Incubadora de empresas da UEL abriga atualmente 16 negócios, sendo seis do setor agro
Incubadora de empresas da UEL abriga atualmente 16 negócios, sendo seis do setor agro | Foto: Ricardo Chicarelli/ Arquivo Folha

O setor agro predomina entre as novas startups que fazem parte da Intuel, incubadora de empresas de base tecnológica da UEL. Entre os cinco negócios incubados desde fevereiro deste ano, três são do ramo. Ao levar em conta toda a incubadora, entre os 16 negócios, seis são do setor agro.

Uma das startups recém-ingressantes do ramo é a Fantus Máquinas e Equipamentos Agrícolas. O sócio-fundador da startup, o biólogo e engenheiro agrônomo Luiz Guilherme Lira de Arruda, considera que a incubação proporciona à empresa uma identidade tecnológica, além de uma armadura contra fraudes e cópias.

“Somos amparados por um ambiente de inovações robusto, com profissionais capacitados a instruir e desenvolver o processo de inovação com máxima cautela”, destaca.

Após o período de incubação, Arruda pretende partir para conquistar clientes e ampliar o número de áreas de atuação da empresa. “Hoje trabalhamos com colhedoras de cana-de-açúcar e semeadoras de grãos”, disse.

A startup foi criada em 2017. Arruda explica que a criação do negócio veio de observações de diferentes técnicas utilizadas na pulverização agrícola, de aviões a tratores e drones. “Isso nos fez pensar em como extrair o máximo potencial das pulverizações em ambiente tropical”, conta.

De lá para cá, a startup já desenvolveu um Sistema de Pulverização de Baixo Volume Terrestre, ou BVT. “Consiste em um sistema que permite a tratores e afins reduzirem o consumo de água em pulverizações em dez vezes, com garantia de máxima eficiência dos produtos aplicados”, explica. Arruda acrescenta que já existe uma parceria da startup com a Embrapa Soja para o desenvolvimento do BVT na cultura do grão.

IRRIGAÇÃO

Outro negócio do ramo agro que acaba de ser incubado pela Intuel é a iCrop, criada em fevereiro de 2016. A startup partiu da necessidade que os sócios viam no mercado de haver uma ferramenta digital para revolucionar a irrigação agrícola, antes feita de forma totalmente empírica, sem análise de dados e sem ciência por trás das decisões.

Hoje com oito sócios, o negócio já adquiriu o status de scaleup, empresa que tem um produto pronto, validado pelo mercado e com capacidade de fazer as vendas desse produto (ou serviço) crescerem num ritmo acelerado.

A iCrop possui atualmente 5 soluções compostas por IoT (internet das coisas), plataformas e serviços focados em irrigantes, todas já ofertadas aos clientes.

A primeira é o manejo da irrigação por meio de uma plataforma própria (Vision), atrelada a dispositivos meteorológicos (estações conectadas) e com acompanhamento por profissionais com experiência no campo. A segunda solução é um serviço de análise e desenvolvimento de projetos de irrigação com base em estudos de viabilidade técnica, abrangendo disponibilidade hídrica, energética, análise topológica, dentre outros fatores.

A iCrop também dispõe de uma solução composta por IoT e sistemas dedicada ao monitoramento climático no campo. Outro serviço disponível é o de inspeção, análise e revisão de equipamentos de irrigação para que se tenha a melhor disponibilidade de qualidade de lâmina de irrigação.

E, por fim, uma solução para coleta de chuva e balanço hídrico de áreas não irrigadas, com o intuito de medir o gap produtivo causado por déficit hídrico em cada talhão.

O head de tecnologia e inovação Daniel Campanelli destaca a importância da incubação
O head de tecnologia e inovação Daniel Campanelli destaca a importância da incubação | Foto: Arquivo pessoal - Divulgação

IMERSÃO

Sobre a incubação da iCrop a partir deste ano, o head de tecnologia e inovação Daniel Campanelli destaca a imersão no ambiente de inovação de Londrina e do Paraná, já que a empresa tem sede constituída em Uberlândia (MG).

“Outro ponto é a possibilidade de pleitear certos editais que têm como pré-requisito empresas que estejam incubadas e, por fim, vemos muita sinergia no sentido de orientação para patentes”, enumerou.

O head de tecnologia acrescenta que, como a empresa já tem um faturamento e tamanho expressivo para uma startup, a incubação deverá ajudar a resguardar o capital intelectual da empresa e, inclusive, prepará-la para a internacionalização.

A iCrop é feita de pessoas que já trabalhavam no agro resolvendo problemas de forma analógica e buscaram tecnologia para facilitar os processos. A empresa faturou R$ 21,4 milhões no ano passado com um time composto por 100 pessoas, sendo 70 a campo e 30 no back office. “Nossa meta é, ao final de 2022, faturar R$ 30 milhões, chegando a um time de 110 pessoas”, conclui.

SELEÇÃO

A seleção das incubadas começa a partir de um edital público disponível no site da Intuel. A startup interessada deve preencher um formulário e apresentar um pitch gravado, de até 5 minutos, relatando a experiência profissional e o diferencial da ideia ou do negócio.

“Para as startups serem aceitas no processo de incubação, a nota de corte foi 7,0. Os interessados no processo seletivo foram avaliados por uma banca composta de profissionais da área de TI, consultores do Sebrae, professores de outras instituições de ensino com expertise em inovação, assim como graduados que já passaram pelo processo de incubação e são investidores de startups”, explica Thiago Spiri Ferreira, gerente da Intuel.

ESTRUTURA

A Intuel oferece um espaço físico, por meio de baias, salas ou galpões, além de disponibilizar um endereço fiscal às startups, assim como salas de reuniões para apresentações ou agendas de negócios. A incubação dura, a princípio, 24 meses, com contrato prorrogável por igual período.

“Não são todas as startups que utilizam o espaço interno. Temos a modalidade não residente, podendo utilizar laboratórios ou mesmo um home office. Hoje na incubadora temos apenas 1 startup instalada, mas já existe sinalização que mais 3 ou 4 possuem o interesse de, após a reforma, utilizarem as salas da incubadora”, afirmou o gerente. Segundo ele, a reforma está prevista para ser concluída ainda na primeira quinzena de abril.

Ele destaca que o papel da incubadora é contribuir para que, além da sobrevivência, as startups tenham um desenvolvimento profissional e organizacional.

“Outro ponto de destaque é que as atividades serão mais intensivas com capacitações, palestras, participações em congressos, feiras, exposições e também eventos específicos de inovação, como os hackathons, pela parceria que temos com o ecossistema de inovação de Londrina.”

Ferreira acrescenta que, em 2021, a equipe de gestão da Intuel, com ajuda de consultores contratados, estruturou a parte interna do planejamento. “O objetivo desse trabalho é buscar evidência em nível regional, nacional e quiçá, logo mais, para conhecimento e parcerias internacionais”, conclui.