Materiais silvestres da Etiópia foram utilizados para cruzar com variedades comerciais e transferir sabores exóticos como cupuaçu, manga, limão siciliano
Materiais silvestres da Etiópia foram utilizados para cruzar com variedades comerciais e transferir sabores exóticos como cupuaçu, manga, limão siciliano | Foto: Divulgação

O cafezinho é um hábito sagrado para os brasileiros. Quem não gosta de tomar, pelo menos uma xícara, logo quando acorda? De acordo com uma pesquisa da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), a cada dia mais pessoas optam pela bebida. Para tornar esse hábito ainda mais saboroso, o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) está desenvolvendo pesquisas voltadas à melhoria da qualidade do grão. É o que mostra o Multi Agro deste domingo (28).

O consumo interno de café no Brasil atingiu 21 milhões de sacas no período de novembro de 2017 a outubro de 2018. O crescimento foi de 4,8%. O número chega a quase cinco quilos de café torrado e moído por pessoa, o que torna o país o segundo maior consumidor de café do mundo. “Aqui no Iapar nós desenvolvemos variedades para melhor produtividade, qualidade de bebida, não esquecendo também da resistência às doenças”, explica o pesquisador Gustavo Sera.

O caminho para a obtenção de um café de qualidade é longo. A região onde o café é plantado é um dos fatores que podem interferir na qualidade do grão. Por conta disso, o Iapar vem trabalhando em algumas frentes, como em sistemas agroflorestais com a junção de cafés e árvores, como a seringueira. Esse consórcio busca melhorar a qualidade física dos grãos e da bebida por meio de mudanças no microclima, com redução da temperatura por causa do sombreamento.

Entre as várias linhas e pesquisa existentes no programa de melhoramento envolvendo qualidade de bebida, as atenções se voltam para a cultivar IPR 99. Trata-se de um material que tem resistência à ferrugem, além de ser bem produtivo. “Ele possui uma qualidade de bebida voltada para frutas amarelas como o maracujá, melão, pêssego e damasco. São aromas e sabores naturais do café”, afirmou Sera.

Para o melhoramento genético, o pesquisador explica que foram usadas espécies nativas da Etiópia. "Utilizamos materiais silvestres da Etiópia para cruzar com variedades comerciais e transferir sabores exóticos como cupuaçu, manga, limão siciliano. A longo prazo demora, mas terá um valor agregado muito alto para o produtor.”

Segundo a pesquisadora Patrícia Santoro, líder do programa de Café do Iapar, o consumidor que busca uma bebida de melhor qualidade está disposto a pagar um preço diferenciado. Um bom resultado desse trabalho foi a caracterização do café do Norte Pioneiro para a obtenção de Indicação Geográfica, uma das cinco existentes no Brasil. “A Indicação Geográfica atribui identidade própria ao café, agregando valor ao produto e dando visibilidade à região.”

Para que essas tecnologias cheguem ao produtor rural e ao consumidor, o Iapar organiza anualmente, junto à Câmara Setorial do Café e outras instituições parceiras, como a Emater, dois concursos de cafés especiais: Concurso Café Qualidade Paraná e o CUP de Cafés Especiais das Mulheres do Norte Pioneiro. Esses concursos buscam divulgar os melhores cafés e reconhecer o trabalho dos agricultores em produzir grãos de qualidade superior.

A matéria completa está no Multi Agro deste domingo (28). O programa vai ao ar a partir das 8 horas pela MultiTV nos canais 20 e 520 da Net.

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