas em Londrina

Justiça nega exumação de corpo de mulher morta a facadas pelo ex-marido

Para promotor, açougueiro planejou matar ex-esposa em Londrina

Por causa da pandemia, o acesso ao Tribunal do Júri será restrito. A sessão deve ser transmitida pelo canal oficial do Tribunal de Justiça do Paraná no YouTube. Alan foi preso em flagrante pela Polícia Militar e confessou tudo durante interrogatório na delegacia.

Após mais de um ano, ele continua atrás das grades. "Perdi a cabeça", disse na época. O acusado está sendo processado por homicídio, mas com várias qualificadoras, como motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa, violência doméstica, feminicídio e pelo assassinato ter acontecido na presença física de descendente da vítima, no caso os filhos dele com Sandra. Se for condenado em todas elas, pode pegar mais de 25 anos de prisão em regime fechado.

O advogado Mário Barbosa, que defende os familiares da servidora, está confiante que o réu pegará a pena máxima. "A família espera ansiosamente por este júri. A condenação serviria para reparar os cacos que ele deixou. Infelizmente, as crianças terão que conviver com esse mal que presenciaram: a morte da própria mãe. Mesmo com a perda dela, é o mínimo para que sigam adiante", abordou. O advogado de Alan, Alexandre de Aquino, espera que "os jurados reconheçam a tese do homicídio privilegiado, uma vez que houve a injusta provocação da vitima logo após a violenta emoção"

Criado para acompanhar o julgamento de feminicídios em Londrina, o Observatório Néias tem a mesma convicção. "Esperamos que a justiça seja feita dentro dos limites do devido processo legal. A trágica morte de Sandra é o resultado da cultura machista presente em nossa sociedade. É claro que nada traz a vida dela, nem apaga o trauma vivenciado pelas crianças, que viram a própria mãe sendo esfaqueada pelo pai. Quando esperamos que a justiça seja feita, voltamos nossas expectativas sobre um processo que atenda e entenda a vítima como uma pessoa, e não como um objeto", relatou Isabeau Lobo Muniz Santos Gomes, uma das integrantes da entidade.

Um laudo produzido pelo Instituto Médico Legal mostrou que Sandra levou 22 golpes de faca. Ao longo do processo, parentes informaram que o casamento dela com Alan sempre foi tumultuado. Ela conseguiu uma medida protetiva da Justiça que obrigava o ex-companheiro a não se aproximar, mas a ordem foi desobedecida. O relacionamento turbulento fez com que os dois se separassem, mas o açougueiro não aceitava o rompimento.