A SRP (Sociedade Rural do Paraná) e a Rumo.vc (Rumo Venture Capital) deram início na última quarta-feira (9) ao ciclo de pré-aceleração de 26 startups que atuam em diferentes áreas. Durante o lançamento, foram realizadas palestras e painéis com importantes nomes do empreendedorismo brasileiro.

A programação prevê, nos próximos dois meses, encontros de capacitação - presenciais e online - e um acompanhamento individual dos gestores do programa, além de mentorias com especialistas. São parceiros do ciclo o Estação 43, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a Agro Valley, a Abstartups (Associação Brasileira de Startups) e o hub Cocriagro.

O diretor vice-presidente da SRP, David Dequech Neto:  “Nós temos sentido cada vez mais a importância de criar uma estrutura de mentoria, de fomento, para ter uma aceleradora"
O diretor vice-presidente da SRP, David Dequech Neto: “Nós temos sentido cada vez mais a importância de criar uma estrutura de mentoria, de fomento, para ter uma aceleradora" | Foto: Douglas Kuspiosz

O diretor vice-presidente da SRP, David Dequech Neto, explica que o objetivo é dar mais eficiência à aceleradora da entidade, que já existia e contribuiu com a formação de outras empresas no passado. “Nós temos sentido cada vez mais a importância de criar uma estrutura de mentoria, de fomento, para ter uma aceleradora. E buscamos um parceiro com competência para tocar, que é a Rumo”, explica.

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Mortandade precoce

Segundo Dequech Neto, um impacto previsto é a diminuição de “mortandade precoce” das empresas, além de figurar como uma oportunidade de investimento. “Pessoas daqui podem investir em um fundo que tem um propósito e atende, antes de mais nada, o interesse regional e nossa vocação para o agronegócio”.

O CEO da Rumo.vc, Fernando Henrique Berwanger, destaca que a venture capital é focada em investir em startups em estágio inicial, operando localmente.

CEO da Rumo.vc, Fernando Henrique Berwanger: "Queremos investir localmente, incentivar as startups e também trazer startups para a cidade”
CEO da Rumo.vc, Fernando Henrique Berwanger: "Queremos investir localmente, incentivar as startups e também trazer startups para a cidade” | Foto: Douglas Kuspiosz

“Nós não acreditamos que vamos captar investidores locais e investir em outros pontos do país. Queremos investir localmente, incentivar as startups e também trazer startups para a cidade”, citando que a SRP é o principal parceiro em Londrina. “Eles abriram um espaço para a gente operar um programa de pré-aceleração e aceleração aqui, e isso vai nos ajudar a potencializar as novas empresas.”

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Investindo localmente

Uma das empresas selecionadas para o programa é a Botnicks, de São Paulo (SP), uma HRTech, cujos serviços são voltados ao setor de RH (Recursos Humanos). O fundador da startup, Daniel Faria Teixeira de Oliveira, 37, explica que o processo de aceleração é importante para validar mercados, entender novas conexões e identificar os públicos que podem se beneficiar com os serviços.

Daniel Faria de Oliveira, fundador da  Botnicks, uma das empresas selecionadas
Daniel Faria de Oliveira, fundador da Botnicks, uma das empresas selecionadas | Foto: Douglas Kuspiosz

“Nós descobrimos que o agro tem esse problema, essa dor de como se comunicar com times operacionais. E aí falamos que temos um mecanismo que consegue chegar à mão-de-obra operacional”, dizendo que a empresa facilita a comunicação entre colaborador e empresa. “Fazemos isso através de assistentes virtuais em plataformas como WhatsApp, Teams e Slack, em que o colaborador, ao invés de usar vários sistemas, usa apenas um avatar em que ele conversa, bate-papo e consegue trazer todas as informações que precisa.”

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Outro selecionado é o engenheiro agrônomo Luiz Antônio Odenath Penha, 47, que pretende lançar uma agritech em Londrina. Ele explica que o evento de quarta-feira foi importante para buscar experiências e orientações sobre a condução da empresa e a estruturação de mercado - pontos importantes para quem está em estágio inicial.

O engenheiro agrônomo Luiz Antônio Odenath Penha foi selecionado para o programa da SRP e pretende lançar uma agritech em Londrina
O engenheiro agrônomo Luiz Antônio Odenath Penha foi selecionado para o programa da SRP e pretende lançar uma agritech em Londrina | Foto: Douglas Kuspiosz

“O que nós temos é uma proposta, uma ideia fruto da experiência que acumulamos. E estamos aqui para conhecer um pouco mais, aprofundar e, eventualmente, transformar essa ideia em uma coisa mais completa”, afirma Penha.

“Londrina é um polo de inovação, então todos esses eventos e as pessoas que vêm ajudar muito trazendo experiências e motivação, ampliando os horizontes para que novas tecnologias e empreendimentos possam estar acontecendo”, completa.

PROCESSO

O intuito da Go SRP by Rumo é que startups passem tanto pelo processo de pré-aceleração quanto de aceleração. A primeira etapa visa empresas ainda em estágio inicial de ideação e validação. O programa de dois meses busca a conquista do primeiro cliente e a compreensão do que precisa ser feito para entrar no mercado.

Já a aceleração ocorre com empreendimentos mais maduros, que já conquistaram clientes e que precisam de ajustes para crescer.

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“Nesse primeiro programa, são 26 startups aprovadas em seis estados do Brasil. Estamos interagindo com ecossistemas de todo o país, e mostrando que tem muito interesse de fora em olhar e vir para Londrina”, diz Berwanger, que afirma que é estratégico para uma empresa do agro vir para o município.

O diretor de Ciência e Tecnologia do Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Roberto Moreira, destaca que a parceria entre a Rumo.vc e a SRP mostra a maturidade do ecossistema da cidade.

“Londrina, na parte do agronegócio, eu digo que é o [ecossistema] que tem mais maturidade. Tem o maior número de negócios acontecendo, e um fundo trazendo a operação para cá é resultado disso”, acrescenta.

Cristhian Maehler e Douglas Lima Valente, de Santa Maria: boa oportunidade de negócios
Cristhian Maehler e Douglas Lima Valente, de Santa Maria: boa oportunidade de negócios | Foto: Douglas Kuspiosz

Cristhian Maehler, 29, e Douglas Lima Valente, 28, da startup Rede Edu, vieram de Santa Maria (RS) para participar do evento de quarta-feira. Maehler, que é CEO da empresa, acredita que essa é uma boa oportunidade de negócios.

“Londrina está tendo esse movimento importante e está trazendo o interesse de investidores em olhar para esse investimento em startups, que é de grande valia”, avalia o CEO. “Apesar de sermos uma edtech, da área da educação, temos alguns canais que podem ser similares ao agronegócio.”