Em 33 anos de atuação no Iapar, Vania Cirino participou da autoria de 27 cultivares de feijão, sendo responsável técnica pela obtenção de 23 cultivares
Em 33 anos de atuação no Iapar, Vania Cirino participou da autoria de 27 cultivares de feijão, sendo responsável técnica pela obtenção de 23 cultivares | Foto: Iapar/Divulgação

A pesquisadora Vania Moda Cirino, do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), recebe neste domingo (28) o Prêmio Destaque Feminino em Melhoramento de Plantas, em Águas de Lindoia, São Paulo. Ela foi escolhida pela Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas (SBMP) entre pesquisadoras de todo o País. Cirino ocupa atualmente os postos de assessora da diretoria de Pesquisa e diretora de Inovação e Transferência de Tecnologia do Iapar.

De acordo com o presidente da SBMP, José Baldin Pinheiro, a escolha se baseou na valiosa contribuição da pesquisadora às Ciências Agrárias, principalmente no melhoramento genético da cultura do feijão. “Além do desenvolvimento de variedades, muitas das quais registradas no Ministério da Agricultura, Cirino tem prestado grande contribuição na formação e treinamento de recursos humanos qualificados”, destaca Pinheiro. A diretora do Iapar é professora permanente do mestrado em Agricultura Conservacionista do Iapar e orientadora do programa de iniciação científica da instituição. “A contribuição da pesquisadora à produção científica é incontestável, sendo referência nacional e internacional”, ressaltou.

O presidente da SBMP também destacou a atuação de Cirino em outras instâncias. “Como pesquisadora sua atuação em órgãos normativos e auxiliares, a exemplo da CTNBio, tem sido fundamental para o desenvolvimento do setor agrícola brasileiro”, salienta Pinheiro. CTNBio é um grupo multidisciplinar, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, que presta apoio técnico e de assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a organismos geneticamente modificados (transgênicos).

O Prêmio está sendo oferecido pela primeira vez pela SBMP para reforçar a importância da presença das mulheres no espaço da ciência. Conforme o presidente da entidade, na área de Ciências Agrárias 74% dos pesquisadores são homens, enquanto as mulheres somam 36%. “Buscamos dessa forma apoiar iniciativas que levem à mudança das estruturas sociais responsáveis pela desigualdade entre homens e mulheres no campo da educação e da ciência”, explica Pinheiro.

Para a assessora da diretoria, receber o prêmio é um reconhecimento por todo o empenho e dedicação à pesquisa por mais de 40 anos. “Desde 1975, quando eu estava na graduação em Agronomia na USP/ESALQ, eu pesquisava melhoramento genético de plantas”, recorda Cirino. Para ela é uma grande alegria receber um prêmio de nível nacional de uma entidade representativa como a SBMP. “É muito bom ser reconhecida por uma sociedade científica que representa excelentes pesquisadores”, diz a diretora.

Ao longo de 33 anos de atuação no Iapar, Cirino participou da autoria de 27 cultivares de feijão, sendo a responsável técnica pela obtenção de 23 cultivares. Uma das variedades criadas por ela é a IPR Uirapuru de feijão preto, que foi lançada há 19 anos e continua como uma das mais cultivadas em todo o Brasil. “Não existe nenhuma variedade de soja há tanto tempo no mercado”, exemplifica Cirino. Ela ainda destaca que as variedades que ela ajudou a desenvolver já cruzaram as fronteiras brasileiras. “Existe feijão do Iapar na América Latina e até no leste europeu”, salienta.

A pesquisadora já recebeu outros prêmios pela alta qualidade técnica do trabalho de pesquisa. Em 2007 ela foi agraciada com o Destaque Tecnológico - Prêmio Banco do Brasil na categoria Pesquisa e em 2009 recebeu o Trofeu Glaici Zancan de Mulheres na Ciência da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná.

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